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esg no mkt<br />
Alê Oliveira<br />
Somos felizes?<br />
Somos o número 1 do mundo em ansieda<strong>de</strong>.<br />
Somos o 2º país mais estressado do mundo<br />
Alexis Thuller Pagliarini<br />
Estou coor<strong>de</strong>nando um curso <strong>de</strong> ESG para RHs, em<br />
parceria com a ABRHSP. E na semana passada foi<br />
a vez <strong>de</strong> falarmos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental e Felicida<strong>de</strong>,<br />
entre outros temas. Tivemos como convidada a Patricia<br />
Ferreira, head <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental e chief happiness<br />
officer da Ambev.<br />
Antes <strong>de</strong> mais nada, é muito bacana vermos empresas<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte dando importância para a saú<strong>de</strong><br />
mental e a felicida<strong>de</strong> no ambiente corporativo. E é muito<br />
bom ver e ouvir Patrícia discorrer sobre o tema.<br />
Por trás da sua aparência jovem e simpática, vemos<br />
a segurança e a assertivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma veterana. Mas a<br />
apresentação da Patrícia começa angustiante. Ela compartilhou<br />
dados preocupantes e surpreen<strong>de</strong>ntes sobre<br />
nós, brasileiros.<br />
Somos o número 1 do mundo em ansieda<strong>de</strong>. Somos<br />
o 2º país mais estressado do mundo. Por curiosida<strong>de</strong>, o<br />
Japão é o número 1 (sabemos das pressões que o estudante<br />
e o profissional japonês recebem por uma carreira<br />
bem-sucedida).<br />
Em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, somos o 5º do mundo. O segundo<br />
das Américas. E uma informação <strong>de</strong>vastadora: no<br />
Brasil, morre-se mais <strong>de</strong> suicídio do que por aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
moto. Você sabia disso?<br />
Eu fiquei bastante surpreso. Embora, nos meus estudos<br />
sobre o S, do ESG, já havia me <strong>de</strong>parado com dados<br />
preocupantes. Por exemplo, a informação <strong>de</strong> que somos<br />
um dos países mais <strong>de</strong>siguais do mundo, o 2º mais <strong>de</strong>sigual<br />
do G20.<br />
Também que somos o país on<strong>de</strong> mais se mata LGBT+<br />
no mundo. É também on<strong>de</strong> uma, entre quatro mulheres,<br />
sofre <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> violência. Mas, peralá, e aquela<br />
imagem <strong>de</strong> um povo feliz, alegre, jovial que sempre está<br />
atrelada ao nosso povo?!<br />
Por força das minhas ativida<strong>de</strong>s profissionais, representei<br />
o Brasil em diversos eventos pelo mundo afora<br />
e, sempre que me apresentava como brasileiro, lá vinha<br />
um sorrisão do meu interlocutor, lembrando do samba,<br />
do Carnaval, da boa música, do futebol e outros traços<br />
positivos da cultura do nosso país.<br />
Sabíamos que esse imaginário tinha um quê <strong>de</strong> fantasia,<br />
mas também <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Lembremo-nos daquela<br />
famosa frase do Tom Jobim: “Viver no exterior, é bom,<br />
mas é uma merda. Viver no Brasil, é uma merda, mas é<br />
muito bom!”.<br />
Mas, será que ainda é bom mesmo? Eu tive a sorte <strong>de</strong><br />
nascer e viver a infância no interior <strong>de</strong> São Paulo, morar<br />
na cida<strong>de</strong> maravilhosa Rio <strong>de</strong> Janeiro, e me fixar na nossa<br />
Sampa.<br />
Sempre tive o melhor <strong>de</strong>sses lugares. Sou obrigado<br />
a concordar com Tom Jobim. Mas, não me iludo, sei que<br />
faço parte <strong>de</strong> uma minoria que tem acesso ao lado Bélgica<br />
da Belíndia.<br />
Sei que temos 35 milhões <strong>de</strong> brasileiros sem acesso a<br />
água tratada, apesar <strong>de</strong> termos o maior volume <strong>de</strong> água<br />
doce do planeta. Sei que temos 33 milhões <strong>de</strong> brasileiros<br />
passando fome, apesar <strong>de</strong> sermos o tal “celeiro do<br />
mundo”. Cresci ouvindo que somos o país do futuro, um<br />
país <strong>de</strong> jovens.<br />
Vejo agora que estamos envelhecendo rapidamente,<br />
com taxas <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> que mal repõem a população<br />
em algumas cida<strong>de</strong>s. Será que somos apenas bons atores,<br />
<strong>de</strong>monstrando uma alegria que já não se sustenta<br />
no âmago da nossa existência?<br />
Será que aquela explosão <strong>de</strong> alegria do Carnaval, das<br />
festas juninas e dos eventos populares Brasil afora é<br />
apenas um teatro e, nos bastidores, quando tiramos a<br />
fantasia, somos seres tristes e angustiados?<br />
Quero fugir <strong>de</strong>ssa imagem porque, repito, não sinto<br />
na pele as agruras que esses números negativos representam,<br />
mas não dá para nos alienarmos e vivermos<br />
numa bolha insensível, protegidos por muros dos nossos<br />
condomínios e pelos vidros blindados dos nossos carros.<br />
A realida<strong>de</strong> está aí! Não foi à toa que abracei a causa ESG.<br />
Acho verda<strong>de</strong>iramente que nós, que temos recursos<br />
e meios, temos também uma missão das mais importantes.<br />
Dá pra melhorar, sim! Dá para a<strong>de</strong>rir e praticar<br />
princípios que respeitam a sustentabilida<strong>de</strong> ambiental,<br />
a responsabilida<strong>de</strong> social e as relações mais éticas,<br />
conscientes e transparentes. Dá pra ser feliz! Mas essa<br />
felicida<strong>de</strong> só será completa se for compartilhada com<br />
quem precisa.<br />
Alexis Thuller Pagliarini<br />
é sócio-fundador da ESG4<br />
alexis@criativista.com.br<br />
32 <strong>10</strong> <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark