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edição de 10 de julho de 2023

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esg no mkt<br />

Alê Oliveira<br />

Somos felizes?<br />

Somos o número 1 do mundo em ansieda<strong>de</strong>.<br />

Somos o 2º país mais estressado do mundo<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

Estou coor<strong>de</strong>nando um curso <strong>de</strong> ESG para RHs, em<br />

parceria com a ABRHSP. E na semana passada foi<br />

a vez <strong>de</strong> falarmos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental e Felicida<strong>de</strong>,<br />

entre outros temas. Tivemos como convidada a Patricia<br />

Ferreira, head <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental e chief happiness<br />

officer da Ambev.<br />

Antes <strong>de</strong> mais nada, é muito bacana vermos empresas<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte dando importância para a saú<strong>de</strong><br />

mental e a felicida<strong>de</strong> no ambiente corporativo. E é muito<br />

bom ver e ouvir Patrícia discorrer sobre o tema.<br />

Por trás da sua aparência jovem e simpática, vemos<br />

a segurança e a assertivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma veterana. Mas a<br />

apresentação da Patrícia começa angustiante. Ela compartilhou<br />

dados preocupantes e surpreen<strong>de</strong>ntes sobre<br />

nós, brasileiros.<br />

Somos o número 1 do mundo em ansieda<strong>de</strong>. Somos<br />

o 2º país mais estressado do mundo. Por curiosida<strong>de</strong>, o<br />

Japão é o número 1 (sabemos das pressões que o estudante<br />

e o profissional japonês recebem por uma carreira<br />

bem-sucedida).<br />

Em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, somos o 5º do mundo. O segundo<br />

das Américas. E uma informação <strong>de</strong>vastadora: no<br />

Brasil, morre-se mais <strong>de</strong> suicídio do que por aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

moto. Você sabia disso?<br />

Eu fiquei bastante surpreso. Embora, nos meus estudos<br />

sobre o S, do ESG, já havia me <strong>de</strong>parado com dados<br />

preocupantes. Por exemplo, a informação <strong>de</strong> que somos<br />

um dos países mais <strong>de</strong>siguais do mundo, o 2º mais <strong>de</strong>sigual<br />

do G20.<br />

Também que somos o país on<strong>de</strong> mais se mata LGBT+<br />

no mundo. É também on<strong>de</strong> uma, entre quatro mulheres,<br />

sofre <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> violência. Mas, peralá, e aquela<br />

imagem <strong>de</strong> um povo feliz, alegre, jovial que sempre está<br />

atrelada ao nosso povo?!<br />

Por força das minhas ativida<strong>de</strong>s profissionais, representei<br />

o Brasil em diversos eventos pelo mundo afora<br />

e, sempre que me apresentava como brasileiro, lá vinha<br />

um sorrisão do meu interlocutor, lembrando do samba,<br />

do Carnaval, da boa música, do futebol e outros traços<br />

positivos da cultura do nosso país.<br />

Sabíamos que esse imaginário tinha um quê <strong>de</strong> fantasia,<br />

mas também <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Lembremo-nos daquela<br />

famosa frase do Tom Jobim: “Viver no exterior, é bom,<br />

mas é uma merda. Viver no Brasil, é uma merda, mas é<br />

muito bom!”.<br />

Mas, será que ainda é bom mesmo? Eu tive a sorte <strong>de</strong><br />

nascer e viver a infância no interior <strong>de</strong> São Paulo, morar<br />

na cida<strong>de</strong> maravilhosa Rio <strong>de</strong> Janeiro, e me fixar na nossa<br />

Sampa.<br />

Sempre tive o melhor <strong>de</strong>sses lugares. Sou obrigado<br />

a concordar com Tom Jobim. Mas, não me iludo, sei que<br />

faço parte <strong>de</strong> uma minoria que tem acesso ao lado Bélgica<br />

da Belíndia.<br />

Sei que temos 35 milhões <strong>de</strong> brasileiros sem acesso a<br />

água tratada, apesar <strong>de</strong> termos o maior volume <strong>de</strong> água<br />

doce do planeta. Sei que temos 33 milhões <strong>de</strong> brasileiros<br />

passando fome, apesar <strong>de</strong> sermos o tal “celeiro do<br />

mundo”. Cresci ouvindo que somos o país do futuro, um<br />

país <strong>de</strong> jovens.<br />

Vejo agora que estamos envelhecendo rapidamente,<br />

com taxas <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> que mal repõem a população<br />

em algumas cida<strong>de</strong>s. Será que somos apenas bons atores,<br />

<strong>de</strong>monstrando uma alegria que já não se sustenta<br />

no âmago da nossa existência?<br />

Será que aquela explosão <strong>de</strong> alegria do Carnaval, das<br />

festas juninas e dos eventos populares Brasil afora é<br />

apenas um teatro e, nos bastidores, quando tiramos a<br />

fantasia, somos seres tristes e angustiados?<br />

Quero fugir <strong>de</strong>ssa imagem porque, repito, não sinto<br />

na pele as agruras que esses números negativos representam,<br />

mas não dá para nos alienarmos e vivermos<br />

numa bolha insensível, protegidos por muros dos nossos<br />

condomínios e pelos vidros blindados dos nossos carros.<br />

A realida<strong>de</strong> está aí! Não foi à toa que abracei a causa ESG.<br />

Acho verda<strong>de</strong>iramente que nós, que temos recursos<br />

e meios, temos também uma missão das mais importantes.<br />

Dá pra melhorar, sim! Dá para a<strong>de</strong>rir e praticar<br />

princípios que respeitam a sustentabilida<strong>de</strong> ambiental,<br />

a responsabilida<strong>de</strong> social e as relações mais éticas,<br />

conscientes e transparentes. Dá pra ser feliz! Mas essa<br />

felicida<strong>de</strong> só será completa se for compartilhada com<br />

quem precisa.<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

32 <strong>10</strong> <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark

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