Mercado Gestão Mudança de paradigma A mudança de paradigma já começou. Há uma mudança fundamental na forma como desenvolvemos a nossa atividade no setor <strong>dos</strong> pneus, e vai ser necessário gastar dinheiro para sobreviver e prosperar. Tem muito tempo para se preparar, mas apenas se começar já 70 | <strong>Revista</strong> <strong>dos</strong> <strong>Pneus</strong> | Junho 2021
Preparar a empresa para o futuro s próximos anos vão ser um enorme desafio para as empresas, à medida que assistimos à chegada de muitas mudanças a este setor. Será uma época incrível para fazer parte da evolução, e será emocionante ver quem responde ao desafio e aceita a responsabilidade de liderar as empresas. Para começar, o fluxo de caixa tem de ser uma prioridade para to<strong>dos</strong> os proprietários. Se o seu lucro líquido se mantiver estagnado e as suas despesas forem demasiado elevadas, a falência da empresa é inevitável. Por isso é tão importante preparar o fluxo de caixa agora. Aumente as tabelas de mão de obra, as suas margens nas peças e gira a folha de pagamentos em conformidade. Seja um líder confiante de que está a preparar a sua empresa para o futuro. O fluxo de caixa não se trata de lucros líqui<strong>dos</strong>, embora os lucros líqui<strong>dos</strong> se enquadrem no fluxo de caixa. O fluxo de caixa é o que acontece ao seu dinheiro uma vez que a empresa produza lucro líquido (o dinheiro extra que resta após as vendas menos o custo das mercadorias vendidas e despesas). Todo o lucro líquido é direcionado para uma conta de fluxo de caixa, a partir da qual a empresa paga impostos, lança contas a receber, compra o próximo carregamento de pneus, paga os principais empréstimos e investe nas instalações (novo equipamento) e nos funcionários (aumentos salariais e formação). Sem lucro líquido uma empresa pode existir durante vários anos. Sem fluxo de caixa, a sua empresa entra em falência e o governo encerra-a, as suas dívidas são pagas ao governo e depois aos seus credores. Fim do jogo. São muitos os proprietários de pequenas empresas que frequentemente se perguntam, “Eu tive lucro líquido no mês passado, porque é que a minha conta bancária não tem dinheiro?” O fluxo de caixa é o principal motivo. Uma demonstração de resulta<strong>dos</strong> que apresente lucro líquido, não indica a situação de tesouraria da empresa. Uma demonstração de resulta<strong>dos</strong> indica apenas o volume do lucro realizado durante a atividade regular da empresa num momento específico, o que no nosso caso é a venda de pneus e o fornecimento de serviços automóveis. As demonstrações de resulta<strong>dos</strong> não incluem o movimento de dinheiro em torno da empresa. Para além de evitar a falência, ter um fluxo de caixa positivo é importante por várias razões. Um banco, caso pretenda contrair um empréstimo, quererá analisar o seu fluxo de caixa. Se o seu fluxo de caixa for demasiado limitado, o banco não irá conceder o empréstimo para a nova máquina de alinhamento. Ou para qualquer outra coisa. O banco pretende verificar um fluxo de caixa sólido, porque isso constituirá prova de que consegue cumprir os seus pagamentos. Não há fluxo de caixa? Não há dinheiro. Ou seja, não há empréstimo. Um exemplo simples de fluxos de caixa que indicam dificuldades seria algo deste género: Uma empresa começa com 25 000 euros em dinheiro e faz 50 000 euros em lucro líquido no final do ano. Para a empresa isto representa 75 000 euros em dinheiro. Após o pagamento de impostos, novo inventário, empréstimo principal, e outros itens, restam à empresa, por exemplo, 10 000 euros em dinheiro disponível. Digamos que a empresa tem o mesmo volume de negócios no ano seguinte. Mas uma vez que restam apenas 10 mil euros para começar, o final equivale a 50 mil euros em lucro líquido mais os 10 mil euros em dinheiro. No ano anterior tínhamos 75 mil euros em dinheiro. Agora temos 60 mil. No ano seguinte, se a atividade permanecer inalterada, o fluxo de caixa disponível diminuirá para 45 mil euros. Se algo não mudar, esta empresa irá falir e as portas vão fechar-se definitivamente. POR QUE MOTIVO É IMPORTANTE CONTRATAR O QUE NÃO CONSEGUE ENSINAR O comércio de pneus e <strong>dos</strong> serviços automóveis são atividades muito dinâmicas e competitivas. Estamos a assistir a uma consolidação de proporções gigantescas e a tecnologia está a avançar a um ritmo vertiginoso. O conceito de oficina “familiar” é algo raro hoje em dia, e ser uma oficina independente significa ser um líder em tecnologia. No passado, o senso comum dizia que os grandes protagonistas tinham o dinheiro necessário para estarem na vanguarda. Presentemente, é mais plausível que uma oficina independente ou uma pequena rede seja mais flexível e aceite a mudança mais rapidamente do que os protagonistas de maior dimensão. As oficinas independentes conseguem agora rentabilizar a agilidade como uma vantagem importante, mas para isso devem ter em atenção diversos fatores: sala de receção limpa e moderna, instalações bem iluminadas, funcionários cordiais com uniformes apruma<strong>dos</strong>, tecnologia ao alcance de to<strong>dos</strong> os funcionários, que devem sempre tentar melhorar a experiência do cliente. Este é o preço a pagar para fazer parte do negócio de manutenção e reparação automóvel, onde se incluem os serviços de pneus. Não é fácil identificar a transição, mas ao focar-se na guerra de preços e no modelo de corte de despesas ao máximo, a empresa perde a sua vantagem competitiva. Os bons funcionários partem e os maus funcionários vão ficando... eternamente. To<strong>dos</strong> começam a trabalhar em piloto automático. NAVEGAR NA INDÚSTRIA DOS PNEUS Aprenda a tornar o seu negócio eficiente, bem-sucedido e, acima de tudo, rentável. Fale com quem sabe de gestão e marketing para o ajudar a identificar as suas oportunidades e a maximizar o seu potencial para ser mais bem sucedido a nível profissional e pessoal. O objetivo não é dar formação aos colaboradores sobre como vender mais pneus, mas ensiná-los a melhorarem os seus conhecimentos e serem mais profissionais. Para fazer crescer a sua empresa, tem de aprender a confiar nos seus funcionários. Como proprietários, a maioria começou no negócio aprendendo os truques do ofício com o pai, o avô, ou com uma empresa de maior dimensão do comércio de pneus. Em seguida compraram o negócio à família ou estabeleceram-se por conta própria. Geralmente trata-se de uma oficina pequena, e nos primeiros meses o proprietário desempenha as funções de empresário, patrão, empregado de limpeza, mecânico em part-time, responsável de RH, e qualquer outra função que seja necessário desempenhar. Após alguns anos sem receber salário, a empresa começa a fazer algum dinheiro. E então começa a crescer. Contrata alguns técnicos, alguns vendedores e algum pessoal para o escritório. O problema é que o proprietário geralmente continua a envolver-se em todo o trabalho em vez de o gerir. Isto representa um problema. O proprietário torna-se a solução efetiva para to<strong>dos</strong> os problemas na oficina. E assim que a oficina atinge uma faturação de cerca de meio milhão de euros, isto traduz-se numa pressão imensa, e o proprietário sente que tem de estar em todo o lado, a toda a hora. É um cenário impossível. Não pode tirar um www.revista<strong>dos</strong>pneus.com | 71