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Março de 2011 - Vol 18 numero 1 - Sociedade Portuguesa de ...

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60 Suporte <strong>de</strong> vida neo-natal 9<br />

ção e após trabalho <strong>de</strong> parto aparentemente normal, cerca <strong>de</strong> 2<br />

por 1000 (0.2%) apresentaram necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reanimação ao<br />

nascer. Destes, 90% respon<strong>de</strong>ram a ventilação com máscara,<br />

enquanto os 10% restantes pareceram não respon<strong>de</strong>r apenas a<br />

essa ventilação e foram por isso entubados.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reanimação ou <strong>de</strong> ajuda especializada ao nascer<br />

é mais provável quando há evidência intra-parto <strong>de</strong> compromisso<br />

fetal significativo, nascimentos antes das 35 semanas <strong>de</strong> gestação,<br />

partos com apresentação pélvica e gravi<strong>de</strong>zes múltiplas. Apesar <strong>de</strong><br />

muitas vezes ser possível prever antes do nascimento a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reanimação ou estabilização, tal nem sempre acontece.<br />

Assim, <strong>de</strong>ve haver pessoal, treinado em suporte <strong>de</strong> vida neonatal,<br />

disponível para todos os partos e, se houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer<br />

intervenção, os cuidados ao recém-nascido <strong>de</strong>vem ser da sua<br />

exclusiva responsabilida<strong>de</strong>. Uma pessoa experiente em entubação<br />

traqueal do recém-nascido <strong>de</strong>ve, i<strong>de</strong>almente, estar disponível para<br />

partos com elevada probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> necessitar <strong>de</strong> reanimação<br />

neonatal. Devem ser <strong>de</strong>senvolvidas recomendações locais, <strong>de</strong>signando<br />

quem <strong>de</strong>ve estar presente nos partos, com base na prática<br />

local e em auditorias clínicas.<br />

Todas as instituições on<strong>de</strong> ocorram partos <strong>de</strong>vem estabelecer<br />

um programa <strong>de</strong> formação a<strong>de</strong>quado, com o objectivo <strong>de</strong> ensinar<br />

as orientações e competências <strong>de</strong>stinadas à reanimação <strong>de</strong><br />

recém-nascidos.<br />

Parto planeado no domicílio<br />

As recomendações sobre quem <strong>de</strong>ve assistir a um parto planeado<br />

no domicílio variam <strong>de</strong> país para país, mas a <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> ter um parto no domicílio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> assumida pelo pessoal<br />

médico e <strong>de</strong> enfermagem, não <strong>de</strong>ve comprometer os princípios<br />

<strong>de</strong> reanimação neonatal. Algumas limitações à reanimação <strong>de</strong><br />

um bebé nascido em casa são inevitáveis, <strong>de</strong>vido à distância <strong>de</strong><br />

outros recursos, e este facto <strong>de</strong>ve ser bem clarificado à mãe na<br />

altura em que se planeia o parto no domicílio. Dois profissionais<br />

treinados <strong>de</strong>vem, i<strong>de</strong>almente, assistir a todos os partos planeados<br />

no domicílio; pelo menos um <strong>de</strong>ve ter formação completa e<br />

experiência na realização <strong>de</strong> ventilação por máscara e <strong>de</strong> compressões<br />

torácicas no recém-nascido.<br />

Equipamento e ambiente<br />

Ao contrário da reanimação cardio-respiratória no adulto, a reanimação<br />

neonatal é frequentemente um procedimento previsível.<br />

Assim, é possível preparar o equipamento e o ambiente<br />

antes do parto. I<strong>de</strong>almente a reanimação <strong>de</strong>ve ser efectuada<br />

numa área aquecida, bem iluminada, sem correntes <strong>de</strong> ar, com<br />

uma superfície plana para reanimação colocada sob aquecedor<br />

radiante, com todo o restante equipamento <strong>de</strong> reanimação<br />

prontamente disponível. Este equipamento <strong>de</strong>ve ser verificado<br />

com regularida<strong>de</strong>.<br />

Quando um parto ocorre numa área não preparada para esse<br />

fim, o equipamento mínimo <strong>de</strong>ve incluir um dispositivo para ventilação<br />

pulmonar, seguro e a<strong>de</strong>quado ao tamanho do recém-<br />

-nascido, toalhas e panos secos e aquecidos, um equipamento<br />

esterilizado para cortar o cordão umbilical e luvas para os profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. É também útil dispor <strong>de</strong> um aspirador com<br />

uma sonda <strong>de</strong> tamanho a<strong>de</strong>quado e um <strong>de</strong>pressor <strong>de</strong> língua<br />

(ou laringoscópio) que permita visualização da orofaringe. Os<br />

partos não planeados em ambiente extra-hospitalar envolvem<br />

principalmente os serviços <strong>de</strong> emergência pré-hospitalar, que<br />

<strong>de</strong>vem estar preparados para estas situações.<br />

Controlo <strong>de</strong> temperatura<br />

Um recém-nascido molhado e exposto não consegue manter a<br />

temperatura corporal mesmo numa sala que parece confortavelmente<br />

aquecida para um adulto. Os bebés com compromisso<br />

clínico são particularmente vulneráveis 572 . A exposição <strong>de</strong> um<br />

recém-nascido ao frio baixa a tensão arterial <strong>de</strong> oxigénio 573 e<br />

aumenta a acidose metabólica 574 . Para evitar a perda <strong>de</strong> calor:<br />

• Proteger o bebé <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong> ar.<br />

• Manter a sala <strong>de</strong> partos aquecida. Para bebés com menos<br />

<strong>de</strong> 28 semanas <strong>de</strong> gestação, a temperatura na sala <strong>de</strong> partos<br />

não <strong>de</strong>ve ser inferior a 26ºC 575, 576 .<br />

• Os recém-nascidos <strong>de</strong> termo <strong>de</strong>vem ser secos imediatamente<br />

após o parto. Cobrir o corpo e cabeça do bebé, excepto<br />

a face, com panos quentes e secos para prevenir perda <strong>de</strong><br />

calor. Em alternativa, colocar o bebé pele-a-pele com a mãe<br />

e cobrir ambos com uma toalha.<br />

• Se o recém-nascido precisa <strong>de</strong> ser reanimado <strong>de</strong>ve ser colocado<br />

numa superfície aquecida, sob uma fonte <strong>de</strong> calor<br />

radiante previamente ligada.<br />

• Em gran<strong>de</strong>s prematuros (principalmente abaixo <strong>de</strong> 28 semanas)<br />

secar e envolver po<strong>de</strong> não ser suficiente. Um modo<br />

mais eficaz <strong>de</strong> manter estes recém-nascidos aquecidos é<br />

envolvê-los (corpo e cabeça, excepto a face) em película<br />

plástica do tipo usado para conservar alimentos, sem os secar<br />

antes, e colocá-los então sob a fonte <strong>de</strong> calor radiante.<br />

Avaliação inicial<br />

O índice <strong>de</strong> Apgar foi inicialmente proposto como um modo<br />

“simples e claro <strong>de</strong> classificar os recém-nascidos”, para ser<br />

usado como “base para discussão e comparação dos resultados<br />

<strong>de</strong> práticas obstétricas, métodos <strong>de</strong> analgesia materna e<br />

resultados da reanimação” 577 . Não foi <strong>de</strong>senvolvido para i<strong>de</strong>ntificar<br />

recém-nascidos com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reanimação 578 . No<br />

entanto, alguns componentes individuais do índice, nomeadamente<br />

a frequência respiratória, frequência cardíaca e tónus,<br />

se avaliados rapidamente, po<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificar bebés que necessitam<br />

<strong>de</strong> ser reanimados 577 . Para além disso, uma avaliação

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