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Culture&Territories#3

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Neighbourhood & City<br />

sujeitas a adaptações, bem como levar em consideração indivíduos, grupos ou<br />

organizações que têm algum interesse e/ou que podem de alguma maneira influenciar<br />

no processo. Incentivar e capacitar as partes interessadas a participar nas decisões<br />

políticas é um quesito central numa abordagem para o desenvolvimento urbano que<br />

leva sustentável no seu cerne. Isso exige algumas mudanças substanciais, pois a<br />

sustentabilidade exige um modelo de governança misto, entre a democracia representativa<br />

e a direta. Na sociedade da informação e do conhecimento os cidadãos<br />

já não aceitam o mero papel de espectadores, já que querem intervir diretamente<br />

na formulação, implementação e fiscalização de políticas públicas. Manifestações<br />

recentes são exemplos de que a população já não aceita que processos decisórios<br />

ocorram a portas fechadas, capturados por interesses políticos, empresariais ou<br />

lobistas (Rolnik, 2014). Processos participativos fortalecem a transparência e a<br />

probidade nas relações do estado com os cidadãos.<br />

A cidade assume uma função social quando assegura a todos os habitantes a plena<br />

participação na economia e cultura local, no uso de recursos, no exercício da cidadania,<br />

e quando da implementação de projetos e investimentos os vincula a critérios de<br />

justiça social, respeito à cultura local e sustentabilidade ecológica. Muitas cidades<br />

estão, no entanto, distantes de oferecer condições e oportunidades equitativas.<br />

Na maioria delas a população está privada ou limitada em virtude da sua situação<br />

económica, social, cultural, étnica, de gênero e idade, para satisfazer as suas necessidades<br />

mais básicas. Como resultado temos segregação, áreas urbanas fragmentadas<br />

e classes políticas incapazes de produzir mudanças significativas (UCLG, 2006). Essa<br />

desigualdade perpetua também aspetos negativos relativos aos espaços públicos,<br />

como disponibilidade, distribuição e acesso. As cidades, e os seus espaços, no<br />

entanto, não precisam ser adversos; uma cidade inóspita e despojada de amenidades<br />

e atratividades não é inevitável. É possível criar, construir e equipar as nossas<br />

cidades para que todos possam usufruí-la igualmente. Como a ser demonstrado<br />

abaixo, promover espaços públicos com qualidade e acessibilidade traz ganhos não<br />

só de funcionalidade, ecológico-ambientais e económicos, mas são uma garantia<br />

de uma melhor qualidade de vida. Sustentabilidade é também um processo de aprendizagem<br />

para todos. Hoje há um vasto repertório de exemplos e experiências em<br />

diversos níveis. Aos poucos, a administração pública e a política estão aprendendo a<br />

prestar atenção ao que acontece a nível das bases locais e, assim, a dar-lhes valor, e ao<br />

incentivar mais iniciativas de bairro, também aprende com elas e passa adotá-las nas<br />

políticas (Rolnik, 2014).<br />

139<br />

ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS: O PALCO DA VIDA URBANA<br />

Entenda-se espaço livre público como um termo coletivo e, no seu sentido mais <strong>amp</strong>lo,<br />

para definir todo aquele espaço não construído inserido no tecido urbano, isto é,<br />

com o predomínio de áreas desprovidas de edificações, e estabelecido e mantido<br />

com determinado fim. Podendo este ser desde propiciar a infraestrutura para a

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