CONSENSO SOBRE CONTRACEÇÃO 2020
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Contraceção Hormonal e Intrauterina com Condições Médicas Especiais | DOENÇAS GASTROINTESTINAIS | D4<br />
A evidência científica é limitada no uso de COC nas mulheres com Hepatite aguda. Aceitando-se que o risco de iniciar um COC em<br />
geral ultrapassa os benefícios e que este método não deve ser usado numa fase aguda de doença. No entanto, para uma mulher<br />
já utilizadora do método, os benefícios contracetivos da sua utilização superam os riscos. O risco do uso do COC deve ser avaliado<br />
em função da severidade da doença, considerando-se que não é aceitável o risco de gravidez não planeada durante uma hepatite<br />
viral aguda ou crónica (com o risco acrescido de transmissão vertical).<br />
O uso de CP (Oral, injetável, implante, SIU) e DIU não apresenta restrições.<br />
Nas mulheres portadoras assintomáticas, o uso de COC não aumenta o risco de insuficiência ou disfunção hepática.<br />
É limitada a evidência científica (mas consistente) que sugere que nas mulheres com Hepatite Crónica o uso de COC não aumenta<br />
o risco de cirrose e de carcinoma hepatocelular 1-4,6 .<br />
Cirrose<br />
Na fase avançada da doença é frequente disfunção do eixo hipotalâmico-hipofisário e malnutrição, que conduzem a anovulação e<br />
se traduzem por amenorreia ou oligomenorreia. A gravidez é pouco frequente, no entanto a infertilidade não é garantida. A gravidez<br />
está associada a um risco elevado de desfecho desfavorável (materno, fetal e neonatal) (ver Introdução).<br />
Para as mulheres com cirrose compensada todos os métodos de contraceção são elegíveis.<br />
Para as mulheres com cirrose severa ou descompensada os métodos hormonais combinados não devem ser utilizados (Categoria 4).<br />
O uso de métodos com progestativo isolado deve ser ponderado individualmente, mas os riscos superam os benefícios (Categoria 3).<br />
O SIU aprovado para o tratamento da hemorragia uterina abundante utilizado nas mulheres com cirrose associada a trombocitopenia,<br />
pode ter benefícios não contracetivos importantes.<br />
É elegível o uso de DIU mas, nas mulheres com trombocitopenia ou HUA, o seu uso deve ser ponderado 1-4,7,8 .<br />
Tumores hepáticos<br />
É limitada a evidência da influência do uso de CH na progressão da hiperplasia nodular focal.<br />
Não existe evidência científica no uso de CH nas mulheres com outros tumores hepáticos 1-4,6,9,10 .<br />
Doença inflamatória intestinal (DII)<br />
Nas mulheres com DII o aconselhamento pré-concecional é fundamental. É desejável que a gravidez ocorra de forma programada<br />
com a doença em remissão e sob terapêutica não teratogénica.<br />
A evidência científica sugere que os CH não influenciam a progressão da DII. Embora um estudo retrospetivo com 4000 mulheres<br />
com D. Crohn e utilizadoras de COC há mais de 3 anos tenha demonstrado um aumento do risco cirúrgico das utilizadoras quando<br />
comparadas com as não utilizadoras (RR de 1.68, 95% CI 1.06–2.67)<br />
Os estudos de farmacocinética antigos usando elevadas doses de COC (fora de utilização atualmente) sugerem que a absorção<br />
dos esteroides não difere nas mulheres com colite ulcerosa ligeira ou com ileostomia comparadas com mulheres saudáveis. Não<br />
existem estudos de farmacocinética publicados com os COC utilizados atualmente.<br />
Nas mulheres com D. Crohn grave e resseções intestinais mais extensas o uso de contracetivos orais deve ser individualizado.<br />
As mulheres com DII têm um risco de TEV 2x superior as mulheres saudáveis (a doença ativa têm um risco de TEV 3 a 8 x superior).<br />
Os CHC são elegíveis para mulheres com DII estável (Categoria 2).<br />
Os CHC devem ser utilizados com precaução nas mulheres com DII e outros fatores de risco para TEV (doença ativa e grave, imobilização,<br />
obesidade, uso de corticoterapia, hipovolémia, desidratação (passando nestas situações a Categoria 3).<br />
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