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Preparar a empresa para o futuro<br />
automóvel. Vamos descrever o panorama<br />
atual e o do futuro. O primeiro fator de impacto<br />
a afetar-nos é a consolidação, o nível<br />
de distribuição e as principais cadeias. Na<br />
sua essência, a consolidação prende-se com<br />
a melhoria <strong>dos</strong> lucros brutos, tanto para fabricantes<br />
de pneus como para distribuidores.<br />
Vários outros aspetos são relevantes,<br />
como eficiência e processos mais rápi<strong>dos</strong><br />
(eventualmente ou desejavelmente), mas<br />
a principal motivação para consolidar é<br />
melhorar os lucros brutos.<br />
O que isto significa para os revendedores de<br />
pneus independentes é uma forte redução<br />
na margem de pneus e peças, uma vez que<br />
ambas as áreas estão a atravessar um período<br />
de consolidação. Para os revendedores, as<br />
margens têm de ser protegidas agora e aumentadas<br />
para níveis aceitáveis. Os revendedores<br />
que operam com margens em peças<br />
e pneus entre cinco e dez pontos abaixo do<br />
valor em que deviam operar vão atravessar<br />
uma crise de liquidez tão grave que lhes será<br />
difícil realizar as suas compras seguintes.<br />
O segundo fator a atingir os revendedores,<br />
caso ainda não tenha acontecido, é uma batalha<br />
salarial. Se há algo que não é necessário<br />
explicar a qualquer proprietário de oficina<br />
é a quantidade reduzida de técnicos e funcionários<br />
talentosos que começam a trabalhar<br />
na oficina pela primeira vez dispostos<br />
a aguentarem as dificuldades associadas à<br />
aprendizagem e ao ambiente geral da oficina<br />
para ultrapassarem os primeiros dois anos,<br />
período em que as rotações ocorrem em<br />
maior número.<br />
Resumindo, a indústria apresenta uma elevada<br />
rotação de pessoal no nível inicial, e<br />
não existem funcionários competentes em<br />
número suficiente para satisfazer a procura.<br />
Esta realidade, devido às forças naturais de<br />
mercado, cria uma batalha salarial. O salário<br />
<strong>dos</strong> técnicos vai aumentar consideravelmente<br />
porque as oficinas vão ter de captar<br />
o talento disponível na economia local. A<br />
realidade é que na última década foi transmitido<br />
a quase to<strong>dos</strong> os jovens entre os 12<br />
e os 19 anos que a universidade era a única<br />
opção, o que significa que houve poucas<br />
pessoas a optar pelos ofícios. Uma batalha<br />
salarial, para além da consolidação, representa<br />
uma pressão adicional para a oficina.<br />
O terceiro fator com impacto na indústria é<br />
a tecnologia. Sistemas de aviso de faixa de<br />
rodagem telemetria, sistemas anticolisão<br />
e uma miríade de outras tecnologias vão<br />
inflacionar rapidamente os alinhamentos<br />
de direção <strong>dos</strong> tradicionais 40 euros para<br />
valores superiores, em alguns casos para<br />
valores bem acima <strong>dos</strong> 100 euros. Isto vai<br />
exigir uma atualização profunda na tecnologia,<br />
e representa mais um embate no<br />
fluxo de caixa. Atualizações tecnológicas<br />
básicas serão necessárias em breve, designadamente<br />
a aquisição de equipamentos<br />
ADAS. Os proprietários de pequenas oficinas<br />
que não se encontrem em posição de<br />
investir fortemente nos principais recursos<br />
da empresa, nos seus funcionários e no<br />
equipamento, vão ser radicalmente ultrapassa<strong>dos</strong><br />
e qualquer tipo de recuperação<br />
será praticamente impossível.<br />
Trata-se de uma oportunidade para profissionalizar<br />
o setor. É uma chamada de atenção<br />
importantíssima para as empresas que estão<br />
preparadas para evoluir, para que possam<br />
atingir níveis inéditos de competitividade. A<br />
mudança é sempre difícil, mas a mudança é<br />
agora constante. Devíamos procurar a forma<br />
mais rentável de nos adaptarmos pois não<br />
é aceitável resistir à mudança.<br />
É difícil manter o foco<br />
Não é fácil assegurar que a experiência do<br />
seu cliente é excelente. É difícil garantir que<br />
contrata os melhores funcionários de acordo<br />
com os recursos da sua empresa. Mas nada<br />
disso significa que deva descurar o que é<br />
importante. O que realmente o distingue da<br />
concorrência são as pessoas que trabalham<br />
na sua oficina. E curiosamente, o importante<br />
não é o volume de conhecimentos sobre<br />
pneus e automóveis que possuem. Estes conhecimentos<br />
podem ser ensina<strong>dos</strong> e aprendi<strong>dos</strong>.<br />
O importante é aquilo que não pode<br />
ser ensinado. Os funcionários preocupam-<br />
-se? Ouvem? Agem como se quisessem fazer<br />
tudo corretamente? Quando foi a última vez<br />
que um cliente se queixou sobre o facto de<br />
um colaborador não saber o suficiente? Qual<br />
a última vez que um cliente se queixou sobre<br />
a forma como foi tratado? São questões que<br />
o proprietário deve colocar para conhecer<br />
melhor os seus funcionários.<br />
COMO ENCONTRAR OU CONTRATAR<br />
A PESSOA CERTA?<br />
Esta é uma questão complicada, para a qual<br />
não há respostas fáceis. No entanto, ao entrevistar<br />
um candidato, pergunta apenas<br />
sobre o tempo de experiência que tem no<br />
setor ou pergunta também sobre a última<br />
vez que lidou com um cliente insatisfeito,<br />
ou sobre a última vez que teve um desentendimento<br />
com um colega? Pode aprender<br />
imenso sobre a atitude de um funcionário<br />
apenas com estas duas perguntas. E pode<br />
fazer várias outras perguntas. Basta pensar<br />
em alguns <strong>dos</strong> problemas comuns relaciona<strong>dos</strong><br />
com a oficina, as situações inerentes<br />
à rotina diária. Pergunte a potenciais funcionários<br />
sobre o que fizeram no passado, mas<br />
não se limite a perguntar “o que faria” uma<br />
vez que perguntas hipotéticas recebem respostas<br />
hipotéticas. Pergunte apenas sobre<br />
o que fizeram ultimamente. Mesmo que o<br />
emprego não tenha sido no setor automóvel<br />
pode focar-se no atendimento a clientes,<br />
na relação com colegas, na opinião sobre<br />
o antigo patrão, que bónus tinham... a lista<br />
é quase infindável.<br />
Lembre-se, contratamos o que não conseguimos<br />
ensinar: atitude, determinação, pontualidade<br />
no trabalho. Após a contratação,<br />
ensinar como um pneu é feito, ou o que<br />
é uma descrição do serviço, ou como um<br />
alternador funciona — essa é a parte fácil.<br />
Contratar alguém que proporcione ao cliente<br />
a melhor experiência irá proporcionar-lhe<br />
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