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edição de 10 de julho de 2023

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inspiração<br />

We are (not) the robots<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

“Eu era mais próximo <strong>de</strong> humanas que <strong>de</strong> exatas, e aí ‘mexer com<br />

computador’ mudou para ‘quero <strong>de</strong>senhar no computador’”<br />

Artur Sá<br />

Especial para o propmark<br />

Fred04 e Chico Science jogaram esses versos na minha cabeça ainda adolescente,<br />

em 1994. Além da potência da Nação Zumbi e da i<strong>de</strong>ntificação com a Terra, isso<br />

me trouxe os primeiros questionamentos sobre como arte e tecnologia estavam<br />

juntas. Eu já ouvia, colado num dos meus irmãos, “Kraftwerk”. Música feita com<br />

sintetizadores e computadores lá nos anos 1970. Os caras “vestidos <strong>de</strong> luzes”, vozes<br />

robóticas, movimentos robóticos. Quando eu passei a enten<strong>de</strong>r We Are The Robots eu<br />

só pensava “Putz! Quero mexer com computador”.<br />

“We are programmed just to do<br />

Anything you want us to<br />

We are the robots”;<br />

Eu <strong>de</strong>senhava, tinha aula <strong>de</strong> artes com minha mãe, gostava <strong>de</strong> artes plásticas (um<br />

salve para Andy Wahrol, Basquiat e Edward Hopper) e ficção científica. Pirava com<br />

“Tron”, ficava hipnotizado com os efeitos especiais <strong>de</strong> “Star Wars” (até hoje não me livrei<br />

do vício infanto-juvenil, ainda bem), “Minority Report” sempre me passava na cabeça<br />

quando comecei a trabalhar com touch screens, “A.I.: Inteligência Artificial” (beijo, Spielberg)<br />

trouxe inquietação. Confesso que “Matrix”, só numa segunda chance que eu me<br />

<strong>de</strong>i muito tempo <strong>de</strong>pois, me abriu a cabeça também. Perdão, fãs.<br />

Eu era mais próximo <strong>de</strong> humanas que <strong>de</strong> exatas, e aí “mexer com computador”<br />

mudou para “quero <strong>de</strong>senhar no computador”. E foi seguindo esse roteiro que estu<strong>de</strong>i<br />

publicida<strong>de</strong>, fui pra área <strong>de</strong> criação, mas como já pensava em tecnologia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a adolescência,<br />

passar para <strong>de</strong>signer <strong>de</strong> produtos digitais foi rapidinho e ainda na faculda<strong>de</strong>.<br />

A música talvez tenha me acompanhado mais como fonte não só <strong>de</strong> inspiração, mas<br />

<strong>de</strong> instigação e curtição, claro. Cada uma em seu <strong>de</strong>vido momento. Música clássica ou<br />

folk (Dylan) para os momentos <strong>de</strong> concentração e criação, rock’n’roll (em especial Ramones,<br />

Devotos e Pixies) pros momentos <strong>de</strong> ‘gerar na alta’ e acelerar a produção, como<br />

tocar 3 acor<strong>de</strong>s em músicas <strong>de</strong> 3 minutos. No momento <strong>de</strong> curtir, era a situação, mas<br />

tudo que tive como referência ao longo dos anos: Chico Science, Luiz Gonzaga (meu<br />

primeiro disco), forrós, frevos e sambas (<strong>de</strong> Bezerra a Beth Carvalho), Reginaldo Rossi, o<br />

verda<strong>de</strong>iro Rei, se sobressaiam. Boto em prática Arnaldo Antunes:<br />

“Música para ouvir no trabalho<br />

Música para jogar baralho<br />

Música para arrastar corrente<br />

Música para subir serpente<br />

Música para girar bambolê<br />

Música para querer morrer<br />

Música para escutar no campo<br />

Música para baixar o santo.”<br />

Certamente outras pessoas <strong>de</strong> áreas diversas (fora <strong>de</strong> TI e <strong>de</strong>sign) que estejam<br />

lendo este artigo tenham fonte <strong>de</strong> inspiração similar, rituais semelhantes para criar e<br />

produzir. Para mim, isso só me reforça que a arte, em qualquer que seja a sua forma, é<br />

fonte <strong>de</strong> inspiração e instigação para as pessoas, mesmo que não percebam. Curtam,<br />

se permitam experimentar música, cinema, artes plásticas. Sem que você perceba, isso<br />

vai te abrir a mente e muitos horizontes.<br />

“Art is what you can get away with” WARHOL, Andy.<br />

Artur Sá é cofundador e CMO da Mesa<br />

jornal propmark - <strong>10</strong> <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 27

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