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Elas por elas 2009

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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[ Mulher e sindicalismo ]

A tese de doutorado apresentada pelo sociólogo

Joaze Bernardino-Costa, em março de 2007, no

Departamento de Sociologia da Universidade de

Brasília (UnB), defende que o Brasil deve rever sua

posição frente às trabalhadoras. Seu estudo,

Sindicatos das trabalhadoras domésticas no

Brasil: teorias de descolonização e saberes

subalternos, mostra que após 70 anos de história de

organização política, esse público continua privado,

por exemplo, da regulamentação da jornada de trabalho

e do Fundo de Garantia por T empo de Serviço

(FGTS), que hoje é facultativo e depende da boa

vontade do empregador.

Para se ter uma ideia, decorreram-se 36 anos

entre as primeiras reivindicações e a concretização

dos direitos básicos, contados a partir do início do

mo vi men to político até o reconhecimento das trabalhadoras

domésticas como categoria profissional. Os

pontos de referência são o surgimento da Associa ção

Profis sional das Empregadas Domés ticas de Santos,

em 1936, e a aprovação da legislação, em 1972.

Nesse ano, elas conquistaram por lei o direito a 20

dias de férias por ano, carteira assinada e o direito à

Previdência Social. Depois disso, a Constituição de

1988 garantiu às domésticas direito ao salário

mínimo, ao 13º salário, aviso prévio e descanso

semanal aos domingos. Esse longo intervalo contrasta

com o surgimento da legislação trabalhista no

governo Getúlio V argas, quando foi instituída a

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943,

que exclui as trabalhadoras domésticas.

O viés excludente revela-se inclusive na Constituição

Federal de 1988, quando a categoria é

mencionada em um parágrafo que restringe ao

grupo apenas nove dos 34 preceitos do capítulo

sobre Direitos Sociais. De acordo com a Carta Maior,

elas não têm relação de emprego protegida contra

demissão arbitrária, piso salarial proporcional à extensão

e à complexidade do trabalho, nem carga

horária regulamentada, conforme dados da pesquisa

divulgada no site da UnB, disponível em:

http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/a

rquivo.php?codArquivo=3909.

Em 2006, uma lei deu direito à estabilidade no

emprego em caso de gestantes, folgas nos feriados,

aumentou de 20 para 30 dias o período de férias e

impediu o empregador de descontar despesas com

alimentação e moradia do salário das trabalhadoras.

Atualmente, como tentativa de diminuir o impacto

dos direitos das domésticas para o bolso dos patrões,

a contribuição previdenciária pode ser abatida

pelo empregador na declaração completa do Impos -

to de Renda. A medida também visa comba ter a informalidade.

Desafio sindical

A maioria dos sindicatos de trabalhadores

domésticos é liderado por mulheres. Símbolo da luta

da categoria em Minas Gerais, Maria Ilma Ricardo,

presidente e fundadora do Sindicato das Domésticas

de Belo Horizonte, dá seu testemunho sobre o quanto

é difícil a organização sindical dessa categoria.

A sindicalista conta que sua a vontade de

participar do movimento sindical foi despertada

durante um congresso, em 1976, quando percebeu

que pessoas de outros ramos é que lideravam a

associação de domésticas. A exemplo do movimento

que se iniciava em São Paulo, onde foi criado o pri -

12 ELAS POR ELAS - AGOSTO DE 2009

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