CONSENSO SOBRE CONTRACEÇÃO 2020
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Contraceção Hormonal e Intrauterina com Condições Médicas Especiais | DOENÇAS NEUROLÓGICAS | D7<br />
Nas mulheres com enxaqueca com aura devem ser considerados como primeira opção contracetiva os métodos hormonais com<br />
progestativo isolado ou os métodos não hormonais.<br />
A utilização do PO parece associar-se a uma redução na frequência das enxaquecas (com e sem aura), na sua duração e no consumo<br />
de analgésicos e triptanos.<br />
Qualquer cefaleia que surja de novo ou se agrave durante o uso de contraceção só com progestativo, deve ser avaliada 1-10 .<br />
Epilepsia e medicamentos anticonvulsivantes<br />
Não existem evidências científicas que o uso de CH agrave a epilepsia. Na epilepsia não medicada pode ser usado qualquer método<br />
contracetivo (Categoria 1).<br />
Os medicamentos anticonvulsivantes que sejam indutores enzimáticos reduzem a eficácia dos contracetivos hormonais (orais,<br />
transdérmicos, vaginais).<br />
A indução enzimática máxima pode levar 2 a 3 semanas até ser atingida, permanecendo ao longo de cerca de 4 semanas. Se o<br />
uso do fármaco for prolongado, o efeito indutor pode permanecer até 8 semanas após o fim da terapêutica, sendo indispensável<br />
associar outro método durante a toma e até 4 a 8 semanas após a cessação da medicação.<br />
O progestativo injetável e o DIU cobre representam os contracetivos melhor elegíveis nas mulheres medicadas com indutores enzimáticos.<br />
Os níveis de progestativo incluídos na injeção trimestral de acetato de medroxiprogesterona são substancialmente mais altos aos<br />
necessários para suprimir a ovulação. Pelo que, de todos os contracetivos hormonais, o progestativo injetável é o que mais mantém<br />
eficácia contracetiva com o uso concomitante de indutores enzimáticos, no entanto não existem estudos que demonstrem este facto.<br />
Os estudos de farmacocinética indicam uma diminuição dos níveis de etonorgestrel nas mulheres utilizadoras de carbamazepina<br />
e existem casos descritos de gravidez. No entanto, como o implante é um contracetivo muito efetivo o risco de falha contracetiva<br />
é menor do que com os outros métodos contracetivos, por este facto é considerado Categoria 2.<br />
A eficácia do SIU- LNG não é alterada pelo uso de indutores enzimáticos.<br />
O Valproato de Sódio é um dos anticonvulsivantes mais utilizados. Não é indutor enzimático e, portanto, não altera a eficácia dos<br />
contracetivos hormonais (oral, transdérmico, vaginal, implante, injetável). Tem efeitos teratogénicos e impacto cognitivo negativo.<br />
A Agência Europeia do medicamento recomenda não utilizar o valproato de sódio em mulheres em idade fértil a menos que outro<br />
medicamento não seja eficaz ou não seja tolerado. Se este fármaco for utilizado deve ser assegurado um contracetivo muito efetivo.<br />
O Topiramato na dose de ≤ 200 mg dia não tem efeito clínico sobre a eficácia dos CH. Esta evidência é particularmente importante<br />
nas mulheres que usam doses baixas de topiramato especialmente na profilaxia da enxaqueca.<br />
O EE altera os níveis séricos de lamotrigina e valproato de sódio. Este efeito sobre o valproato de sódio é modesto e a sua a relevância<br />
clínica não está esclarecida.<br />
A Lamotrigina é o único antiepilético cujo metabolismo é afetado pelo uso de CHC. O EE aumenta (duplica) a clearance da Lamotrigina<br />
aumentando a sua eliminação, reduzindo a sua eficácia e levando ao aparecimento de crises convulsivas. Concomitantemente, os níveis<br />
de Lamotrigina aumentam no intervalo livre de hormonas do CHC. No uso concomitante de Lamotrigina e CHC, a dose do medicamento<br />
deve ser ajustada e sugere-se o uso do CHC em regime contínuo. Não foi verificada esta ação com os progestativos isolados.<br />
A Lamotrigina não tem influência na eficácia do contracetivo hormonal 1-5 , 11-25 .<br />
(ver Secção F.3: Interações farmacológicas com a contraceção hormonal)<br />
Esclerose múltipla (EM)<br />
Todos os métodos são elegíveis nas mulheres com EM. A única restrição parece existir no uso de CHC nas mulheres com EM<br />
com imobilização prolongada ou alterações na mobilidade pelo risco de tromboembolismo. Não existem estudos que avaliem o<br />
aumento do risco de tromboembolismo em mulheres com esclerose múltipla e uso de CHC. No entanto as mulheres com EM têm<br />
um maior risco de TEV quando comparadas com mulheres sem a doença.<br />
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