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Elas por elas 2009

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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[ Educação e gênero ]

Ludimila Correa Bastos, mestranda em Educação,

pesquisadora e coordenadora do Clube de mulheres

leitoras, um grupo da UFMG, formado por 12 egressas

do programa de Educação de Jovens e Adultos

(Eja) da Universidade. “Elas afirmam que voltaram

para a escola após terem criado os filhos, os netos.

Uma delas frisa que só depois que o marido faleceu

é que ela pôde voltar a estudar , pois ele não a permitia”,

conta a pesquisadora. Uma vez por semana,

elas se reúnem e debatem algum texto literário, além

de questões do cotidiano.

As pesquisadoras destacam que, em situações em

que a escola se torna uma terceira jornada, o professor

precisa ter jogo de cintura para contornar as

dificuldades. “A questão do cansaço físico, a de olhar

seus filhos, toda vez que adoece alguém em casa a mulher

tem de parar para ajudar, então ela interrompe,

entra e sai da escola... Começamos a mostrar para os

professores que são muitas as razões pelas quais o

sujeito não consegue estar na sala de aula. O professor

que trabalha com esse público precisa de ferramentas

para lidar com essa realidade”, ressalta Eiterer.f

“Só porque fui para a escola, meu marido se separou de mim. Eu falei para ele: quando

eu era criança, meu pai não me deixou estudar, agora outro homem [marido] não vai impedir.

Para meu marido e meu pai era mais importante que aprendesse a usar minhas mãos que minha

cabeça. Por que eu não fiquei usando as mãos, ou seja, lavando, passando, cozinhando,

o meu marido achou ruim e me largou com dois filhos” – Depoimento de Madalena, de 32 anos,

que está na dissertação de mestrado da pedagoga Sônia Maria Alves de Oliveira.

“Teremos uma sociedade mais educada se conseguirmos educar as mães”

Estimativas mundiais dão conta de que,

apesar de as taxas de alfabetização de mulheres

terem aumentado em quase todos os países, duas

em cada três pessoas analfabetas são mulheres, e

55% das 75 milhões de crianças que estão fora da

escola são meninas. A maior parte desse

contingente está concentrada em regiões em

desenvolvimento da África, Ásia e América Latina.

No Brasil, de acordo com um levantamento do Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a

taxa de analfabetismo de mulheres brancas com 15

anos ou mais caiu, nos últimos 15 anos, de 10,8%

para 6,3%. Entre as mulheres negras, passou de

24,9% para 13,7%, no mesmo período. Já a taxa de

permanência na escola era de 7,4 anos em 2007.

O relatório da Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(Unesco) sobre a educação no século XXI apontou

para o papel estratégico da educação das mulheres

no desenvolvimento e para a correlação direta entre

o nível de educação das mulheres e a melhoria

geral da saúde e da nutrição da população, bem

como a redução da taxa de fecundidade. “As

crianças cujas mães têm baixa escolaridade têm

mais dificuldades na escola, porque quem acompanha

o trabalho escolar delas é a mãe, não é o pai.

Teremos uma sociedade mais educada se

conseguirmos educar as mães”, afirma Carmem

Lúcia Eiterer. Para a pesquisadora, a permanência

na escola de mulheres adultas que voltam a

estudar poderia ser maior caso o poder público

oferecesse locais para elas deixarem os filhos. “Se

a escola oferece um educador, garante que elas

tenham onde deixar os filhos para estarem na sala

de aula. Mas hoje isso não é uma realidade, é um

problema”.

44 ELAS POR ELAS - AGOSTO DE 2009

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