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Fabio Seidl: “É o melhor momento para abrir caminho”<br />
“é apenas uma questão<br />
<strong>de</strong> preço para a<br />
<strong>de</strong>mocratização<br />
do uso”<br />
Zico Farina: “Publicida<strong>de</strong> ainda é um campo inexplorado”<br />
o que existe <strong>de</strong> mais prático até agora”,<br />
afirma Fabio Seidl, diretor-executivo <strong>de</strong><br />
criação da Velocity/Omnicom NY. Segundo<br />
ele, o mercado precisa estar atento<br />
para saber lidar com a tecnologia, mas<br />
sem cair em armadilhas comuns a novida<strong>de</strong>s<br />
como essa.<br />
“Como todo novo meio, existe uma<br />
onda <strong>de</strong> ‘preciso estar nessa nova plataforma’<br />
que acaba sendo um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício<br />
<strong>de</strong> dinheiro porque traz a reboque<br />
um monte <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias irrelevantes e<br />
<strong>de</strong>snecessárias. E existe quem vai chegar<br />
para surpreen<strong>de</strong>r e inovar. Esse é o melhor<br />
momento para se explorar e ajudar<br />
a abrir o caminho”, avalia o publicitário.<br />
O case Google Home of The Whopper,<br />
criado pela David Miami para o Burger<br />
King, já <strong>de</strong>monstrou alguns caminhos<br />
possíveis para as interfaces <strong>de</strong> voz. A ação<br />
conquistou o Grand Prix da categoria Direct<br />
Lions no Festival Internacional <strong>de</strong><br />
Criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cannes em 2017. A iniciativa<br />
partia da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “hackear” os Google<br />
Home das pessoas, ao exibir um comercial<br />
em que o ator falava a frase “Ok,<br />
Google. O que é o Whopper?”, que imediatamente<br />
acionava os aparelhos nos<br />
lares, que respondiam lendo a <strong>de</strong>scrição<br />
do sanduíche na Wikipedia. O Google reagiu<br />
e bloqueou a ação, mas não impediu<br />
a marca <strong>de</strong> mostrar o potencial da voz.<br />
“É interessante imaginar as possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> ter um <strong>de</strong>vice capaz <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r<br />
a sua mensagem, fazer com que ela entre<br />
– literalmente – na casa das pessoas, e se<br />
complete com a interface <strong>de</strong> voz. O funil<br />
<strong>de</strong> conversão po<strong>de</strong> ter ainda mais efeito<br />
com ela. Mais que o uso criativo da interface<br />
<strong>de</strong> voz, é pensar também em i<strong>de</strong>ias<br />
<strong>de</strong> ativação. Venda machine-machine”,<br />
afirma Alvaro Rodrigues, CEO e CCO da<br />
Fullpack. “É apenas uma questão <strong>de</strong> preço<br />
para a <strong>de</strong>mocratização do uso. Estamos<br />
apenas no início da exploração <strong>de</strong><br />
todo o seu potencial, mas já é possível<br />
afirmar que elas são capazes <strong>de</strong> mudar<br />
o modo como nos relacionamos com as<br />
marcas”, completa.<br />
A pedido da reportagem do PROP-<br />
MARK, Rodrigues dá exemplos <strong>de</strong> como<br />
a voz tem se tornado uma nova fronteira<br />
para conectar marcas e pessoas. “Em<br />
algumas lojas da Starbucks, é possível<br />
fazer o seu pedido falando para uma IA.<br />
A Merce<strong>de</strong>s-Benz lançou a plataforma<br />
Mbux, que permite que você abra o seu<br />
teto solar, ajuste a temperatura, controle<br />
o som, enfim, use a voz para controlar<br />
o carro. A Whirlpool anunciou que seus<br />
futuros produtos serão compatíveis com<br />
o Alexa, o assistente <strong>de</strong> voz da Amazon.<br />
Já imaginou lavar roupas, cozinhar, mudar<br />
a temperatura <strong>de</strong> uma gela<strong>de</strong>ira apenas<br />
pela voz? E mais: a interface <strong>de</strong> voz<br />
po<strong>de</strong> inclusive fazer as compras para<br />
abastecer os equipamentos, dar conselhos<br />
sobre compras, ajudar na tomada <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>cisão”, imagina.<br />
Para a publicida<strong>de</strong>, diz, mais que interface<br />
<strong>de</strong> voz, é possível pensar nesses<br />
<strong>de</strong>vices como assistentes virtuais, o que<br />
amplia as possibilida<strong>de</strong>s. “Po<strong>de</strong>mos explorar<br />
conteúdos e mensagens ainda<br />
mais customizados, uma vez que os interesses,<br />
perfil, gostos e até os <strong>de</strong>sejos<br />
daquela pessoa estão sendo geridos pela<br />
inteligência artificial”, reflete.<br />
reaLIda<strong>de</strong> Sem VoLTa<br />
“O crescimento <strong>de</strong> plataformas que<br />
usam a interação <strong>de</strong> voz como um serviço<br />
é mais uma confirmação <strong>de</strong> que o comportamento<br />
da socieda<strong>de</strong> é muito suscetível<br />
a mudanças. Antigamente, alguém<br />
falando sozinho soaria como um claro sinal<br />
<strong>de</strong> loucura, mas hoje é uma realida<strong>de</strong><br />
sem volta”, aponta Zico Farina, diretor <strong>de</strong><br />
criação da Artplan SP. A publicida<strong>de</strong>, diz<br />
ele, ainda é um campo inexplorado, salvo<br />
poucos cases.<br />
“Mas o interessante é que será uma<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar um real tom <strong>de</strong> voz<br />
para as marcas. Tornando uma nova maneira<br />
<strong>de</strong> inserir uma conversa, contar<br />
uma história. Seres humanos são bons<br />
ouvintes. Nós sempre falamos da voz das<br />
marcas, como conteúdo, como argumento.<br />
Agora nós vamos falar da voz como<br />
um meio, como uma ferramenta, e há caminhos<br />
incríveis a serem <strong>de</strong>sbravados”,<br />
avalia.<br />
“A criativida<strong>de</strong> se adapta a todo momento<br />
aos novos cenários. Agora não<br />
é diferente. É mais um <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> como<br />
po<strong>de</strong>mos utilizar a criativida<strong>de</strong> para esta<br />
nova plataforma, que já é por si só muito<br />
criativa. No lugar dos spots, on<strong>de</strong> só uma<br />
voz fala, agora po<strong>de</strong>remos propor um diálogo<br />
entre consumidor e produto, em<br />
tempo real”, imagina.<br />
Outro ponto interessante sobre a criativida<strong>de</strong><br />
em interfaces <strong>de</strong> voz é que ela<br />
tem <strong>de</strong> ser trabalhada tendo como protagonistas<br />
não apenas as agências, mas sim<br />
as empresas <strong>de</strong> tecnologia, como aponta<br />
Seidl. “Os assistentes <strong>de</strong> voz consolidam<br />
um outro cenário, que é o da predominância<br />
<strong>de</strong> algumas empresas <strong>de</strong> tecnologia,<br />
como donas do circuito completo.<br />
São elas que <strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mídia<br />
até os limites da criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da<br />
plataforma. Em todas as reuniões e parcerias<br />
que fiz nos EUA e na Europa com<br />
os times <strong>de</strong>ssas empresas ficou claro que<br />
o uso dos assistentes <strong>de</strong> voz tem um caminho<br />
claro e <strong>de</strong>finido pelo time <strong>de</strong> produto,<br />
muito mais do que pela vonta<strong>de</strong> e<br />
i<strong>de</strong>ias das agências”, avalia.<br />
“Antigamente você chegava num canal<br />
<strong>de</strong> televisão e dizia: eu sei que o filme<br />
do Super Bowl é <strong>de</strong> 30 segundos, mas eu<br />
quero pagar mais e fazer 30 comerciais<br />
<strong>de</strong> um segundo. E tudo bem. Só que ninguém<br />
vai mudar os assistentes <strong>de</strong> voz<br />
com dinheiro. Como já não mudou as re<strong>de</strong>s<br />
sociais. Então, é preciso trabalhar em<br />
parceria com os times <strong>de</strong> criação, vendas<br />
e produto do Google, Facebook, Amazon<br />
e Apple”, afirma Seidl.<br />
jornal propmark - <strong>11</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 31