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Para além da imagem social, a nossa língua na Galiza (mas,<br />
felizmente, não em Portugal) desaparece dos usos escritos.<br />
Os manuais escolares descrevem esta época como de Séculos<br />
Escuros, que decorrem desde finais da Idade até o s. XIX, em<br />
que tem lugar o Rexurdimento, em que começa a ensaiar-se<br />
o uso da língua em textos escritos e em cerimónias públicas,<br />
não sem grandes dificuldades.<br />
Uma das consequências, mais difíceis de reverter, de uma<br />
língua estar durante séculos confinada a uns usos sociais restritos<br />
tem a ver com o patamar de expetativas. Para ilustrar<br />
este termo, a meu ver mui importante, uma breve história de<br />
antropologistas.<br />
Estamos a meados do s. XX, no sul dos EUA numa localidade<br />
qualquer. Os estudantes pretos tiram piores qualificações<br />
do que os brancos. Os especialistas reúnem-se para<br />
indagar as causas e a argumentação racista cai na mesa mas<br />
decide-se enviar vários investigadores para que fagam diferentes<br />
pesquisas. Nada tiram a limpo até que... é contratado<br />
um investigador que não é norte-americano mas africano e<br />
dá na chave. A questão não é serem os negros os que obtêm<br />
piores qualificações mas os afro-americanos. Os estudantes<br />
de famílias que acabam de aterrar no PIB nº 1, tiram melhores<br />
qualificações que os brancos nativos. Por quê? Porque creem<br />
que vale a pena o seu investimento no sistema educativo en-<br />
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