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Março de 2011 - Vol 18 numero 1 - Sociedade Portuguesa de ...

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56 Suporte <strong>de</strong> vida pediátrico 8<br />

<strong>de</strong>ve tentar-se cardioversão eléctrica imediata. A cardioversão<br />

eléctrica (síncrona com a onda R) está também indicada quando<br />

não há acesso vascular disponível ou se a a<strong>de</strong>nosina não foi<br />

eficaz. A energia do primeiro choque para cardioversão eléctrica<br />

<strong>de</strong> uma TSV é 0.5 -1 J Kg -1 e do segundo choque 2 J Kg -1 .<br />

As taquicardias <strong>de</strong> complexo QRS largo são raras na criança,<br />

e mais provavelmente <strong>de</strong> origem supraventricular do que ventricular<br />

530 . No entanto, em crianças hemodinamicamente instáveis,<br />

<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas como TV até prova em contrário.<br />

A cardioversão síncrona é o tratamento <strong>de</strong> escolha da TV instável<br />

com pulso. Deve ser pon<strong>de</strong>rada medicação antiarrítmica se<br />

uma segunda cardioversão não for eficaz ou se a TV recidivar.<br />

Arritmias estáveis<br />

Enquanto se garante a via aérea, ventilação e circulação da<br />

criança, contactar ajuda especializada para <strong>de</strong>cidir início <strong>de</strong><br />

terapêutica específica. Depen<strong>de</strong>ndo da história clínica, apresentação<br />

e diagnóstico electrocardiográfico, uma criança estável<br />

com uma taquicardia <strong>de</strong> complexos largos po<strong>de</strong> ser tratada<br />

como uma TSV, nomeadamente com manobras vagais ou a<strong>de</strong>nosina.<br />

Se esta terapêutica não resultar ou se o diagnóstico <strong>de</strong><br />

TV for entretanto confirmado no ECG, a amiodarona po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada como opção.<br />

Situações especiais em Pediatria<br />

Canalopatias<br />

Quando ocorre uma paragem cardíaca inexplicada numa criança<br />

ou adulto jovem, <strong>de</strong>ve fazer-se uma história clínica pessoal e<br />

familiar completas (incluindo antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> síncope, convulsões,<br />

aci<strong>de</strong>ntes/afogamentos não explicados ou morte súbita)<br />

e rever todos os ECGs disponíveis. Todos os lactentes, crianças<br />

e adultos jovens com morte súbita, inesperada, <strong>de</strong>vem, se<br />

possível, ser submetidos a autópsia completa, <strong>de</strong> preferência<br />

realizada por um patologista com experiência em patologia cardíaca<br />

531-540 . Deve pon<strong>de</strong>rar-se a conservação e estudo genético<br />

<strong>de</strong> tecidos para <strong>de</strong>terminar a presença <strong>de</strong> uma canalopatia. Os<br />

familiares <strong>de</strong> vítimas <strong>de</strong> morte súbita cuja causa não foi possível<br />

esclarecer em autópsia <strong>de</strong>vem ser referenciados a centros<br />

especializados em perturbações do ritmo cardíaco.<br />

Pós-operatório da 1ª fase <strong>de</strong> correcção <strong>de</strong> ventrículo<br />

único<br />

A incidência <strong>de</strong> paragem cardíaca em lactentes no pós-operatório<br />

do 1º estadio <strong>de</strong> reparação <strong>de</strong> ventrículo único, é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

20%, com uma sobrevida na alta <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 33% 541 . Não existe<br />

evidência <strong>de</strong> que a reanimação <strong>de</strong>va ser efectuada <strong>de</strong> modo<br />

diferente do habitual. O diagnóstico da situação pré-paragem<br />

é difícil, mas po<strong>de</strong> ser ajudado por monitorização da extracção<br />

<strong>de</strong> oxigénio (ScvO2 na veia cava superior) ou espectroscopia<br />

na região <strong>de</strong> infravermelhos (circulação esplâncnica e cerebral)<br />

542-544<br />

. O tratamento das elevadas resistências vasculares sistémicas<br />

por bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos po<strong>de</strong> melhorar<br />

a oferta sistémica <strong>de</strong> oxigénio 545 , diminuir a incidência <strong>de</strong><br />

colapso cardio-vascular 546 e melhorar a sobrevida 547 .<br />

Pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong> Fontan para<br />

correcção <strong>de</strong> ventrículo único<br />

Crianças com anatomia tipo Fontan ou hemi-Fontan, em situação<br />

pré-paragem, po<strong>de</strong>m beneficiar <strong>de</strong> oxigenação melhorada<br />

e <strong>de</strong> débito cardíaco optimizado através da instituição <strong>de</strong> ventilação<br />

por pressão negativa 548, 549 . A oxigenação extracorpórea<br />

por membrana (ECMO) po<strong>de</strong> ser útil como recurso em crianças<br />

com falência da circulação <strong>de</strong> Fontan, mas não é possível emitir<br />

recomendações contra ou a favor <strong>de</strong> ECMO em crianças com<br />

hemi-Fontan ou como recurso durante a reanimação 550 .<br />

Hipertensão pulmonar<br />

As crianças com hipertensão pulmonar estão em risco aumentado<br />

<strong>de</strong> paragem cardíaca 551, 552 . Nestas crianças <strong>de</strong>vem ser<br />

seguidos os protocolos <strong>de</strong> reanimação habituais, com ênfase na<br />

utilização <strong>de</strong> Fio 2<br />

elevada e alcalose/hiperventilação, já que estas<br />

medidas po<strong>de</strong>m ser tão eficazes como o óxido nítrico inalado na<br />

diminuição das resistências vasculares pulmonares 553 . É mais<br />

provável que a reanimação seja bem sucedida em pacientes com<br />

uma causa reversível tratados com epoprostenol intra-venoso or<br />

óxido nítrico inalado 554 . Devem ser reiniciadas as medicações habituais<br />

anti-hipertensão pulmonar que possam ter sido suspensas<br />

e <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado o uso <strong>de</strong> epoprostenol em aerossol ou<br />

óxido nítrico inalado 555 . Os dispositivos <strong>de</strong> assistência ventricular<br />

direita po<strong>de</strong>m melhorar a sobrevida 556-559 .<br />

Cuidados pós-paragem<br />

Os princípios dos cuidados pós-paragem e o tratamento do síndrome<br />

pós-paragem cardíaca em crianças são semelhantes aos do adulto.<br />

Monitorização e controlo <strong>de</strong> temperatura<br />

A hipotermia é frequente em crianças após reanimação cardio-<br />

-respiratória 350 . Uma hipotermia central (32-34ºC) po<strong>de</strong> ser benéfica,<br />

enquanto que a febre po<strong>de</strong> ser lesiva para o cérebro<br />

em situação pós-paragem. Hipotermia ligeira tem um perfil <strong>de</strong><br />

segurança aceitável em adultos 355, 356 e em recém-nascidos 560-<br />

565<br />

. Se bem que possa melhorar o prognóstico neurológico em<br />

crianças, um estudo observacional não apoia nem <strong>de</strong>saconselha<br />

a utilização da hipotermia terapêutica na paragem cardíaca<br />

em crianças 566 .

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