17Neste caso, constatou-se que os principais aspectos que motivam os jovens estu<strong>da</strong>r <strong>na</strong>CFR <strong>de</strong> Altamira são a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r e trabalhar <strong>na</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola eeducação diferencia<strong>da</strong>, ambas com 22,7% <strong>de</strong> frequência.Esta educação basea<strong>da</strong> <strong>na</strong> Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Alternância oferece aos alunos característicaspeculiares, que valorizam o saber empírico acrescido <strong>de</strong> conhecimentos teóricos e práticosque são repassados pelos monitores através <strong>de</strong> aulas presenciais, bem como através <strong>de</strong>experimentos práticos. Além disso, permite ao jovem aliar os estudos aos trabalhos em suasproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, favorecendo a permanência no campo, ficando evi<strong>de</strong>nte que o ensino permite apromoção do indivíduo enquanto ser social.Tal situação foi resumi<strong>da</strong> por Coombs (1976, p. 56), on<strong>de</strong> enfatiza que―a educação não é um fim em si, mas um dos meios essenciais <strong>de</strong> preparar os jovenspra uma vi<strong>da</strong> produtiva e útil ao meio em que serão chamados a evoluir; igualmenteum dos meios <strong>de</strong> promover o progresso econômico e social em seu conjunto.‖A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r e paralelamente efetuar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sreflete a vonta<strong>de</strong> dos jovens <strong>de</strong> contribuírem com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>familiar</strong>, uma vez que,através <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho, promovem uma ren<strong>da</strong> extra à suas famílias. Tal iniciativaevi<strong>de</strong>ncia a vonta<strong>de</strong> ou necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> permanência no campo e aprimoramento dosconhecimentos para posterior aplicação e promoção do <strong>de</strong>senvolvimento local.Baruffi e Cimadon (1989 apud VISBISKI e WEIRICH NETO, 2004, p. 5), explicamque trabalho e as relações <strong>de</strong> produção <strong>na</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais, ―formam valores e estruturamuma organização social diferencia<strong>da</strong> do contexto urbano, exigindo, portanto que as açõeseducativas sejam nortea<strong>da</strong>s pelas características que lhe são peculiares‖.Neste contexto, é relevante a atuação <strong>da</strong> CFR, que busca em seus pilaresmetodológicos atuar <strong>de</strong> acordo com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos jovens, e é <strong>de</strong> acordo com essa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>que são feitos os planos <strong>de</strong> estudo, os planos <strong>de</strong> aula e as experiências práticas. Taisativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m influenciar diretamente no cotidiano dos jovens em suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s,permitindo a estes atuarem <strong>de</strong> forma diferencia<strong>da</strong>, consi<strong>de</strong>rando os conhecimentos técnicosadquiridos no tempo escola, que neste caso, po<strong>de</strong>m também ser levados para o tempocomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Surge também como um dos motivos que os levaram a escolher a CFR <strong>de</strong> Altamira(13,6%) a falta <strong>de</strong> escolas <strong>na</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Esse <strong>da</strong>do evi<strong>de</strong>ncia o quão precário ain<strong>da</strong> é osistema educacio<strong>na</strong>l do campo <strong>na</strong> região, oferecendo poucas opções <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento eestudo aos jovens do campo.
18Diante disso, Prazeres (2008) enfatiza que―A importância <strong>da</strong> educação para os povos <strong>da</strong> Amazônia e especificamente docampo é um direito e um instrumento fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> acesso à cultura, a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia ea inclusão social. Portanto, a educação <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> como direito <strong>na</strong>perspectiva <strong>de</strong> levar em consi<strong>de</strong>ração as diferentes reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s amazônicas e quepossa oportunizar aos sujeitos do campo com aquisição <strong>de</strong> conhecimentos quepossam ser utilizados <strong>na</strong> vi<strong>da</strong>, permitindo-lhes criar uma conexão com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>,respeitando as diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s regio<strong>na</strong>is, culturais e sociais‖ (PRAZERES, 2008, p. 3).Perante essa afirmativa, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> educação do campo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> quandoincorpora<strong>da</strong>s nos seus pilares os conhecimentos populares, contemplando <strong>de</strong>sse modo, adiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> amazônica, forma<strong>da</strong> pelos povos <strong>da</strong> floresta (indíge<strong>na</strong>s, quilombolas, pescadores,seringueiros, lavradores, roceiros, agricultores), sendo, portanto, notório que trabalharsomente um único mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> educação para todos tor<strong>na</strong>-se inviável e insustentável para apermanência <strong>de</strong>stes atores em suas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s (PRAZERES, 2008).Aparece como outra variável importante (13,6%) <strong>de</strong> influência <strong>na</strong> opção dos alunospelo estudo <strong>na</strong> CFR, a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos técnicos relativos às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agrícolas,principalmente, por po<strong>de</strong>rem atuar com maior eficiência em suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Com igualfrequência aparece a influência dos pais.Para os pais, os aspectos que motivaram a opção pela CFR foram o convite dosprofessores/monitores, com 37,5% <strong>de</strong> frequência, o que evi<strong>de</strong>ncia a influência que essesprofissio<strong>na</strong>is têm entre os membros <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, seguido <strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> uma educaçãodiferencia<strong>da</strong> para a formação dos filhos, com 25,0% <strong>de</strong> frequência (Figura 02).Convite dos monitores37,5Educação diferencia<strong>da</strong>25,0Falta <strong>de</strong> escola <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>12,5Situação Fi<strong>na</strong>nceira12,5Vonta<strong>de</strong> do filho12,50 10 20 30 40Frequência (%)Figura 02. Aspectos que motivaram os pais dos educandos a optar pelo ensino <strong>na</strong> CFR <strong>de</strong>Altamira, 2010.
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