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Elas por elas 2009

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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[ Artigo ]

trodutória com a afirmação de que lutar para enfrentar

tais preconceitos e discriminações, hoje em dia, é lutar

para reconstruir e expandir a própria noção de

cidadania e democracia. Defendo a ideia de que

cidadania, especialmente a cidadania social, nos

nossos dias não pode ser concebida meramente como

atributo ou condição de sujeitos: ela é inevitavelmente

processo. Nesse sentido a cidadania possui em si uma

extensão e abertura interdisciplinar reveladora da

multiplicidade de dimensões que se articulam a

estes múltiplos pertencimentos: de raça, de gênero,

de sexualidade, de geração etc. Entendo também que

não será possível superar as contradições que cercam

a temática dos valores fundamentais (os “universais”)

como a liberdade, a justiça social, a igualdade e a

solidariedade, a menos que possamos recolocá-los

num patamar multidimensional e enfrentar

analiticamente seus paradoxos, complexidades e perplexidades.

As marcas e os marcos principais que

caracterizam a transição do século XX para o XXI

clamam por redefinições de velhos temas nesta “era

dos direitos”, tornando-se inadiável interligar a

análise política da cidadania com a análise sociológica

(e psicológica), em busca da construção dos direitos

(humanos) que, de fato, tenham operacionalidade e

substância real na vida prática e não estejam ou

existam apenas arrolados formalmente. Histo rica -

mente é possível afirmar que o conceito de cidadania

reforçava o pertencimento a uma comunidade política

pensada inicialmente no território da cidade e depois

do Estado nacional. Hoje, a cidadania já não está

unicamente ligada à cidade nem exclusivamente a um

Estado, mas se afirma também no espaço internacional/supranacional

e intersubjetivo; apenas

podemos alcançá-la em seu pleno teor constituindoa

de seu sentido territorializado múltiplo, onde

vários pertencimentos podem e são politicamente

acionados.

Falar em direitos que visem a efetivar a

valorização humana e a sua diversidade constitutiva,

por exemplo, requer na sua relação com a cidadania

contemporânea, a leitura pessoal e social de que a

cidadania é multidimensional, afetando essa condição

humana em vários dos seus aspectos. A cidadania

compreende então todos os direitos de uma só vez:

os fundamentais – os políticos, os civis, os sociais, os

econômicos, os culturais – e também os ambientais

assim como os direitos difusos que, como se sabe,

podem estar em constante tensão paradoxal com as

idéias de liberdade, de justiça política, social e

econômica, de igualdade de chances e de resultados,

e de solidariedade, a que se vinculam. Mas é preciso

enfatizar que o conteúdo da cidadania atual compreende

esses direitos como valores (formais) e dados

“Hoje a cidadania

já não está unicamente

ligada à cidade nem

exclusivamente a um

Estado”

existenciais (substâncias) inerentes ao processo de

construção cidadã. Por exemplo, de nada adianta ser

titular de liberdade de expressão se não se possui a

educação mínima para a manifestação crítica das próprias

ideias. A esta visão dos direitos (e mesmo da

cidadania) se vincula a noção recente de indivisibilidade

e integralidade da cidadania.

Se a cidadania é complexa e multidimensional

somente o caráter da integralidade – que de modo

paradoxal está associada às diferentes dimensões que

a circunscrevem – e da transversalidade poderão

efetivar tais direitos. É urgente transversalizar as

multidimensões da cidadania. Dentre esses eixos

diferenciados q ue t ransversalizam a c idadania

contemporânea, destaco: gênero, raça/etnia, geração,

orientação sexual, urbano, rural, além do território

28 ELAS POR ELAS - AGOSTO DE 2009

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