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POR UMA DEMOCRACIA RADICAL - ecrim

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e mass media que insistem incongruentemente na existência<br />

do princípio da igualdade perante a lei.<br />

Face a este perfil socialmente aceitado de «delinquente»,<br />

temos o contrário, o das pessoas que, mesmo se cometem<br />

delitos, não condizem com esse perfil e, portanto, não ingressam<br />

em prisão apesar dos seus «botins», que considerados<br />

de modo individual superam largamente o total dos<br />

que obtiveram as pessoas que sim se encontram presas: os<br />

delinquentes de «colarinho branco». Mas as prisões não estão<br />

feitas para estas pessoas, que desfrutam do respeito e inclusive<br />

reverência por parte da cidadania, de uma boa posição,<br />

elevada formação cultural e que, por não se sabe qual estranho<br />

fenómeno, não geram nenhum tipo de alarme social. Os<br />

seus delitos, já agora, são limpos, assépticos,... constituem um<br />

simples movimento monetário de umas mãos para outras,<br />

umas concessões de licenças urbanísticas a pé de praia, um<br />

simples tráfico de influências para encarregar a realização de<br />

50 rotundas num metro quadrado, ou a pederastia no incomparável<br />

quadro de um confessionário, entre muitos outros....<br />

A sociologia do delito e do «delinquente» foi profunda e claramente<br />

estudada por autores como Sutherland ou Foucault,<br />

em obras como Crimes do colarinho branco ou Punir e Castigar<br />

que, pese a terem sido escritas há décadas, têm plena<br />

vigência na atualidade.<br />

Ambos os sociólogos invalidaram as teorias do delito com<br />

raciocínios que não eram mais que a simples observação da<br />

realidade social de um ponto de vista crítico: se a explicação<br />

da delinquência vinha determinada pela classe social, a genética<br />

ou o nível cultural, não existiriam os delitos que mais<br />

dano fazem à sociedade, mesmo se eles não são considerados<br />

como tais, por serem cometidos nos gabinetes presidenciais<br />

ou nos conselhos de administração das grandes empresas<br />

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