Elas por elas 2009
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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[ Perfil ]
cracia, no momento em que vivíamos o silêncio da
ditadura”, ressalta.
Apesar desse avanço de mentalidade, Júnia Ma -
ri se observa que a participação das mulheres na po lítica
é muito pequena. Dados do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) comprovam o que ela diz. Em 2008, enquanto
no total do eleitorado brasileiro as mulheres superam
os homens (51,8% a 48,2%), o balanço parcial do registro
de candidatos para as eleições municipais indicaram
que a participação feminina na disputa pelos cargos
eletivos representava 20,8% do total.
Ciente da importância da representatividade
feminina na política, Júnia Marise foi autora, no
Senado, do Projeto de Lei 322/95, que estipulava cotas
de 20% para mulheres em candidaturas de todas as
eleições proporcionais. “Meu objetivo era incentivar
todos os partidos, de todas as ideologias, a destinarem
cotas para as eleições proporcionais, além de incentivar
as mulheres a participar da vida pública.”
No Senado, sua atuação ficou marcada por uma
postura política e ética. “Fui contra as privatizações,
conta a reforma da Previdência, que prejudicava trabalhadores
e aposentados, líder da oposição e, além de
tantos projetos apresentados, o que incluiu o Vale do
Jequitinhonha, no Norte de Minas, na área da
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), que foi um momento histórico para o
Estado”, enumera. O resultado de seu trabalho foi a
sua indicação, por vários anos, como uma das “100
cabeças do Congresso”.
Desafios a superar
No Brasil, a história da participação da mulher
no Parlamento tem como marco inicial a conquista
do direito ao voto, que se deu em 1932. Essa
conquista é resultado da luta contínua do movimento
sufragista – movimento social, político e econômico
de reforma, com o objetivo de estender o direito de
votar às mulheres –, que emergiu no país em 1919.
Mas apesar de o Brasil outorgar o direito ao voto às
mulheres antes de países tidos como de primeiro
mundo, como a França (1945), ainda há muito a se
conquistar.
A experiência na vida pública fez com que
Júnia Marise apontasse a disputa desigual como
principal entrave para que as mulheres participem
mais da política. “O poder econômico que influencia
nas eleições e candidatos que têm dinheiro são os
principais problemas das mulheres que, sem recursos
financeiros, não podem sustentar suas campanhas”,
sinaliza. Outro aspecto destacado por ela é a ética que
sempre norteou a dignidade das mulheres e não as
permite acordos com grupos econômicos que sempre
querem favores posteriores.
Para reverter esse quadro, a senadora fala que
o financiamento público das campanhas ajudaria as
mulheres a se engajarem mais na participação
eleitoral. Com relação aos desafios na vida pública,
Júnia Marise diz “meu primeiro desafio foi provar que
tinha competência, seriedade e honestidade para
participar da vida pública”, recorda-se.
Dentre os muitos desafios que as mulheres
ainda têm de enfrentar atualmente, Júnia Marise
aponta o enfrentamento das desigualdades sociais
como o maior deles. “Nos colocam no leque das
minorias, mas se esquecem que representamos mais
de 50% do eleitorado brasileiro e que estamos aptas
para ocupar cargos de empresárias, juízas,
desembargadoras e até ministras do Supremo”.
Segundo ela, tem havido um avanço nas conquistas,
mas as trabalhadoras ainda têm como desafio lutar
por igualdade de salários com os homens, ocupando
as mesmas funções que eles e com a mesma
graduação.f
Júnia Marise começou bem jovem na política. Aos 21 anos foi eleita vereadora,
cargo que ocupou durante dois mandatos (1966 a 1970 e 1970 a 1974). Ela também
foi a deputada estadual mais votada em Minas (1974 a 1978, 1979 a 1982 e 1982 a
1986) e a primeira mulher a se tornar senadora (1991 a 1999) no país.
50 ELAS POR ELAS - AGOSTO DE 2009