Elas por elas 2009
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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Conceição Imaculada de Oliveira
Metalúrgica aposentada e sindicalista
Nascida em Brumadinho, veio para Belo
Horizonte em 1962. Ainda muito jovem se interessou
por um panfleto do Sindicato dos Metalúrgicos e logo
foi convidada para
participar do trabalho
clandestino que o
sindicato fazia na época
da repressão política. O
fato de ser mulher
chamava menos atenção
e podia realizar tarefas
de conscientização dos
trabalhadores. Vivenciou
o preconceito de ser uma
das poucas mulheres na função de metalúrgica. Em
1964, viu as pessoas ao seu redor serem presas ou
terem que sair do país. Como diretora no Sindicato
dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem lutou
contra o arrocho salarial, e esteve à frente, em 1968,
da primeira grande greve dos metalúrgicos, que durou
cerca de 20 dias, quando chegou a negociar com o
então ministro Jarbas Passarinho, que, em função da
greve, autorizou um reajuste de 10% para todos os
trabalhadores da indústria. Em outubro de 1968, o
sindicato sofreu uma intervenção. Clandestina,
conseguiu um emprego nas Lojas Americanas, mas
foi ser demitida por solicitação do Dops, que a
acusava de subversiva. Na época, seu irmão foi
preso ao participar de assalto a banco, sendo
duramente torturado. Também foi presa várias vezes,
sendo que de 1969 a 1971 esteve na prisão de Linhares,
em Juiz de Fora. Foi solta juntamente com
70 presos políticos, entre eles, Carmela Pezutti, em
troca do embaixador da Suíça, sequestrado numa das
ações políticas na época. Depois foi para o Chile e mais
tarde, para Cuba, onde trabalhou pela anistia no
movimento sindical internacional que realizava ações
para que as organizações internacionais
pressionassem as autoridades brasileiras. Em 1987,
voltou para o Brasil anistiada.
Efigênia Maria de Oliveira
Professora aposentada e ex-vereadora
Professora leiga na zona rural de Brumadinho,
veio para Belo Horizonte no início da década de 1960
para trabalhar na indústria metalúrgica. Morando num
bairro operário, parti -
cipava do que se deno -
minava “solidariedade
silenciosa”. Organizou
reuniões nas casas das
famílias, levava jornais da
resistência e deba tia
temas políticos. Utilizando
o método Paulo Freire,
ajudou na alfa betização
de adultos como uma
missão voluntária de conscientização. Ligada à
Corrente Mineira, foi para a clandestinidade. Quando
o cerco da ditadura acirrou teve que ir para o Rio de
Janeiro, onde trabalhou na Construção Civil. Foi presa
como subversiva. No julgamento, sua pena foi fixada
em seis meses, mas ela já havia ficado dois anos na
prisão de Linhares. Em liberdade, passou a participar,
juntamente com a irmã Conceição, do sindicato dos
Metalúrgicos. Em um congresso nacional de
metalúrgicos, onde estava presente o então
sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso
corajoso, relatou que era ex-presa política e denunciou
as torturas nas prisões. Na família, ela e três irmãos
participaram da luta de resistência à ditadura e sofreram
torturas. Em 1973, participou dos grupos da
igreja; quando visitava a casa das pessoas para rezar
o terço, aproveitava para conversar sobre os horrores
que ocorriam nos porões da ditadura. Sua atuação foi
importante no grupo de mulheres trabalhadoras
que lutaram por creches nas indústrias e no
movimento das panelas vazias, em que donas de casa
e operárias se uniam contra a carestia. Participou do
Movimento Feminino pela Anistia em Minas e depois
de anistiada foi para Pernambuco e atuou em
movimentos sociais, ambientais e de mulheres. Foi
vereadora e candidata à prefeita do município de
Cabo.
ELAS POR ELAS - AGOSTO DE 2009 36