AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES PERIO<strong>DO</strong>NTAIS ENTRE PACIENTES FUMANTES E NÃO-FUMANTES ATENDI<strong>DO</strong>S NA DISCIPLINA DE PERIO<strong>DO</strong>NTIA DA UFAMINTRODUÇÃOA DP representa um dos grandes problemasde saúde pública, pela sua incidência relativamentealta, mesmo nos países desenvolvidos,sendo considerada a doença crônica mais prevalenteque afeta a dentição humana (SILVA et al.,2002). Ela decorre do desequilíbrio entre a presençade patógenos periodontais e a resposta imunoinflamatóriado hospedeiro (REGO et al., 2004),tendo como agente etiológico primário o biofilmedentário. Fatores de risco, quando presentes, sãocapazes de facilitar sua instalação ou agravar asua progressão (WILLIAMS et al., 1992).Pesquisas recentes apontaram o hábito defumar como um dos fatores de risco mais significativospara o desenvolvimento e progressão daDP (BEZERRA et al., 2004; BOZKURT et al., 2006;HEASMAN et al., 2006; MARTINEZ, ROSSAJÚNIOR, 2002; NETO et al., 2005), pelos seusefeitos locais e sistêmicos, e pela disseminaçãodeste hábito no mundo (CATTANEO et al., 2000;HAFFAJEE, SOCRANSKY, 2001).O consumo de tabaco, em geral, e decigarros, em particular, provoca efeitos nocivosdiretos ao usuário, expondo-os a mais de 4,7 milsubstâncias tóxicas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,1998; MARTINEZ, ROSSA JÚNIOR, 2002;SALLUM et al., 2001).A OMS estima que um terço da populaçãomundial adulta, 1,2 bilhão de pessoas, são fumantes,o que deve ser considerado uma pandemia(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998; MENESES,2004). No Brasil, 16,7 milhões de homens e 11,2milhões de mulheres são fumantes (MINISTÉRIODA SAÚDE, 2000; MENESES, 2004).No âmbito da saúde bucal, durante muitotempo os estudos têm destacado a relação existenteentre o consumo de tabaco e as lesões malignasque se desenvolvem na cavidade bucal. Nos últimosvinte anos, os pesquisadores têm voltando partede suas atenções para a interação entre a DP e ofumo, tendo observado diferentes efeitos deletériossobre o periodonto, tanto de proteção como desustentação (BEZERRA et al., 2004).A exposição a altas concentrações denicotina afeta negativamente a população localde células, podendo ser a nicotina absorvidapelos tecidos moles, aderir-se às superfíciesdentárias ou localizar-se no plasma, onde éconvertida em seu principal metabólito, acotinina (MARTINEZ, ROSSA JÚNIOR, 2002).A nicotina e seus metabólitos, quandoabsorvidos pelos tecidos, ligam-se a receptoresespecíficos, induzindo à liberação de epinefrina,que provocará vasoconstrição periférica, capazde gerar redução do sangramento à sondagem edos sinais de inflamação induzidos pelo acúmulode placa (BERGSTROM, 2005).O fumo também aumenta a liberação eativação de enzimas tecido-destrutivas(metaloproteinases) aumentando a destruição doligamento periodontal, a perda óssea e, conseqüentemente,a perda dental (PD) (BERGS-TROM, 2004; BEZERRA et al., 2004; SILVA etal., 2002).Evidências emergentes sugerem que aformação de cálculo subgengival é mais severa eprevalente em fumantes, comparados a não-fumantes,sendo esta tendência para a calcificaçãodo biofilme dental aumentada nos fumantesindependente da profundidade da bolsa(BERGSTROM, 2004).Os subprodutos do tabaco podem, ainda,alterar a cicatrização, pois inibem eventoscelulares, ocasionando dano direto às célulasnormais dos tecidos periodontais (BEZERRA etal., 2004; MARTINEZ, ROSSA JÚNIOR, 2002;SILVA et al., 2002).O prognóstico a longo prazo para opaciente fumante é pobre para todas asmodalidades de terapia periodontal (BERGS-TROM, 2004), uma vez que eles não respondemtão bem à terapia quanto os não-fumantes e onúmero de recorrências é grande. Os estudos,porém, demonstram que a progressão da DPdiminui em pacientes que param de fumar e essesindivíduos conseguem responder de formasimilar à terapia periodontal comparados comos não-fumantes (JOHNSON, SLACH, 2001).26revistahugv – Revista do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007
Existem poucos dados coletados a partirde levantamentos epidemiológicos, sejam nosníveis nacional ou local, particularizando a cidadede Manaus, sobre os efeitos na prevalência eseveridade da DP em fumantes. É importante umestudo nesta área, uma vez que o fumo é um fatorde risco que favorece o aparecimento da DP,afetando negativamente tanto a saúde bucalquanto sistêmica, no seio do enorme contingentede pessoas fumantes, necessitando ser enquadradacomo prioridade em programas que visemà melhoria da saúde de uma população(JANSSON, HAGSTROM, 2002).O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitosdo hábito de fumar na prevalência e severidadeda doença periodontal por meio da análise dascondições periodontais (IP, IG e PD), de pacientesfumantes e não-fumantes, encaminhados paratratamento junto aos ambulatórios da Disciplinade Periodontia da Universidade Federal do Amazonas.MATERIAL E MÉTO<strong>DO</strong>SO projeto foi previamente aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa (CEP) daUniversidade Federal do Amazonas, sob oprotocolo de número 043/05/CEP-Ufam.Foram selecionados 200 pacientes, 50 fumantese 150 não-fumantes, compreendidos nafaixa etária entre 20 a 60 anos, independendo dogênero ou raça, que não apresentavam doençassistêmicas e que concordaram com as condiçõesdo estudo, conforme consentimento formal, paraa realização da pesquisa; foram excluídos ex-fumantes,gestantes, e aqueles que faziam uso demedicamentos.Todos os pacientes responderam umquestionário de saúde, passando posteriormentepelo exame periodontal, quando foi aplicado oESI e realizada a sondagem das faces vestibular emesiovestibular de todos os dentes nas duas hemiarcadascontralaterais e calculado o índicegengival (IG) de acordo com o Índice de O’Learye o de placa bacteriana (IP), de acordo com oÍndice de Aimano & Bay (LINDHE, 2005).As sondagens do nível de inserçãoperiodontal e profundidade de bolsa foramrealizadas por um único avaliador, com sondaperiodontal com marcação em milímetros (MMGOLDMAM FOX COLOR, TRINITY®). Aperiodontite foi classificada como localizada,quando a extensão abrangeu menos de 30% dossítios, de acordo com a classificação das DPs, egeneralizada, quando a extensão foi maior que30% dos sítios investigados. A severidade foiclassificada como leve, quando a perda deinserção conjuntiva estava entre 1 e 2mm;moderada, perda entre 3 a 4mm; e severa, comperda superior a 5mm.Os dados foram analisados e comparadospor intermédio de estatística descritiva e teste quiquadrado,para associação de variáveis. O nívelclínico de inserção, extensão, severidade, IP, IG ePD foi avaliado, utilizando-se o teste T de Student,quando os dados encontravam-se normalmentedistribuídos, e o de Mann-Whitney, quando nãosatisfeita a hipótese de normalidade, comsignificância de 5% para todos os casos e variáveis.RESULTA<strong>DO</strong>SDos 200 pacientes analisados, 40,5% (81)foram do gênero masculino e 59,5% (119) dofeminino.Na comparação das variáveis clínicas entrefumantes e não-fumantes, foi encontradamaior perda de inserção clínica nos fumantes, nãosendo esta diferença, porém, significante. O ESInos fumantes (27,0; 9,5) mostrou-se elevado,quando comparado aos não-fumantes (17,1; 7,1),havendo relevância estatística, sendo p=0,0102para extensão e p=0,0087 para severidade.O IP, assim como a PD, foi significantementemaior (p=0,0001 e p=0,0042, respectivamente)nos fumantes. O IG foi menor nospacientes fumantes, porém a diferença não foiestatisticamente significante (Gráfico 1).revistahugv – Revista do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 200727
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