32. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA2.1. HISTÓRICO DAS CASAS FAMILIARES RURAISAs Casas Familiares Rurais surgiram no Sudoeste <strong>da</strong> França em 1935, no povoado <strong>de</strong>Lot et Garonne. A iniciativa teve início com um grupo <strong>de</strong> pais agricultores que buscavamsolucio<strong>na</strong>r dois gran<strong>de</strong>s problemas: o primeiro dizia respeito às questões relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s aoensino regular, que por ser direcio<strong>na</strong>do as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s urba<strong>na</strong>s, favorecia o êxodo <strong>rural</strong>; emsegundo, estava a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer chegar ao campo a evolução tecnológica quenecessitavam. Desse modo, foi cria<strong>da</strong> a primeira Maison Familiale Rurale (Casa FamiliarRural), on<strong>de</strong> os jovens passavam por dois momentos distintos, primeiramente recebendoconhecimentos gerais e técnicos voltados para a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola regio<strong>na</strong>l (tempo escola) e,posteriormente ficavam <strong>na</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais aplicando os conhecimentos adquiridos(tempo comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>). Esta prática foi <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong><strong>da</strong> ―Pe<strong>da</strong>gogia <strong>de</strong> Alternância‖ (PASSADOR,2000).A experiência francesa i<strong>de</strong>alizou a ―criação <strong>de</strong> uma escola que correspon<strong>de</strong>sse àsnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e às aspirações <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>rural</strong>, ao mesmo tempo que permitisse aconciliação entre a agricultura e cultura local‖ (CONCAGH, 1989, p. 90), com um currículobaseado no estudo <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola regio<strong>na</strong>l, planejado conjuntamente com as famílias(PALILOT, 2007).―A proposta dos agricultores, já <strong>na</strong>quela época, trazia em seu bojo os pilaresfun<strong>da</strong>mentais propostos para a educação contemporânea: formação cognitiva, afetiva emotora, ou seja, saber apren<strong>de</strong>r, saber ser/conviver e saber fazer‖ (REVISTA EDUCAÇÃORURAL, 2006). Neste contexto, a escola atuaria em prol <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> ―um agricultor quefosse um homem completo, consciente <strong>de</strong> sua classe e <strong>de</strong> sua região‖ (CONCAGH, 1989, p.90).Somente <strong>na</strong> França existem cerca <strong>de</strong> 500 Maisons Familiales, cujo ensino é voltadopara diversas áreas <strong>de</strong> conhecimento <strong>da</strong> agricultura à mecânica avança<strong>da</strong>, que abrigavam,segundo Passador (2000) aproxima<strong>da</strong>mente 40 mil jovens e adultos. Com a experiência bemsucedi<strong>da</strong> <strong>na</strong> França, no fi<strong>na</strong>l dos anos 60 se expandiu para Itália, Espanha, ContinentesAfricano e Americano, estando presente em todos os continentes, em mais <strong>de</strong> 43 países,somando aproxima<strong>da</strong>mente 1.400 centros educativos (REVISTA EDUCAÇÃO RURAL,2006).
4No Brasil, as primeiras experiências educacio<strong>na</strong>is utilizando a Alternância surgiramem 1969, no Estado do Espírito Santo, com o nome <strong>de</strong> Escolas Famílias Agrícolas. Essasexperiências receberam influência do Padre Humberto Pietogran<strong>de</strong>, pertencente à Companhia<strong>de</strong> Jesus, que percebeu a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Alternância no Estado, que era local <strong>da</strong>missão dos jesuítas, como estratégia <strong>de</strong> minimização do forte êxodo <strong>rural</strong> que ocorria <strong>na</strong>época e à mão-<strong>de</strong>-obra não qualifica<strong>da</strong> <strong>da</strong> maioria dos migrantes alemães e italianos quehabitavam aquela região (GIOANORDOLI, 1980).Queiroz (2004 apud PALILOT, 2007), registrando a evolução histórica dos mo<strong>de</strong>los<strong>de</strong> núcleos educativos no meio <strong>rural</strong>, assi<strong>na</strong>la que <strong>na</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 surgiram as CasasFamiliares Rurais (CFR), <strong>na</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, as Escolas Comunitárias Rurais (ECOR) e,posteriormente, surgiram vários outros centros educativos no campo, <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>dos CentrosFamiliares <strong>de</strong> Formação em Alternância (CEFFA), distribuídos pelas cinco regiões do país.No ano <strong>de</strong> 2006, entre EFA e CFR encontravam-se mais <strong>de</strong> 250 espalha<strong>da</strong>s em todoterritório, envolvendo uma capacitação superior a 20 mil jovens rurais, distribuídos em mais<strong>de</strong> 820 municípios (REVISTA EDUCAÇÃO RURAL, 2006).No território brasileiro, as CFR começaram a se <strong>de</strong>senvolver em 1988, no sudoeste doEstado do Paraná, quando agricultores se <strong>de</strong>pararam com os mesmos problemas enfrentadospelos franceses: não havia uma escola <strong>de</strong> ensino médio que formasse os jovens agricultores <strong>de</strong>acordo com a sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Além disso, as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicasenfrenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s peque<strong>na</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais levavam trabalhadores e proprietários para oscentros urbanos, <strong>na</strong> busca <strong>de</strong> um padrão <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> que não encontravam no campo. Poriniciativa <strong>da</strong> prefeitura <strong>de</strong> Barracão, ocorreram várias reuniões entre os agricultores,envolvendo também outros membros <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> local. Em 1989, o primeiro grupo <strong>de</strong>jovens i<strong>na</strong>ugurou o projeto no município, no ano seguinte, a prefeitura do município vizinho –Santo Antônio do Sudoeste – adotou a mesma prática. O projeto foi chamado <strong>de</strong> CasaFamiliar Rural, tendo por objetivo proporcio<strong>na</strong>r aos jovens <strong>da</strong> zo<strong>na</strong> <strong>rural</strong> o acesso à formaçãoem agricultura, para que pu<strong>de</strong>ssem utilizar <strong>de</strong> forma eficiente os fatores <strong>de</strong> produção econsoli<strong>da</strong>r sua vocação agrícola (PASSADOR, 2000).Já Oliveira (2008) afirma que as primeiras experiências registra<strong>da</strong>s no Brasil foram em1989, nos Estados <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco e Paraná, <strong>na</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Riacho <strong>da</strong>s Almas e Barracão,respectivamente.Em relação ao Estado do Pará,―A proposta <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> uma Casa Familiar Rural <strong>na</strong>sceu do anseio dosagricultores, li<strong>de</strong>ranças e profissio<strong>na</strong>is <strong>da</strong> educação, preocupados com a busca <strong>de</strong>
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