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O desafio das diferenças nas escolas - TV Brasil

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médio, de um princípio de equivalência, os mecanismos disciplinares de vigilância<br />

hierárquica, as tecnologias de exame e a sanção normalizadora.<br />

Um traço marcante da sociedade disciplinar é, segundo Deleuze (1992, p. 222), a sua<br />

bipolaridade indivíduo/massa. Nas suas palavras:<br />

As sociedades disciplinares têm dois pólos: a assinatura que indica o indivíduo, e o<br />

número de matrícula que indica sua posição numa massa. É que as discipli<strong>nas</strong> nunca<br />

viram incompatibilidade entre os dois, e é ao mesmo tempo que o poder é massificante e<br />

individuante, isso é, constitui num corpo único aquele sobre os quais se exerce e molda a<br />

individualidade de cada membro do corpo.<br />

Deve-se estabelecer, com isto, a diferenciação – básica, por sinal – entre identificação e<br />

individualização. Enquanto a individualidade busca a afirmação do sujeito como um ser<br />

único, autêntico, indivisível, a identidade visa ao reconhecimento do mesmo como um dado<br />

estatístico. O mecanismo social do controle disciplinar passa, necessariamente, pela<br />

introjeção, por cada indivíduo, <strong>das</strong> noções de "massa" e de "membro". A massa deve ser<br />

homogênea, harmoniosa, ordeiramente funcional. O membro, por sua vez, deve se reconhecer<br />

como parte dessa massa, o que é promovido pela sua inscrição, por meio de diversos registros,<br />

como filho, aluno, eleitor, motorista, paciente, tributário, morador etc.<br />

Para cada situação um número. Só que esse arsenal de registros possui uma dupla função<br />

social: a de inscrever o indivíduo <strong>nas</strong> diversas situações – função manifesta – e a de<br />

identificá-lo como "infrator". Em suma, documentar é criar mecanismos de identificação e de<br />

controle sobre qualquer infrator potencial. Quanto menos identificado e utilizado como<br />

mecanismo de controle, mais eficiente e justificável é o registro.<br />

Essa estratégia de se posicionar o indivíduo na massa é descrita por Foucault (1985) como o<br />

fenômeno do quadriculamento. Segundo ele, cada pessoa tem definido seu espaço de<br />

realização. E é sobre esse espaço de possibilidades que se estabelece a vigilância sobre cada<br />

um dos indivíduos. Nas palavras de Vaz (1997, p. 80):<br />

[...]a disciplina quadricula um espaço fechado, qualificando-o funcionalmente. Técnica<br />

arquitetural para localizar os indivíduos, hierarquizá-los segundo o lugar que ocupam e,<br />

portanto, torná-los cambiáveis. Quadro vivo que impõe "ordem ao múltiplo": estabelece<br />

O DESAFIO DAS DIFERENÇAS NAS ESCOLAS. 39 .

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