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Revista dos Pneus 63

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Preparar a empresa para o futuro<br />

automóvel. Vamos descrever o panorama<br />

atual e o do futuro. O primeiro fator de impacto<br />

a afetar-nos é a consolidação, o nível<br />

de distribuição e as principais cadeias. Na<br />

sua essência, a consolidação prende-se com<br />

a melhoria <strong>dos</strong> lucros brutos, tanto para fabricantes<br />

de pneus como para distribuidores.<br />

Vários outros aspetos são relevantes,<br />

como eficiência e processos mais rápi<strong>dos</strong><br />

(eventualmente ou desejavelmente), mas<br />

a principal motivação para consolidar é<br />

melhorar os lucros brutos.<br />

O que isto significa para os revendedores de<br />

pneus independentes é uma forte redução<br />

na margem de pneus e peças, uma vez que<br />

ambas as áreas estão a atravessar um período<br />

de consolidação. Para os revendedores, as<br />

margens têm de ser protegidas agora e aumentadas<br />

para níveis aceitáveis. Os revendedores<br />

que operam com margens em peças<br />

e pneus entre cinco e dez pontos abaixo do<br />

valor em que deviam operar vão atravessar<br />

uma crise de liquidez tão grave que lhes será<br />

difícil realizar as suas compras seguintes.<br />

O segundo fator a atingir os revendedores,<br />

caso ainda não tenha acontecido, é uma batalha<br />

salarial. Se há algo que não é necessário<br />

explicar a qualquer proprietário de oficina<br />

é a quantidade reduzida de técnicos e funcionários<br />

talentosos que começam a trabalhar<br />

na oficina pela primeira vez dispostos<br />

a aguentarem as dificuldades associadas à<br />

aprendizagem e ao ambiente geral da oficina<br />

para ultrapassarem os primeiros dois anos,<br />

período em que as rotações ocorrem em<br />

maior número.<br />

Resumindo, a indústria apresenta uma elevada<br />

rotação de pessoal no nível inicial, e<br />

não existem funcionários competentes em<br />

número suficiente para satisfazer a procura.<br />

Esta realidade, devido às forças naturais de<br />

mercado, cria uma batalha salarial. O salário<br />

<strong>dos</strong> técnicos vai aumentar consideravelmente<br />

porque as oficinas vão ter de captar<br />

o talento disponível na economia local. A<br />

realidade é que na última década foi transmitido<br />

a quase to<strong>dos</strong> os jovens entre os 12<br />

e os 19 anos que a universidade era a única<br />

opção, o que significa que houve poucas<br />

pessoas a optar pelos ofícios. Uma batalha<br />

salarial, para além da consolidação, representa<br />

uma pressão adicional para a oficina.<br />

O terceiro fator com impacto na indústria é<br />

a tecnologia. Sistemas de aviso de faixa de<br />

rodagem telemetria, sistemas anticolisão<br />

e uma miríade de outras tecnologias vão<br />

inflacionar rapidamente os alinhamentos<br />

de direção <strong>dos</strong> tradicionais 40 euros para<br />

valores superiores, em alguns casos para<br />

valores bem acima <strong>dos</strong> 100 euros. Isto vai<br />

exigir uma atualização profunda na tecnologia,<br />

e representa mais um embate no<br />

fluxo de caixa. Atualizações tecnológicas<br />

básicas serão necessárias em breve, designadamente<br />

a aquisição de equipamentos<br />

ADAS. Os proprietários de pequenas oficinas<br />

que não se encontrem em posição de<br />

investir fortemente nos principais recursos<br />

da empresa, nos seus funcionários e no<br />

equipamento, vão ser radicalmente ultrapassa<strong>dos</strong><br />

e qualquer tipo de recuperação<br />

será praticamente impossível.<br />

Trata-se de uma oportunidade para profissionalizar<br />

o setor. É uma chamada de atenção<br />

importantíssima para as empresas que estão<br />

preparadas para evoluir, para que possam<br />

atingir níveis inéditos de competitividade. A<br />

mudança é sempre difícil, mas a mudança é<br />

agora constante. Devíamos procurar a forma<br />

mais rentável de nos adaptarmos pois não<br />

é aceitável resistir à mudança.<br />

É difícil manter o foco<br />

Não é fácil assegurar que a experiência do<br />

seu cliente é excelente. É difícil garantir que<br />

contrata os melhores funcionários de acordo<br />

com os recursos da sua empresa. Mas nada<br />

disso significa que deva descurar o que é<br />

importante. O que realmente o distingue da<br />

concorrência são as pessoas que trabalham<br />

na sua oficina. E curiosamente, o importante<br />

não é o volume de conhecimentos sobre<br />

pneus e automóveis que possuem. Estes conhecimentos<br />

podem ser ensina<strong>dos</strong> e aprendi<strong>dos</strong>.<br />

O importante é aquilo que não pode<br />

ser ensinado. Os funcionários preocupam-<br />

-se? Ouvem? Agem como se quisessem fazer<br />

tudo corretamente? Quando foi a última vez<br />

que um cliente se queixou sobre o facto de<br />

um colaborador não saber o suficiente? Qual<br />

a última vez que um cliente se queixou sobre<br />

a forma como foi tratado? São questões que<br />

o proprietário deve colocar para conhecer<br />

melhor os seus funcionários.<br />

COMO ENCONTRAR OU CONTRATAR<br />

A PESSOA CERTA?<br />

Esta é uma questão complicada, para a qual<br />

não há respostas fáceis. No entanto, ao entrevistar<br />

um candidato, pergunta apenas<br />

sobre o tempo de experiência que tem no<br />

setor ou pergunta também sobre a última<br />

vez que lidou com um cliente insatisfeito,<br />

ou sobre a última vez que teve um desentendimento<br />

com um colega? Pode aprender<br />

imenso sobre a atitude de um funcionário<br />

apenas com estas duas perguntas. E pode<br />

fazer várias outras perguntas. Basta pensar<br />

em alguns <strong>dos</strong> problemas comuns relaciona<strong>dos</strong><br />

com a oficina, as situações inerentes<br />

à rotina diária. Pergunte a potenciais funcionários<br />

sobre o que fizeram no passado, mas<br />

não se limite a perguntar “o que faria” uma<br />

vez que perguntas hipotéticas recebem respostas<br />

hipotéticas. Pergunte apenas sobre<br />

o que fizeram ultimamente. Mesmo que o<br />

emprego não tenha sido no setor automóvel<br />

pode focar-se no atendimento a clientes,<br />

na relação com colegas, na opinião sobre<br />

o antigo patrão, que bónus tinham... a lista<br />

é quase infindável.<br />

Lembre-se, contratamos o que não conseguimos<br />

ensinar: atitude, determinação, pontualidade<br />

no trabalho. Após a contratação,<br />

ensinar como um pneu é feito, ou o que<br />

é uma descrição do serviço, ou como um<br />

alternador funciona — essa é a parte fácil.<br />

Contratar alguém que proporcione ao cliente<br />

a melhor experiência irá proporcionar-lhe<br />

www.revista<strong>dos</strong>pneus.com | 73

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