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Culture&Territories#3

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CeiED | CULTURE & TERRITORY<br />

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é identificado no percurso definido pelos projetos de edifícios como o Instituto<br />

Superior Técnico (1927) e os edifícios habitacionais das Avenidas António Augusto<br />

de Aguiar e Sidónio Pais (1943), todos da autoria de Pardal Monteiro, bem como<br />

a organização da Exposição do Mundo Português (1940) por Cottinelli Telmo, ou<br />

o Plano de Alvalade (1944), de Faria da Costa.<br />

Os recortes temporais referem os momentos cruciais da vivência social dos arquitetos.<br />

Refletem ainda as opções políticas e profissionais de um grupo significativo<br />

de arquitetos: o 1º Congresso da classe decorre num ambiente de pós-guerra. Nesta<br />

sequência de acontecimentos, o caminho já havia sito traçado e novas configurações<br />

físicas surgiriam associadas ao Movimento Moderno definindo troços urbanos que<br />

exemplificam tal trajetória. Sabe-se que a construção do Bairro de Alvalade inicia-se<br />

poucos anos antes do Congresso Nacional de Arquitetura. Observando-se que cinco<br />

anos após o seu início, começam a ser construídos conjuntos habitacionais com base<br />

no “bloco” implantado de modo transversal relativamente aos eixos viários. Sabe-se<br />

ainda que foram concebidos e construídos conjuntos habitacionais e bairros com<br />

base nos conceitos modernos no período imediato pós-Congresso.<br />

Na sequência destes conjuntos habitacionais e numa <strong>amp</strong>liação de escala surge<br />

o Bairro dos Olivais Norte. Sob a tutela do Gabinete Técnico de Habitação (GTH),<br />

o bairro é planeado pela Câmara Municipal de Lisboa entre 1955-58, Fig. 1 a 8<br />

(Ramos, 2012). A operação constituiu, na época, a maior operação urbana realizada<br />

na cidade de Lisboa segundo a nova linguagem da modernidade. O Plano dos Olivais<br />

Norte evidencia uma rutura com a prática urbanística até então utilizada, constituindo<br />

a primeira grande realização, em Lisboa, de um plano concebido segundo os<br />

princípios expressos na Carta de Atenas (Almeida & Fernandez, 1986; Fernandez,<br />

1988). Os elementos morfológicos da cidade tradicional (a rua, a praça e o quarteirão)<br />

são substituídos pela implantação livre da massa edificada no espaço livre ajardinado<br />

(edifícios isolados) e pelos princípios de distribuição de funções diferenciadas<br />

segundo tipos de atividades (zoneamento funcional). A habitação concentra-se em<br />

torres e blocos dispostos na malha de acordo com a procura de melhores condições<br />

de salubridade e encontram-se implantados independentemente do traçado viário<br />

proposto. Os edifícios, enquanto volumes elementares, constituem determinadas<br />

configurações, através da sua repetição ou combinação. As tipologias utilizadas são<br />

as moradias térreas geminadas, e os blocos multifamiliares isolados (em banda ou em<br />

torre). O núcleo central da malha é composto pelo centro cívico e comercial,<br />

encontrando-se, as funções comerciais e de serviços em situações pontuais no<br />

tecido. O equipamento escolar é assumido como um elemento de atração no<br />

conjunto. A rede de circulação pedonal permite o livre atravessamento do bairro<br />

através de várias alternativas de trajetos. Assim, a análise proposta apoia-se neste<br />

efeito ‘boomerang’ que identifica a participação dos arquitetos nas obras construídas<br />

antes e depois do Congresso, permitindo formar um quadro definido pelas redes<br />

profissionais estruturadas pelos arquitetos participantes do Congresso.

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