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LITERATURA LATINA I - Universidade Castelo Branco

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Os adjetivos lírico, épico e dramático definem a essência caracterizadora da obra; tal essência manifesta-se<br />

por determinados fenômenos estilísticos.<br />

Deste modo uma obra pertence a um ramo genérico onde a essência lírica tem caráter prioritário; tal obra<br />

participa, contudo, da essência ou de traços particulares de outros gêneros.<br />

Ex.: Uma peça teatral é dramática quanto ao ramo porque nela prevalece a essência dramática (representação,<br />

tensão), mas pode participar da essência lírica nos momentos em que tiver desdobramentos afetivos. Um romance<br />

pertence ao ramo épico porque nele prevalece a essência épica (relato/apresentação de uma ação), mas pode<br />

também participar da essência dramática (nos diálogos) e da essência lírica (efusão de sentimentos).<br />

Segundo Staiger, nenhuma obra pode ser classificada exclusivamente num só gênero: sempre vai partilhar da<br />

essência dos demais. Com isso abrem-se os limites para o entrosamento entre os gêneros.<br />

A partir da divisão tripartida dos gêneros, podemos estabelecer divisões em espécies (formas ou classes):<br />

- Espécies da Lírica: soneto, ode, elegia, balada, rondó etc.<br />

- Espécies da Épica: epopéia, romance, conto, novela.<br />

- Espécies do Drama: tragédia, comédia, tragicomédia, farsa etc.<br />

Sobre a Essência de Cada Gênero<br />

O gênero lírico<br />

A essência lírica se manifesta nos fenômenos estilísticos.<br />

Será lírico o poema de extensão menor que não possuir personagens nítidos e no qual uma voz central (um<br />

eu-lírico) exprime seu estado de alma. Da expressão do Eu lírico advém o subjetivismo (o eu-lírico não pode<br />

ser confundido com um eu-autobiográfico). O clima lírico é provido de afetividade e emotividade, ligadas ao<br />

íntimo e ao sentimento. O eu-lírico, ao exprimir seus estados d’alma, envolve-se no que diz. Isto torna fluida<br />

e inconsistente a relação entre o sujeito e o objeto (entre o eu e o mundo). Emoção e sentimento impedem a<br />

configuração mais nítida das coisas e dos seres. O eu e o mundo se aproximam, fundem-se e confundem-se.<br />

Esta aproximação atinge vários graus: quando há descrições, diálogos, análises e reflexões, por exemplo, há um<br />

maior distanciamento entre o eu e o mundo, desvanece-se o clima lírico, visto que são incluídos elementos épicos<br />

ou dramáticos. A atitude lírica consiste na fusão entre o eu e o mundo. Isto só se dá por um estado de alma<br />

que envolve tudo, exterior e interior, passado, presente e futuro. Staiger chama a essência lírica de recordação<br />

(i. e., re + cor, cordis = de novo no coração) > o um-no-outro, o EU nas coisas e as coisas no EU.<br />

O gênero épico<br />

A essência épica:<br />

A essência épica revela-se através de traços estilísticos específicos.<br />

Ao contrário da lírica, a épica se realiza através de um distanciamento entre o sujeito (narrador) e o objeto<br />

(mundo narrado). O narrador não se envolve no que diz, confronta-se com o que narra. O mundo narrado é o<br />

ob-jeto (posto diante de).<br />

Epopéia vem do grego épos = canto, recitação, isto é, alguém narra um fato a um grupo de ouvintes; distanciando-se,<br />

portanto, o narrador em relação ao acontecimento passado, numa posição de confronto. O relato é<br />

a atitude épica na qual o narrador se coloca diante do objeto, segundo determinado ponto de observação, para<br />

ver, registrar, mostrar, enfim, apresentar. Por isso Staiger considera a apresentação a essência épica.<br />

A epopéia enquadra-se no gênero épico (também chamado de narrativo, por causa da apresentação) porque<br />

apresenta os elementos específicos da narração: narrador, espaço, acontecimento, personagens etc. A epopéia,<br />

contudo, não se confunde com a narrativa de ficção pelos seguintes motivos: 1. Integra a expressão formal na<br />

estrutura narrativa, isto é, a epopéia tem como unidade o verso, divide-se em estrofes e cantos, explora recursos

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