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Elas por elas 2009

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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[ Mulher e mídia ]

pandeiro ou qualquer coisa que embale. A mulher ,

desconcertada, sai de cena.

No horário nobre entre o jornal ou a novela das

oito, que começa às nove, o apresentador anuncia:

“No próximo bloco: a seca mata no sertão nor destino.

Seleção brasileira treina duro para o próximo jogo.

Logo após os comerciais.” Cena 1: Um grupo de

executivos em torno de uma mesa, de terno e

gravata, como manda o figurino. Entre eles uma bela

mulher, num tailleur sob medida. Bem clássica, séria,

cabelos presos em coque, óculos de griffe. A pergunta

é simples: “onde você gostaria de estar em cinco

anos”. O jovem executivo se imagina dirigindo um

carro potente, a última novidade do mercado de

automóveis. A seu lado, a compenetrada executiva

que o acompanha, solícita e complacente. Ele,

satisfeito, dá um leve sorriso. Cena 2: A executiva se

imagina dentro do mesmo carro, com o mesmo

homem ao volante, com uma pequena diferença, ela

no banco de trás, lendo The Wall Street Journal ou

o Herald Tribune ou coisa parecida.

Essas duas peças publicitárias podem ser vistas

não apenas com o olhar de consumidor , mas como

maneiras diferenciadas de representação da mulher

pela mídia, prevalecendo ainda a divisão do espaço

público e espaço privado; o primeiro, destinado aos

homens e o segundo, reservado às mulheres. Na

primeira peça, a mulher consciente, engajada,

questionadora, fala de uma realidade que nem todo

mundo quer ouvir , e não é levada a sério. O

protagonismo da mulher é associado a uma figura

estereotipada, chata, insistente. A segunda peça

seria a imagem da mulher competitiva que não tem

como objetivo “agarrar seu homem”, de preferência

dono de um carro luxuoso, mas em busca do

sucesso profissional. Ela quer poder.

Essas são linguagens da publicidade que se

esforçam para apreender a mulher no mundo

contemporâneo. É preciso que se faça um adendo.

Essa busca de novas expressões, de diálogo com o

público feminino, a exemplo da propaganda do

carro, se dá por causa de mudanças no mercado de

consumo. Assim como no primeiro anúncio, a

abordagem também é em função de uma fatia do

mercado que não precisaria de muita coisa, de informação,

nem de expressar desejos e sonhos de

mudar o mundo, mas apenas um par de chinelos e

“xô tristeza”.

Estereótipos em pauta

Para não tornar a publicidade a vilã da história,

ao contrário, ela retrata valores e comportamentos

da sociedade brasileira; basta que se tenha olhos

“Em alguns momentos, a

mídia elabora um discurso de

que os pequenos avanços

trouxeram mais sobrecarga

para as mulheres”

Mônica Bara

para ver e ouvidos para ouvir criticamente. Estas

várias representações da mulher permeiam todas as

mídias. Seja nas novelas, nos programas de audi tó -

rio, nos filmes, nas campanhas promocionais, na

literatura, nos livros didáticos, na música, para o

bem ou para o mal.

Estar na mídia, deixar de estar ou ficar à mar -

gem do que ela reproduz para a sociedade, traduz,

em grande parte, a escolha a priori daquilo que vale

ser midiatizado. E de que maneira o fato, o instante

ou o personagem, podem ser trabalhados? Assim

tem sido o comportamento em relação aos setores e

grupos com menos poder de pressão nestes espaços

de poder. A socióloga Mônica Bara Maia sublinha

que a relação da mídia com o feminino se dá com

40 ELAS POR ELAS - AGOSTO DE 2009

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