Março de 2011 - Vol 18 numero 1 - Sociedade Portuguesa de ...
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Suporte Avançado <strong>de</strong><br />
Vida do Adulto 6<br />
29<br />
dados do processo clínico. Auditar igualmente os antece<strong>de</strong>ntes<br />
e a resposta clínica a cada um <strong>de</strong>stes acontecimentos<br />
Prevenção da morte súbita no préhospitalar<br />
A doença coronária é a mais frequente das causas <strong>de</strong> morte<br />
súbita. A cardiomiopatia não isquémica e as doenças valvulares<br />
contribuem para a maioria dos outros casos <strong>de</strong> morte súbita.<br />
Há um pequeno número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> doenças hereditárias (ex:<br />
Síndrome <strong>de</strong> Brugada, cardiomiopatia hipertrófica) ou doença<br />
cardíaca congénita. A maioria dos casos <strong>de</strong> morte súbita tem<br />
história prévia <strong>de</strong> doença cardíaca e sinais <strong>de</strong> alerta, na maioria<br />
dos casos angor pré cordial na hora que prece<strong>de</strong> a PCR. 209 Aparentemente<br />
as crianças saudáveis e os jovens que sofrem morte<br />
súbita também têm sinais e sintomas (ex: síncope / pré-síncope,<br />
dor torácica e palpitações) que <strong>de</strong>vem alertar os profissionais<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedir ajuda especializada para<br />
prevenir as PCR evitáveis. 210-2<strong>18</strong><br />
Reanimação pré-hospitalar<br />
Operacionais do SEM<br />
Há diferenças consi<strong>de</strong>ráveis na estrutura e processo dos sistemas<br />
<strong>de</strong> Emergência Médica (SEM) através da Europa. Há países<br />
que adoptaram um mo<strong>de</strong>lo baseados quase exclusivamente<br />
em paramédicos / técnicos <strong>de</strong> emergência médica (TEM) enquanto<br />
outros incorporaram médicos em maior ou menor grau.<br />
Os estudos indirectos comparando resultados da reanimação<br />
entre sistemas com médicos e outros são <strong>de</strong> difícil interpretação<br />
por causa da enorme variabilida<strong>de</strong> entre sistemas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
da presença <strong>de</strong> médicos. 23 dada a inconsistência dos<br />
dados, assume-se que a inclusão ou não <strong>de</strong> médicos nos sistemas<br />
<strong>de</strong> emergência pré-hospitalar para resposta a PCR <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
em larga medida das políticas locais.<br />
Regras para terminar a reanimação<br />
Há um estudo <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> que mostra que a aplicação da<br />
“regra <strong>de</strong> reanimação para terminar o SBV” tem valor preditivo<br />
<strong>de</strong> morte quando aplicada apenas na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfibrilhar<br />
pelos operacionais dos SEM. 219 A regra recomenda o fim da reanimação<br />
se não houver RCE, não tiverem sido administrados<br />
choques e a paragem não tiver sido presenciada. Feita a validação<br />
prospectiva, po<strong>de</strong>r-se-ão utilizar na reanimação pré-hospitalar<br />
do adulto recomendações como a “regra <strong>de</strong> reanimação<br />
para terminar o SBV”, contudo essa validação <strong>de</strong>ve ter lugar em<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> SEM idênticos àquele em que essa recomendação<br />
foi implementada. Recomendações para outros níveis, como a<br />
resposta à emergência intra-hospitalar po<strong>de</strong>m diminuir a inter-<br />
-variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e todas as recomendações <strong>de</strong>vem<br />
ser validadas prospectivamente.<br />
Reanimação intra-hospitalar<br />
Na PCR intra-hospitalar a divisão entre SBV e SAV é arbitrária;<br />
na prática a reanimação é um continuum, conceito que se<br />
baseia no senso comum, esperando-se que os profissionais<br />
iniciem a reanimação, garantindo que em todas as PCR intra-<br />
-hospitalares é assegurado que:<br />
• A PCR é reconhecida <strong>de</strong> imediato<br />
• O pedido <strong>de</strong> ajuda é feito seguindo o mo<strong>de</strong>lo estabelecido<br />
• Se inicia <strong>de</strong> imediato o SBV, com os adjuvantes da via aérea<br />
que estejam indicados, e <strong>de</strong>sfibrilhação o mais <strong>de</strong>pressa<br />
possível seguramente em menos <strong>de</strong> 3 minutos<br />
Todas as áreas clínicas <strong>de</strong>vem ter acesso imediato ao equipamento<br />
e medicamentos necessários para a rápida reanimação<br />
das vítimas <strong>de</strong> PCR. O i<strong>de</strong>al é que o equipamento e medicamentos<br />
para a reanimação (incluindo <strong>de</strong>sfibrilhadores) estejam<br />
220, 221<br />
normalizados em todo o Hospital.<br />
A equipa <strong>de</strong> reanimação po<strong>de</strong> assumir o mo<strong>de</strong>lo clássico da<br />
equipa <strong>de</strong> paragens que só respon<strong>de</strong> às situações <strong>de</strong> PCR. Em<br />
alternativa há hospitais que implementam estratégias centradas<br />
no reconhecimento precoce dos doentes em risco (ex: EEM /<br />
MET) antes da paragem acontecer.<br />
A Fig 1.5 mostra um algoritmo para abordagem inicial das PCR<br />
intra-hospitalares<br />
• Um profissional inicia a reanimação enquanto os outros activam<br />
a equipa <strong>de</strong> emergência e trazem o equipamento <strong>de</strong><br />
emergência e o <strong>de</strong>sfibrilhador. Quando só está presente um<br />
operacional terá <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o doente se essa for a única forma<br />
<strong>de</strong> pedir ajuda.<br />
• Fazer 30 compressões seguidas <strong>de</strong> duas ventilações<br />
• Assegurar compressões <strong>de</strong> elevada qualida<strong>de</strong> minimizando<br />
as interrupções<br />
• Manter a qualida<strong>de</strong> das compressões durante muito tempo é cansativo,<br />
pelo que os reanimadores <strong>de</strong>vem trocar <strong>de</strong> funções cada<br />
dois minutos com o mínimo <strong>de</strong> interrupção nas compressões.<br />
• Manter a permeabilida<strong>de</strong> da via aérea e ventilar com o equipamento<br />
disponível mais apropriado. Geralmente a máscara<br />
facial, que <strong>de</strong>ve ser complementada com via aérea adjuvante<br />
e O 2<br />
suplementar.<br />
Em alternativa po<strong>de</strong>-se utilizar um adjuvante da via aérea supra-glótico<br />
com insuflador ou utilizar máscara facial e insuflador,<br />
em sintonia com a política institucional. A entubação traqueal<br />
só <strong>de</strong>ve ser tentada por operacionais com competência, treinados<br />
e experientes nesta técnica. Por rotina <strong>de</strong>ve ser instituída