Elas por elas 2009
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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Gilse Cosenza
Membro da Comissão de Anistiados e dirigente do PCdoB/MG
Como estudante, participava do D.A. do curso
de Serviço Social da PUC Minas e foi vice-presidente
do DCE; também foi da JEC (Juventude Estu dan til
Católica) e da JUC (Ju -
ven tude Universitária Ca -
tólica). No dia do Golpe
Militar entrou para a Ação
Popular, organização polí -
tica que desde então se
tornou proibida. Não pôde
colar grau na faculdade,
pois decretaram sua pri -
são preventiva. Na
clandestinidade e com outros
nomes, trabalhou como operária têxtil. Com o
AI5, em 1968, houve um aumento da repressão e com
o codinome “Ceci”, passou a morar em Coronel Fabriciano.
Nesse período, teve gêmeas, mas uma das
meninas não sobreviveu. Passou por momentos
difíceis, ao fugir e se esconder com uma criança de
colo. Em junho de 1969, foi presa, e sofreu todo tipo
de tortura física e psicológica. Na prisão, para que
desse informações sobre outros militantes, o que
nunca fez, colocaram uma banheira de criança, com
instrumentos de tortura, dizendo que a qualquer
momento sua filha iria ser capturada e torturada. Mais
tarde, na cadeia, enquanto lia em um jornal uma
charge do cunhado Henfil, que usava o personagem
Fradim para fazer uma crítica velada à ditadura,
descobriu que sua filha Juliana estava bem. Com base
na Lei de Segurança Nacional sofreu três processos
judiciais que lhe renderam um ano e meio na prisão.
Em 1972, fora da cadeia, se integrou ao PCdoB,
juntamente com outros membros da AP. No Ceará,
foi presidente do partido e da União Brasileira de Mulheres.
Foi dirigente do diretório municipal do
PCdoB, em Belo Horizonte, e é membro da Comissão
de Anistiados em Minas. Como anistiada, recebeu uma
indenização do Estado em 2007.
Delcy Gonçalves de Paula
Professora aposentada do curso de
Serviço Social da PUC Minas
Nascida em Poté, no Vale do Mucuri, veio para
Belo Horizonte em 1964, com o desejo de transformar
o mundo e fazer a
revolução. Iniciou sua
militância no movimento
estudantil, quando partici -
pava de passeatas e movimentos
em defesa da
educação. No período da
ditadura, fez um trabalho
de conscientização contra
o regime na periferia de
Belo Horizonte. Passou a
dar aulas em escolas primárias e cursos de
alfabetização para operários. Na Ação Popular, com
um idealismo socialista, fazia da conscientização
política a resistência à ditadura militar, pois já estava
enfronhada entre a massa de trabalhadores. Como
dirigente da organização, foi presa e torturada, em junho
de 1969. Em 1970, fugiu para não ser presa
novamente, vivendo clandestinamente no Paraná. Já
em 1972, foi presa em Porto Alegre. Sofreu três
processos, num deles recebeu uma condenação de
prisão por dois anos. Com a Lei, foi anistiada e mais
tarde, indenizada. No ano de 1977, tornou-se
professora da PUC Minas no curso de Serviço Social
e realizou um trabalho focado nas discussões políticas
dentro da sala de aula, incentivando os alunos a
buscarem soluções contra as injustiças sociais. Dessa
forma continuou dando sua contribuição na luta pela
anistia e reconstruindo uma vida marcada pelas
atrocidades da repressão.
De todo o processo vivido no período, ela tenta
se focar no que restou de positivo como o
amadurecimento, com o reconhecimento sobre a
fragilidade humana e diz que é preciso recuperar ,
daqui para frente o que a ditadura interrompeu.
ELAS POR ELAS - AGOSTO DE 2009 35