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O desafio das diferenças nas escolas - TV Brasil

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Tais reações a mim se me afiguram como exteriorização de crescimento, o que tem um preço:<br />

o alcance da realidade que lhe enseja uma dose de sofrimento INERENTE AO SER<br />

HUMANO, em qualquer condição.<br />

Ponho esses relatos como forma de evidenciar que a identidade de minha filha com síndrome<br />

de Down foi construída na tessitura da oportunização de diversas experiências, tais como as<br />

vivi<strong>das</strong> para eleger a atividade profissional que abraçou: foi estagiária em pré-escola,<br />

trabalhou <strong>nas</strong> férias em duas lojas/boutique, experimentou ser manequim em dois desfiles.<br />

Trabalhou como recepcionista de eventos, o que às vezes ainda faz... E concluiu: “Quero ser<br />

professora!”<br />

Escolheu namorados, rejeitou alguns, viajou para a casa de um deles que reside em outra<br />

cidade no Sudeste e foi fazendo suas opções, que a levaram a ser, por enquanto e sob protesto,<br />

uma jovem sem parceiro.<br />

No exercício de sua cidadania vota desde os 18 anos, escolhendo seus próprios candidatos,<br />

fazendo suas opções mediante observação, análise e críticas que desfia sobre o candidato A ou<br />

B.<br />

Vivenciou sofrimentos – crises que a fizeram crescer! – e pôde superá-los. Sem prejuízo de –<br />

como qualquer um de nós – ser reincidente na avaliação da própria vida.<br />

Uma coisa é certa: Débora tem sua identidade. Marcada. Bem marcada. E tem demonstrado<br />

isso fortemente no combate ao preconceito, uma vez que se impôs e se impõe em qualquer<br />

situação, como as que já teve e tem oportunidade de enfrentar.<br />

Portanto, tenho claro que a identidade de uma pessoa também se constrói no estímulo de seus<br />

talentos e de sua capacidade de superação.<br />

Mas, principalmente acredito que (i) flui a partir da real inclusão na família; (ii) se desenvolve<br />

no ambiente saudável da escola regular; (iii) se reforça na vida social; (iv) se solidifica no<br />

exercício de uma atividade profissional e (v) atinge sua plenitude no encontro do amor, no<br />

desenvolvimento da sexualidade e na formação de um núcleo próprio.<br />

Impõe-se, por fim, uma reflexão: toda essa caminhada somente se completa se as etapas<br />

referi<strong>das</strong> não sofrerem solução de continuidade, por serem naturalmente decorrentes umas <strong>das</strong><br />

outras, e que sejam permea<strong>das</strong> do mais vital sentimento, o amor. Que jamais poderá ser o<br />

amor-coitado, o amor-caritativo, o amor-superprotetivo. Mas o amor genuíno, que engloba<br />

um plexo de fazeres que legitimam o educar na acepção mais ampla da palavra, oferecendo<br />

O DESAFIO DAS DIFERENÇAS NAS ESCOLAS. 35 .

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