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edição de 11 de fevereiro de 2019

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Fabio Seidl: “É o melhor momento para abrir caminho”<br />

“é apenas uma questão<br />

<strong>de</strong> preço para a<br />

<strong>de</strong>mocratização<br />

do uso”<br />

Zico Farina: “Publicida<strong>de</strong> ainda é um campo inexplorado”<br />

o que existe <strong>de</strong> mais prático até agora”,<br />

afirma Fabio Seidl, diretor-executivo <strong>de</strong><br />

criação da Velocity/Omnicom NY. Segundo<br />

ele, o mercado precisa estar atento<br />

para saber lidar com a tecnologia, mas<br />

sem cair em armadilhas comuns a novida<strong>de</strong>s<br />

como essa.<br />

“Como todo novo meio, existe uma<br />

onda <strong>de</strong> ‘preciso estar nessa nova plataforma’<br />

que acaba sendo um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício<br />

<strong>de</strong> dinheiro porque traz a reboque<br />

um monte <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias irrelevantes e<br />

<strong>de</strong>snecessárias. E existe quem vai chegar<br />

para surpreen<strong>de</strong>r e inovar. Esse é o melhor<br />

momento para se explorar e ajudar<br />

a abrir o caminho”, avalia o publicitário.<br />

O case Google Home of The Whopper,<br />

criado pela David Miami para o Burger<br />

King, já <strong>de</strong>monstrou alguns caminhos<br />

possíveis para as interfaces <strong>de</strong> voz. A ação<br />

conquistou o Grand Prix da categoria Direct<br />

Lions no Festival Internacional <strong>de</strong><br />

Criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cannes em 2017. A iniciativa<br />

partia da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “hackear” os Google<br />

Home das pessoas, ao exibir um comercial<br />

em que o ator falava a frase “Ok,<br />

Google. O que é o Whopper?”, que imediatamente<br />

acionava os aparelhos nos<br />

lares, que respondiam lendo a <strong>de</strong>scrição<br />

do sanduíche na Wikipedia. O Google reagiu<br />

e bloqueou a ação, mas não impediu<br />

a marca <strong>de</strong> mostrar o potencial da voz.<br />

“É interessante imaginar as possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ter um <strong>de</strong>vice capaz <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r<br />

a sua mensagem, fazer com que ela entre<br />

– literalmente – na casa das pessoas, e se<br />

complete com a interface <strong>de</strong> voz. O funil<br />

<strong>de</strong> conversão po<strong>de</strong> ter ainda mais efeito<br />

com ela. Mais que o uso criativo da interface<br />

<strong>de</strong> voz, é pensar também em i<strong>de</strong>ias<br />

<strong>de</strong> ativação. Venda machine-machine”,<br />

afirma Alvaro Rodrigues, CEO e CCO da<br />

Fullpack. “É apenas uma questão <strong>de</strong> preço<br />

para a <strong>de</strong>mocratização do uso. Estamos<br />

apenas no início da exploração <strong>de</strong><br />

todo o seu potencial, mas já é possível<br />

afirmar que elas são capazes <strong>de</strong> mudar<br />

o modo como nos relacionamos com as<br />

marcas”, completa.<br />

A pedido da reportagem do PROP-<br />

MARK, Rodrigues dá exemplos <strong>de</strong> como<br />

a voz tem se tornado uma nova fronteira<br />

para conectar marcas e pessoas. “Em<br />

algumas lojas da Starbucks, é possível<br />

fazer o seu pedido falando para uma IA.<br />

A Merce<strong>de</strong>s-Benz lançou a plataforma<br />

Mbux, que permite que você abra o seu<br />

teto solar, ajuste a temperatura, controle<br />

o som, enfim, use a voz para controlar<br />

o carro. A Whirlpool anunciou que seus<br />

futuros produtos serão compatíveis com<br />

o Alexa, o assistente <strong>de</strong> voz da Amazon.<br />

Já imaginou lavar roupas, cozinhar, mudar<br />

a temperatura <strong>de</strong> uma gela<strong>de</strong>ira apenas<br />

pela voz? E mais: a interface <strong>de</strong> voz<br />

po<strong>de</strong> inclusive fazer as compras para<br />

abastecer os equipamentos, dar conselhos<br />

sobre compras, ajudar na tomada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão”, imagina.<br />

Para a publicida<strong>de</strong>, diz, mais que interface<br />

<strong>de</strong> voz, é possível pensar nesses<br />

<strong>de</strong>vices como assistentes virtuais, o que<br />

amplia as possibilida<strong>de</strong>s. “Po<strong>de</strong>mos explorar<br />

conteúdos e mensagens ainda<br />

mais customizados, uma vez que os interesses,<br />

perfil, gostos e até os <strong>de</strong>sejos<br />

daquela pessoa estão sendo geridos pela<br />

inteligência artificial”, reflete.<br />

reaLIda<strong>de</strong> Sem VoLTa<br />

“O crescimento <strong>de</strong> plataformas que<br />

usam a interação <strong>de</strong> voz como um serviço<br />

é mais uma confirmação <strong>de</strong> que o comportamento<br />

da socieda<strong>de</strong> é muito suscetível<br />

a mudanças. Antigamente, alguém<br />

falando sozinho soaria como um claro sinal<br />

<strong>de</strong> loucura, mas hoje é uma realida<strong>de</strong><br />

sem volta”, aponta Zico Farina, diretor <strong>de</strong><br />

criação da Artplan SP. A publicida<strong>de</strong>, diz<br />

ele, ainda é um campo inexplorado, salvo<br />

poucos cases.<br />

“Mas o interessante é que será uma<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar um real tom <strong>de</strong> voz<br />

para as marcas. Tornando uma nova maneira<br />

<strong>de</strong> inserir uma conversa, contar<br />

uma história. Seres humanos são bons<br />

ouvintes. Nós sempre falamos da voz das<br />

marcas, como conteúdo, como argumento.<br />

Agora nós vamos falar da voz como<br />

um meio, como uma ferramenta, e há caminhos<br />

incríveis a serem <strong>de</strong>sbravados”,<br />

avalia.<br />

“A criativida<strong>de</strong> se adapta a todo momento<br />

aos novos cenários. Agora não<br />

é diferente. É mais um <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> como<br />

po<strong>de</strong>mos utilizar a criativida<strong>de</strong> para esta<br />

nova plataforma, que já é por si só muito<br />

criativa. No lugar dos spots, on<strong>de</strong> só uma<br />

voz fala, agora po<strong>de</strong>remos propor um diálogo<br />

entre consumidor e produto, em<br />

tempo real”, imagina.<br />

Outro ponto interessante sobre a criativida<strong>de</strong><br />

em interfaces <strong>de</strong> voz é que ela<br />

tem <strong>de</strong> ser trabalhada tendo como protagonistas<br />

não apenas as agências, mas sim<br />

as empresas <strong>de</strong> tecnologia, como aponta<br />

Seidl. “Os assistentes <strong>de</strong> voz consolidam<br />

um outro cenário, que é o da predominância<br />

<strong>de</strong> algumas empresas <strong>de</strong> tecnologia,<br />

como donas do circuito completo.<br />

São elas que <strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mídia<br />

até os limites da criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da<br />

plataforma. Em todas as reuniões e parcerias<br />

que fiz nos EUA e na Europa com<br />

os times <strong>de</strong>ssas empresas ficou claro que<br />

o uso dos assistentes <strong>de</strong> voz tem um caminho<br />

claro e <strong>de</strong>finido pelo time <strong>de</strong> produto,<br />

muito mais do que pela vonta<strong>de</strong> e<br />

i<strong>de</strong>ias das agências”, avalia.<br />

“Antigamente você chegava num canal<br />

<strong>de</strong> televisão e dizia: eu sei que o filme<br />

do Super Bowl é <strong>de</strong> 30 segundos, mas eu<br />

quero pagar mais e fazer 30 comerciais<br />

<strong>de</strong> um segundo. E tudo bem. Só que ninguém<br />

vai mudar os assistentes <strong>de</strong> voz<br />

com dinheiro. Como já não mudou as re<strong>de</strong>s<br />

sociais. Então, é preciso trabalhar em<br />

parceria com os times <strong>de</strong> criação, vendas<br />

e produto do Google, Facebook, Amazon<br />

e Apple”, afirma Seidl.<br />

jornal propmark - <strong>11</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 31

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