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Culture&Territories#3

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CeiED | CULTURE & TERRITORY<br />

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agradável e seguro. Em lugares seguros, ele constata a tendência de se encontrar<br />

uma proporção maior de mulheres.<br />

Em um sentido político, os espaços públicos oferecem um fórum para a representação<br />

política, de exibição e de ação (Habermas, 1990). A terem a qualidade de ser<br />

espaços para todos (open to all, Thompson, 2002) são territórios neutros, inclusivos<br />

e pluralistas, já que aceitam e acolhem a diversidade das sociedades urbanas. Isso<br />

traduz-se em um caráter simbólico em que os espaços públicos podem agregar,<br />

funcionando como representante do coletivo e da sociabilidade, em vez da promoção<br />

da individualidade e privacidade (Thompson, 2002; Smaniotto & Schmitz, 2013).<br />

Se por um lado, os espaços públicos trazem vários benefícios ao ambiente urbano<br />

onde estão inseridos, por outro, o próprio ambiente urbano é causa de problemas.<br />

A poluição atmosférica e sonora, gerada principalmente pelo tráfego, são problemas<br />

comuns em muitas cidades (veja Figura 3). Outros problemas são efeitos do clima<br />

urbano já descritos acima. Esses efeitos criam um paradoxo pois justamente os<br />

grandes centros urbanos e aquelas áreas mais densamente habitadas, pelo caráter<br />

preponderantemente artificializado de sua paisagem, são as que mais se beneficiam com<br />

os espaços verdes, mas são também aquelas que oferecem condições menos propícias.<br />

O significado cultural dos espaços públicos está ligado à capacidade destes em<br />

oferecer espaços para criar e exibir rituais e símbolos sociais e culturais que têm<br />

significado para os habitantes, produzindo um senso distintivo do lugar e vizinhança.<br />

Neste contexto, os espaços públicos têm um relevante papel na qualidade urbana.<br />

Na acirrada concorrência entre as cidades europeias, qualidade de vida pode ser um<br />

fator determinante: as cidades “verdes” podem atrair mais empresas e mão-de-obra<br />

especializada.<br />

O ACESSO AOS ESPAÇOS PÚBLICOS - UM POSSÍVEL CAMINHO PARA A<br />

EQUIDADE ESPACIAL<br />

As cidades variam enormemente no que diz respeito à forma urbana, como são<br />

organizadas, e como têm sido moldadas por fatores económicos e decisões políticas<br />

concernentes ao uso do espaço (para habitação, comércio, infraestruturas, estradas<br />

e espaços livres, etc.), e como os recursos naturais e cénicos são usados. Cada cidade<br />

é única, e nesta particularidade, molda seus moradores. Há cidades que sensibilizam<br />

os habitantes para algumas preocupações, enquanto outras desencorajam. Embora<br />

únicas, a maioria das cidades têm problemas similares relacionados à questões da<br />

paisagem urbana. Levantamentos no âmbito dos projetos URGE e GreenKeys revelam<br />

que enquanto algumas cidades em termos quantitativos contam com espaços<br />

suficientes, mas com distribuição desigual ou uma tipologia muito simplificada para<br />

atender as necessidades de seus habitantes; outras carecem até mesmo de um<br />

mínimo básico (Smaniotto et al., 2008). Mesmo aquelas que dispõem de uma certa<br />

abundância em espaços verdes, com estruturas e tipos variados, contam muitas vezes<br />

com recursos financeiros e humanos inadequados para a manutenção (Wilkinson,

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