ABORDAGEM <strong>DO</strong>S EFEITOS DELETÉRIOS <strong>DO</strong> DIABETES MELLITUS NAS <strong>DO</strong>ENÇAS PERIO<strong>DO</strong>NTAIS: UMA VIA DE MÃO DUPLAINTRODUÇÃOO paradigma de promoção de saúde bucaltem cada vez mais norteado o comportamentoclínico dos profissionais e o trabalho multidisciplinarhoje faz parte do raciocínio diagnóstico,assim eles estão, paulatinamente, incorporandoa prática de avaliar o indivíduo como um serintegral, único e indivisível. Isto oportuniza aaplicação de medidas preventivas e terapêuticas,reconhecendo, identificando, eliminando oucontrolando os agentes etiológicos do processosaúde-doença. 1«A associação entre algumas doenças sistêmicase a ocorrência da doença periodontal énitidamente evidenciada em pacientes portadoresde diabetes, osteoporose, lupus eritematoso, entreoutros.» 2A correlação dos processos patológicos sistêmicoscom as doenças periodontais fez surgir otermo medicina periodontal como um emergenteramo da periodontia, que procura dar ênfase adados científicos que mostram este relacionamentorecíproco. 3A doença periodontal, representada porprocessos infecciosos, de expressão clínicainflamatória e imunológica, desenvolvidos emresposta aos produtos metabólicos das bactérias,principalmente as Gram-negativas anaeróbias,como A. actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonasgingivalis, Capnocytophaga sp, Prevotella intermedia,Eikinella corrodens, que formam comunidadesorganizadas e bem estruturadas sobre assuperfícies dentais e que fazem parte do biofilmedental. 4 Estas bactérias sintetizam metabolicamente,no fluido gengival, produtos que são nocivos aohospedeiro, como as colagenases, cuja ativação nosdiabéticos não-compensados estimula a ação dososteoclastos, provocando uma extensa perda ósseaalveolar. Felizmente, este processo pode sercontrolado com a utilização de tetraciclinas, hajavista seu papel inibidor da função enzimática. 5Outras substâncias pró-inflamatóriasproduzidas pelos microrganismos em níveis maiselevados em diabéticos não-compensados são ascitocinas (Il-1a e Il-1b), as prostaglandinas E2(PGE2), os fatores de necrose tumoral (TNF2) e asmetaloproteinases da matriz (MMPs), quecontribuem para exacerbar uma periodontitepreexistente. 6Atualmente, diversas pesquisas dão ênfaseao fato de que mesmo sendo necessária a presençadestes microrganismos para o início e desenvolvimentodas periodontopatias, ela não explica aseveridade de certas formas de periodontitesagressivas. Deste modo, surgiu o clamor dospesquisadores por maiores explicações biológicaspara tal fenômeno e, assim, chegaram à conclusãode que devem haver outros fatores de riscopresentes neste cenário, a exemplo das alteraçõessistêmicas, como o diabetes mellitus (DM),gravidez, puberdade, menopausa, tabagismo eoutras.REVISÃO DE LITERATURAO diabetes mellitusO diabetes mellitus (DM), como resultadoda hiperglicemia e da cetoacidose, pode influenciara resposta do hospedeiro em face das doenças periodontais,por meio de marcadores genéticos, daredução da função fagocitária dos leucócitos polimorfonuclearesneutrófilos e macrófagos, de alteraçõesvasculares, de outros fatores da respostainflamatória e imunológica e de deficiências nacicatrização tecidual. Todo este cortejo de malesleva a modificações na susceptibilidade dohospedeiro aos fatores de risco das patologias doperiodonto, em face das agressões, via produtosmetabólicos da microbiota do biofilme dental,como já citado anteriormente. 7Esta patologia é, portanto, complexa, comgraus diversos de complicações sistêmicas e bucais,dependendo da extensão do controle metabólico,da presença da infecção e das variáveisdemográficas subjacentes. 8A prevalência do DM tem aumentado demaneira efetiva e calcula-se que este dado32revistahugv – Revista do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007
NÍCEA OLIVEIRA, CLÁUDIA OLIVEIRA, MIRIAM WESTPHAL, PAULO FILHO, ALESSANDRA SALINOepidemiológico venha a se elevar cada vez maisinclusive no Brasil, adquirindo caráter endêmico.No estudo Global Burden of Diabetes, 1995-2025, a estimativa do número de adultos com DM,no Brasil, aumenta de 4,9 milhões em 1995, para11,6 milhões em 2025, e no mundo para 300milhões. 9Existem dois tipos de diabetes mellitus(DM): o Tipo 1, que ocorre quando o sistemaimunológico passa a reconhecer como estranhasas células B das ilhotas de Langerhans pancreáticas,começando a destruí-las e, em conseqüência, há afalta do hormônio insulina no organismo, portanto,apresentando uma hiperglicemia e alterações nometabolismo dos açúcares, lipídios e protídeos. Jáo Tipo 2, caracteriza-se pela utilização deficienteda insulina existente, «isto ocorrendo quandoindivíduos geneticamente predispostos sucumbema um evento indutor como uma infecção viral ououtros fatores que desencadeiam uma respostaauto-imune destrutiva». 10Outros autores sugerem que «uma relaçãoinversa pode estar presente, indicando que asdoenças periodontais também podem serprejudiciais nesse contexto e que já foramidentificados diversos mecanismos biológicospelos quais as periodontopatias dão sua contribuiçãopara alterar as condições sistêmicas». 11Entre os ditos mecanismos citaremos a presençade prostaglandinas (PGE2) em maior quantidadeno fluido gengival de portadores de diabetesmellitus não-compensados e com gengivite ouperiodontite, em comparação com indivíduossaudáveis. 12Sintomas Clínicos bucais do diabetes mellitusOs pacientes diabéticos não-compensadosgeralmente queixam-se de sensação de queimaçãolingual e da boca sem saliva (xerostomia), o que ospredispõem a infecções oportunistas como acandidíase. Esta associada à supressão de radicaisde oxigênio livre por leucócitos polimorfonuclearesneutrófilos (PMNs) provoca a depressão dosmecanismos de quimiotaxia e da fagocitose.Quanto a periodontites nestes pacientesdiabéticos, as pesquisas sugerem uma relação decausa-efeito, dependendo do controle glicêmico,da idade, do tempo de duração da patologia, dahigiene bucal deficiente e da susceptibilidade adoença periodontal.Westfelt et al (1996) 13 encontraram indíciosde perda de inserção em indivíduos com diabetesTipo 1 e Tipo 2, quando estes não monitoravamsua glicemia.Stewart et al (2001) 14 chamaram a atençãopara o fato de que os procedimentos básicos daperiodontia, como motivação para estimularmudanças de comportamento do paciente emrelação à higiene bucal, assim como raspagem,alisamento e polimento corono-radicularcostumam dar bons resultados na manutenção dasaúde periodontal, em pacientes com os dois tiposde diabetes e, em conseqüência, um melhormonitoramento do nível glicêmico.Outra patologia de expressão clínica emdiabéticos não-compensados refere-se aosabscessos periodontais, causando rápidadestruição óssea alveolar, o que podem precederao diagnóstico do descontrole da insulina, fatoque muitas vezes ainda é desconhecido do própriopaciente.Diabetes Mellitus X Doenças PeriodontaisEstudos sugerem que a relação entre odiabetes mellitus e as periodontopatias reside nofato de essas duas entidades mórbidas possuíremaspectos comuns no âmbito do estímuloinflamatório e imunológico, constituindo uma viade mão dupla, onde a primeira não estando comsua taxa insulínica compensada poderá agravaruma periodontite preexistente e vice-versa. 15Novaes et al (2007) 16 salientaram que aincorporação de antibioticoterapia local(minociclina) ou sistêmica (doxiciclina), aotratamento periodontal não cirúrgico, podediminuir o grau de infecção periodontal, comotambém os níveis de hemoglobulina glicada e demarcadores inflamatórios.revistahugv – Revista do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 200733
- Page 6 and 7: 6revistahugv - Revista do Hospital
- Page 8 and 9: 8revistahugv - Revista do Hospital
- Page 10 and 11: AVALIAÇÃO DOS ACIDENTES BIOLÓGIC
- Page 12 and 13: AVALIAÇÃO DOS ACIDENTES BIOLÓGIC
- Page 14 and 15: AVALIAÇÃO DOS ACIDENTES BIOLÓGIC
- Page 16 and 17: 16revistahugv - Revista do Hospital
- Page 18 and 19: CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE PARA
- Page 22 and 23: CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE PARA
- Page 24 and 25: 24revistahugv - Revista do Hospital
- Page 26 and 27: AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES PERIODO
- Page 28 and 29: AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES PERIODO
- Page 30: AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES PERIODO
- Page 35 and 36: NÍCEA OLIVEIRA, CLÁUDIA OLIVEIRA,
- Page 37 and 38: FERNANDO WESTPHAL, LUIZ LIMA, JOSÉ
- Page 39 and 40: FERNANDO WESTPHAL, LUIZ LIMA, JOSÉ
- Page 41 and 42: FERNANDO WESTPHAL, LUIZ LIMA, JOSÉ
- Page 43 and 44: FERNANDO WESTPHAL, LUIZ LIMA, JOSÉ
- Page 45 and 46: FERNANDO WESTPHAL, LUIZ LIMA, JOSÉ
- Page 47 and 48: CINTIA RÊGO, AIDA HANAN, LUCIANA F
- Page 49 and 50: CINTIA RÊGO, AIDA HANAN, LUCIANA F
- Page 51 and 52: ANAISA ATUTUAÇÃÇÃO DA FISIOTERA
- Page 53 and 54: ANAISESTUDO BACTERIOLCTERIOLÓGICÓ
- Page 55 and 56: ANAISINCIDENTCIDENTALALOMA ADRENALA
- Page 57 and 58: ANAISPNEUMONIA NECROSOSANTE: RELATO
- Page 59 and 60: ANAISALONONGAMENTAMENTO ATIVTIVO E
- Page 61 and 62: ANAISATITUDE DE ENFERMEIROS PSIQUIA
- Page 63 and 64: ANAISCARARCINCINOMA PAPILÍFERAPIL
- Page 65 and 66: ANAISCUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACI
- Page 67 and 68: ANAISECTOPIA TESTICULTICULAR TRANSV
- Page 69 and 70: ANAISmaioria dos sujeitos de ambos
- Page 71 and 72: ANAISHEMÓLISE INDUZIDA POR PRIMAQU
- Page 73 and 74: ANAISLINFOMA GÁSÁSTRICTRICO - REL
- Page 75 and 76: ANAISMOBILIDADE E TRANSFERÊNCIA PA
- Page 77 and 78: ANAISO ASSISTENTE SOCIAL E O PORTAD
- Page 79 and 80: ANAISDados da Estatística:° Núme
- Page 81 and 82:
ANAISpulmonar com intercorrências