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POR UMA DEMOCRACIA RADICAL - ecrim

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mentais (quase 10.000 pessoas presas têm antecedentes por<br />

transtornos mentais). A segunda razão pela qual deve ser uma<br />

prioridade o atendimento à saúde mental são os transtornos<br />

psicológicos inerentes à privação de liberdade. Viver fechado<br />

um período (muitas vezes indeterminado) de anos num<br />

espaço mínimo, com um absoluto controlo das atividades<br />

mais básicas, dos horários, sem contato com o mundo exterior,<br />

num ambiente perpetuamente hostil, (o único que pode<br />

existir entre as pessoas presas e os carcereiros) é gerador, per<br />

se, de transtornos psicológicos que precisam um atendimento<br />

específico que devia ser básico em toda a prisão, para ajudar a<br />

sobrelevar o facto contra natura de estar privado de liberdade,<br />

desde que se tencione, é claro, que ao sair em liberdade da<br />

prisão uma pessoa possa reintegrar-se na sociedade. Quando<br />

o objetivo é simplesmente tornar inócua a pessoa estigmatizada<br />

como delinquente, o seu afastamento social definitivo e<br />

permanente, é claro que a prisão, tal e como está desenhada,<br />

cumpre à perfeição o cometido. Haverá que promover uma<br />

nova reforma constitucional para modificar os fins da prisão<br />

no ordenamento jurídico espanhol. Qual é o problema?<br />

No Estado espanhol a taxa de criminalidade é muito menor<br />

que na média dos países europeus mas, em clara contradição,<br />

tem uma das percentagens de pessoas presas mais<br />

altas da Europa, chegando-se a quadruplicar a população penitenciária<br />

em menos de 30 anos, passando de 18.583 pessoas<br />

presas em 1980 para as quase 80.000 da atualidade. Extrapolando<br />

estes dados ao incremento da população, que passou<br />

de ter 37,4 milhões de pessoas para os 45,9 milhões, vê-se que<br />

o aumento da população geral foi de 22% e o da reclusa, de<br />

400%. Inacreditável.<br />

A privação de liberdade, pese a ser o modo mais cruento<br />

de repressão que se sofre aqui e agora, é ao que mais se recor-<br />

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