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ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL- <strong>1994</strong><br />

VEGETAÇÃO E RECURSOS FLORÍSTICOS<br />

l - 107<br />

A ação do homem no tocante à<br />

devastação da cobertura vegetal<br />

primitiva, que teve início com a<br />

colonização do Brasil, é marcante nas<br />

Regiões Sul, Sudeste, Nordeste e parte da<br />

Centro-Oeste do País; já na Região Norte,<br />

esta ação devastadora é mais recente<br />

(década de 60 com maior incremento nos<br />

anos 70/80) e, por esta razão, mantém a<br />

maior parte da sua vegetação primitiva<br />

conservada, porém algumas áreas já são<br />

motivo de preocupação, como, por<br />

exemplo, Rondônia, oeste do Tocantins e<br />

sul do Pará.<br />

No Mapa l.21 estão delineados os<br />

prováveis limites dos tipos de vegetação<br />

que revestiam o território brasileiro na<br />

época do seu descobrimento, e sobre<br />

estes foi utilizado um ornamento para<br />

representar a ação antrópica. A provável<br />

extensão de cada um deles, classificados<br />

em Regiões Fitoecológicas (qu9tro<br />

campestres e cinco florestais), Areas de<br />

Vegetação (duas das formações pioneiras<br />

e uma de tensão ecológica) e Refúgio<br />

Ecológico, foi estimada com base na<br />

bibliografia reconhecida como a mais<br />

autêntica e confiável, no levantamento<br />

dos remanescentes da vegetação nativa e<br />

nos trabalhos de campo.<br />

A Região Fitoecológica pode ser<br />

considerada como o espaço definido por<br />

uma florística de gêneros típicos e de<br />

formas· biológicas características que se<br />

repetem dentro de um mesmo clima,<br />

podendo ocorrer em terrenos de litologia<br />

variada, mas com relevo bem marcado. As<br />

Áreas de Vegetação, que não devem ser<br />

confundidas com uma Região<br />

Fitoecológica, de significado restrito ao<br />

conceito fitogeográfico, têm sentido tão<br />

amplo que podem às vezes abranger<br />

vários ambientes e integrar mais de um<br />

sistema trófico. Os Refúgios Ecológicos são<br />

áreas geralmente isoladas e relíquias de<br />

possíveis paleoclimas que permaneceram<br />

intactos, ou quase, situando-se nas partes<br />

mais elevadas dos planaltos.<br />

Regiões Fitoecológicas<br />

e Areas de Vegetação<br />

Região da Savana (Cerrado)<br />

É uma vegetação que ocorre<br />

predominantemente no Centro-Oeste, mas<br />

suas disjunções aparecem na Amazônia<br />

Setentrional desde o vale do rio Tacutu, em<br />

Roraima, até os tabuleiros do Amapá; no<br />

litoral e no interior do Nordeste; no planalto<br />

sedimentar da bacia do rio Paraná; na<br />

Região Sudeste e no Sul do País, em partes<br />

do Planalto Meridional. Devido à intensa<br />

ação ontrópica a que foi submetida,<br />

grande parte de sua vegetação nativa foi<br />

substituída por agricultura, pastagens e<br />

reflorestamento.<br />

Ela apresenta formações distintas, da<br />

florestada à gramíneo-lenhosa, em geral<br />

serpenteadas por florestas-de-galeria,<br />

revestindo solos lixiviados aluminizados.<br />

Caracteriza-se por apresentar uma<br />

estrutura composta por árvores baixas e<br />

tortuosas, isoladas ou agrupadas sobre um<br />

contínuo tapete graminoso. No estrato<br />

arbóreo constituído de micro e<br />

macrofanerófitos, predominam os gêneros<br />

Qualea, Vochysia, Caryocar, Salvertia,<br />

Cal/isthene, Kielmeyera, Bauhinia e Styrax,<br />

entre outros. No gramíneo-lenhoso<br />

predominam caméfitas pertencentes às<br />

famílias Myrtaceae e Leguminosae e<br />

hemicriptófitas pertencentes às Gramineae.<br />

Os indivíduos lenhosos que compõem a<br />

Savana apresentam brotos foliares bem<br />

protegidos, casca grossa e rugosa,<br />

esgalhamento profuso, grandes folhas<br />

coriáceas e perenes e órgãos de reserva<br />

subterrâneos (xilopódios) geralmente<br />

profundos, constituindo formas biológicas<br />

adaptadas a solos ácidos, deficientes e<br />

aluminizados.<br />

Região da Savana Estépica<br />

(Caatinga do sertão árido,<br />

Campos de Roraima, Choco<br />

sul-mato-grossense e Parque de<br />

Espinilho da Barra do Rio Quaraí)<br />

A denominação Savana Estépica foi<br />

proposta por Trochain, em 1957, para<br />

designar um tipo de vegetação situado<br />

entre as áreas úmida e subúmida da<br />

África, predominantemente graminosa,<br />

hemicriptofítica, entremeada por<br />

fanerófitas e caméfitas espinhosas. Um<br />

mesmo tipo de vegetação neotropical, em<br />

geral de cobertura arbórea composta de<br />

elementos fanerofíticos, camefíticos<br />

espinhosos e várias cactáceas, cobrindo<br />

um estrato graminoso hemicriptofítico,<br />

entremeado por algumas terófitas, foi<br />

considerado homólogo daquele definido<br />

·por Trochain, sendo representado no Brasil<br />

em quatro áreas geograficamente distintas<br />

- na Caatinga do sertão árido nordestino,<br />

no Pantanal Mato-Grossense, nos Campos<br />

de Roraima e na Campanha Gaúcha.<br />

A Savana Estépica Nordestina<br />

(Caatinga) abrange as várias formações<br />

que constituem um "tipo de vegetação"<br />

estacional-decidual, portanto com os<br />

estratos arbóreo e gramíneo-lenhoso<br />

periódicos e com numerosas plantas<br />

suculentas, sobretudo cactáceas. As<br />

árvores são baixas, raquíticas, de troncos<br />

delgados e com esgalhamento profuso.<br />

Muitas espécies são microfoliadas e outras<br />

são providas de acúleos ou espinhos. A<br />

maioria dessas espécies demonstra que<br />

possui adaptações fisiológicas bastante<br />

especializadas à economia de água.<br />

Apresenta gêneros como Zizyphus e<br />

Acacia, de origem australásica; Erythrina e<br />

Bauhinia, de origem paleotropical, além de<br />

numerosas espécies dos gêneros Cassia,<br />

Mimosa e Erythroxilum, de origem<br />

pantropical. A dominância, entretanto, é<br />

de gêneros neotropicais das famílias<br />

Cactaceae ( Cereus, Pilocereus e outros) e<br />

Bromeliaceae (Brome/ia e Neoglaziovia).<br />

É claro que esse endemismo se acentua<br />

ao nível de espécies, o que dá à região um<br />

caráter de Domínio Florístico ímpar no<br />

Brasil. Sua economia é a tradicional da<br />

pecuária extensiva - gado bovino e<br />

caprino - e a de uma agricultura de<br />

sobrevivência ao longo dos rios<br />

intermitentes, possibilitando o uso

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