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LITERATURA LATINA I - Universidade Castelo Branco

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36<br />

O triunfo é por excelência a “mise en scène” do poder<br />

dos magistrados. O cônsul vitorioso sentia-se autorizado,<br />

de maneira especial, a atravessar a cidade à<br />

frente de suas tropas, exibindo os espólios tomados e<br />

trazendo os reis vencidos amarrados na ponta de uma<br />

corrente. O triunfador, com um manto de púrpura e<br />

as bochechas pintadas de vermelho, como as estátuas<br />

dos deuses, conduzia o carro de Júpiter e subia ao<br />

capitólio ao som das trombetas. Toda Roma fazia o<br />

percurso em ovações.<br />

O Senado, a alta assembléia, formada por antigos<br />

magistrados, é também um espetáculo. Esses homens<br />

graves em toga pretexta, numa pose digna e compassada,<br />

demonstravam uma autoridade tão evidente que<br />

um embaixador estrangeiro dizia ter visto neles “uma<br />

assembléia de reis”.<br />

O aparato do poder em Roma é fundamental; ele é a<br />

verdade e manifesta uma legitimidade sagrada.<br />

2º) Os espetáculos da família:<br />

As grandes famílias romanas usavam o mesmo tipo<br />

de espetáculo para assegurar prestígio e afirmar sua<br />

nobreza. O espetáculo por excelência do poderio aristocrático<br />

eram os funerais de um magistrado. O morto<br />

era levado em procissão através da cidade, depois de<br />

uma parada no Fórum. Era precedido por um longo<br />

cortejo de ancestrais já falecidos sobre um carro de<br />

honra, representados por máscaras fúnebres, moldadas<br />

em cera, cujos atores ficavam vestidos com roupas<br />

de magistrados. Após esse desfile ao som das flautas,<br />

os atores que vestiam as máscaras se instalavam no<br />

Fórum, onde faziam seu próprio elogio. Depois sepultavam<br />

o morto fora da cidade. O espetáculo desses<br />

fantasmas com todo o aparato de sua glória passada<br />

e a lembrança de todos seus altos feitos políticos e<br />

militares serviam para gravar na mente de todos os<br />

romanos a lembrança de seus homens ilustres e lhes<br />

davam o gosto da virtude e da glória. Era o espetáculo<br />

da memória, a celebração das virtudes cívicas que<br />

levam às mais altas funções.<br />

As famílias mais ricas e poderosas incluíam, nas solenidades,<br />

combates de gladiadores, que ocorriam no<br />

Fórum. Denominavam-se “deveres” (munera). Não<br />

eram simulações e havia derramamento de sangue.<br />

3.5 - Ator: Glória e Infâmia<br />

O ator romano era chamado de ludius. Era um dançarino<br />

e um mímico. O cantor e o tocador de flauta<br />

eram colaboradores, feitos de glória e de infâmia.<br />

- O ator nos espetáculos:<br />

O espetáculo latino dá ao ator o primeiro lugar nos<br />

Tais combatentes eram admirados por sua coragem;<br />

eram uma lição de virtude.<br />

As famílias nobres exibiam-se em lugares públicos.<br />

Um homem público não se deslocava na cidade se<br />

não estivesse acompanhado de um grupo de “clientes”.<br />

Quanto mais numeroso era o grupo, mais importante<br />

era o homem.<br />

3º) Os espetáculos da religião:<br />

O ato essencial da religião romana era o sacrifício: a<br />

exposição da morte de um animal doméstico sobre um<br />

altar iluminado e a posterior repartição de suas carnes<br />

entre os principais sacrificadores. Sacrifício doméstico<br />

ou sacrifício público era sempre um ato coletivo que<br />

compreendia atores e espectadores. Ambos faziam<br />

parte do sacrifício. Ou se obtinha uma parte do animal<br />

e se a comia, ou se assistia à cerimônia. Olhar já era<br />

participar, e não apenas uma prova de passividade.<br />

4º) Os espetáculos da palavra<br />

A vida política em Roma era aquela da república: a<br />

força que agita era o exercício da palavra. Os magistrados<br />

eram eleitos, as leis eram votadas. Governar<br />

era convencer. Daí se entende a força da eloqüência.<br />

No senado, diante do povo, os políticos falavam.<br />

Uma parte do auditório votaria, a outra não. A prática<br />

do voto não era igualitária, mas os espectadores eram<br />

sempre ativos.<br />

Outro espetáculo da palavra era proporcionado pelos<br />

advogados no Fórum. Era por lá que todo o político<br />

iniciava, dava-se a conhecer, defendendo seus<br />

amigos e atacando seus inimigos. Apresentavam as<br />

provas diante de um público, que todas as manhãs se<br />

apresentava ante o tribunal. Sua presença era tão importante<br />

que Cícero dizia que não havia causa para<br />

defender se não houvesse público.<br />

Na civilização romana, a vida pública era constituída<br />

em grande parte de espetáculos. Seus atores eram<br />

os da vida política. Os espectadores eram os cidadãos,<br />

cuja presença indicava uma legitimação dos atos da<br />

vida pública. Roma afirmava a legitimidade dos poderes<br />

do espetáculo, a verdade das aparências às quais<br />

não se opõe nenhuma interioridade.<br />

espetáculos cênicos. É ele que tem a tarefa mais importante,<br />

não o poeta ou o compositor da música. Era<br />

ele a quem o público aclamava, a quem os simpatizantes<br />

acompanhavam em grupo até sua casa. Ele<br />

desencadeava paixões, inclusive paixões amorosas,<br />

entre os homens da nobreza. O grande ator Roscius

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