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edição de 11 de fevereiro de 2019

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eyond tHe line<br />

g-stockstudio/iStock<br />

House, sweethouse?<br />

Funcionários próprios estão mais sujeitos<br />

a interferências e pitacos <strong>de</strong> superiores<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

veio lá <strong>de</strong> Brasília mais um torpedo relacionado<br />

à comunicação. Depois <strong>de</strong><br />

E<br />

questionar o investimento em propaganda,<br />

o mix <strong>de</strong> mídia (enaltecendo o po<strong>de</strong>r das<br />

re<strong>de</strong>s sociais) e até a existência do BV (programa<br />

<strong>de</strong> incentivo), pintou agora a i<strong>de</strong>ia da<br />

possível criação <strong>de</strong> uma “house” para cuidar<br />

da comunicação do governo.<br />

Como esses arroubos têm se mostrado<br />

voláteis e sem maior profundida<strong>de</strong>, não<br />

vou aqui comentar ainda mais essas manifestações.<br />

Mas quero discorrer sobre a i<strong>de</strong>ia<br />

da “house agency”. De tempos em tempos,<br />

a tal da house volta à mídia.<br />

Cabe, portanto, uma reflexão a respeito.<br />

Já ocupei este espaço para falar sobre esse<br />

fenômeno, mas acho que vale a retomada.<br />

A primeira questão é: por que uma empresa<br />

consi<strong>de</strong>raria a opção <strong>de</strong> internalizar<br />

os serviços <strong>de</strong> uma agência <strong>de</strong> propaganda?<br />

Tendo a acreditar que o principal motivo<br />

seja a percepção <strong>de</strong> economia. Então,<br />

vamos lá. Quando uma empresa <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

absorver internamente um serviço prestado<br />

por terceiros, po<strong>de</strong> parecer lógico que<br />

economizará exatamente a remuneração<br />

<strong>de</strong>sse terceiro. Será?<br />

Vejamos: para po<strong>de</strong>r internalizar os serviços<br />

antes prestados por uma agência, a<br />

empresa terá <strong>de</strong> montar uma estrutura para<br />

tal, certo? Será necessária a contratação<br />

<strong>de</strong> especialistas, ferramentas e estudos,<br />

além da <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> espaço físico e equipamentos<br />

para um novo “<strong>de</strong>partamento”.<br />

O problema é a <strong>de</strong>dicação integral <strong>de</strong> profissionais<br />

para tais ativida<strong>de</strong>s.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da <strong>de</strong>manda, uma agência<br />

po<strong>de</strong> alocar apenas algumas horas <strong>de</strong> seus<br />

profissionais para <strong>de</strong>terminados clientes,<br />

otimizando assim os recursos <strong>de</strong>stinados<br />

para cada um <strong>de</strong>les.<br />

Ah, mas a maior economia é a “comissão”<br />

da agência na mídia e na produção, dirão<br />

alguns <strong>de</strong>fensores. Antes <strong>de</strong> mais nada,<br />

a tal comissão <strong>de</strong> mídia – na verda<strong>de</strong> o Desconto<br />

Padrão, <strong>de</strong>finido nas Normas-Padrão<br />

do Cenp – é cabível apenas para agências e<br />

os veículos não <strong>de</strong>vem repassá-la a anunciantes<br />

diretos.<br />

Se o fazem estão <strong>de</strong>scumprindo um sau-<br />

dável entendimento <strong>de</strong> autorregulação, do<br />

qual participaram anunciantes, agências<br />

e veículos. Deve-se levar em conta ainda<br />

o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação das agências, por<br />

conta da administração <strong>de</strong> investimentos<br />

<strong>de</strong> diversos clientes. Portanto, numa conta<br />

mais apurada, é bastante provável que a<br />

economia não seja tão relevante para justificar<br />

a iniciativa.<br />

Bem, po<strong>de</strong> haver o argumento da rapi<strong>de</strong>z.<br />

Tendo uma equipe própria o fluxo <strong>de</strong><br />

trabalho po<strong>de</strong>ria ser mais fluido e rápido.<br />

Po<strong>de</strong> até ser, mas não é nada que não possa<br />

ser oferecido por uma boa agência. Mas,<br />

para mim, o ponto principal é a qualida<strong>de</strong><br />

da comunicação gerada.<br />

Funcionários próprios estão mais sujeitos<br />

a interferências e pitacos <strong>de</strong> superiores<br />

e até imposições <strong>de</strong> <strong>de</strong>mais diretores e pares.<br />

Com o tempo, o uso do cachimbo vai<br />

<strong>de</strong>ixando a boca torta.<br />

Já a agência tem condições <strong>de</strong> espelhar<br />

soluções geradas para outros clientes, além<br />

<strong>de</strong> oxigenar suas i<strong>de</strong>ias com mais facilida<strong>de</strong>,<br />

já que atua especificamente no campo<br />

da comunicação.<br />

E, além do mais, po<strong>de</strong> trocar equipes<br />

<strong>de</strong>stinadas a clientes, caso não estejam performando<br />

bem. E se o cliente quer ter uma<br />

equipe terceirizada, porém mais exclusiva<br />

e <strong>de</strong>dicada, é possível também. Inclusive<br />

trabalhando <strong>de</strong>ntro da sua empresa.<br />

E o argumento final é a tendência <strong>de</strong> se<br />

manter as estruturas das empresas (isso<br />

serve para governos também) mais leves e<br />

focadas no core do seu business.<br />

A verticalização tem se mostrado ineficaz,<br />

fazendo as empresas mais antenadas<br />

optarem pela <strong>de</strong>legação a terceiros especialistas<br />

as funções que não fazem parte da<br />

sua ativida<strong>de</strong> principal.<br />

Num país provido <strong>de</strong> tantas agências<br />

capacitadas e reconhecidas internacionalmente,<br />

o que não faltam são opções para<br />

clientes. Aí, é só partir para um bom contrato<br />

e contar com um serviço <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

na medida das suas necessida<strong>de</strong>s.<br />

O melhor mesmo é os executivos encararem<br />

a house, sweethouse como aquele<br />

lugar para on<strong>de</strong> se vai <strong>de</strong>scansar <strong>de</strong>pois do<br />

trabalho.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

16 <strong>11</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark

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