LITERATURA LATINA I - Universidade Castelo Branco
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O triunfo é por excelência a “mise en scène” do poder<br />
dos magistrados. O cônsul vitorioso sentia-se autorizado,<br />
de maneira especial, a atravessar a cidade à<br />
frente de suas tropas, exibindo os espólios tomados e<br />
trazendo os reis vencidos amarrados na ponta de uma<br />
corrente. O triunfador, com um manto de púrpura e<br />
as bochechas pintadas de vermelho, como as estátuas<br />
dos deuses, conduzia o carro de Júpiter e subia ao<br />
capitólio ao som das trombetas. Toda Roma fazia o<br />
percurso em ovações.<br />
O Senado, a alta assembléia, formada por antigos<br />
magistrados, é também um espetáculo. Esses homens<br />
graves em toga pretexta, numa pose digna e compassada,<br />
demonstravam uma autoridade tão evidente que<br />
um embaixador estrangeiro dizia ter visto neles “uma<br />
assembléia de reis”.<br />
O aparato do poder em Roma é fundamental; ele é a<br />
verdade e manifesta uma legitimidade sagrada.<br />
2º) Os espetáculos da família:<br />
As grandes famílias romanas usavam o mesmo tipo<br />
de espetáculo para assegurar prestígio e afirmar sua<br />
nobreza. O espetáculo por excelência do poderio aristocrático<br />
eram os funerais de um magistrado. O morto<br />
era levado em procissão através da cidade, depois de<br />
uma parada no Fórum. Era precedido por um longo<br />
cortejo de ancestrais já falecidos sobre um carro de<br />
honra, representados por máscaras fúnebres, moldadas<br />
em cera, cujos atores ficavam vestidos com roupas<br />
de magistrados. Após esse desfile ao som das flautas,<br />
os atores que vestiam as máscaras se instalavam no<br />
Fórum, onde faziam seu próprio elogio. Depois sepultavam<br />
o morto fora da cidade. O espetáculo desses<br />
fantasmas com todo o aparato de sua glória passada<br />
e a lembrança de todos seus altos feitos políticos e<br />
militares serviam para gravar na mente de todos os<br />
romanos a lembrança de seus homens ilustres e lhes<br />
davam o gosto da virtude e da glória. Era o espetáculo<br />
da memória, a celebração das virtudes cívicas que<br />
levam às mais altas funções.<br />
As famílias mais ricas e poderosas incluíam, nas solenidades,<br />
combates de gladiadores, que ocorriam no<br />
Fórum. Denominavam-se “deveres” (munera). Não<br />
eram simulações e havia derramamento de sangue.<br />
3.5 - Ator: Glória e Infâmia<br />
O ator romano era chamado de ludius. Era um dançarino<br />
e um mímico. O cantor e o tocador de flauta<br />
eram colaboradores, feitos de glória e de infâmia.<br />
- O ator nos espetáculos:<br />
O espetáculo latino dá ao ator o primeiro lugar nos<br />
Tais combatentes eram admirados por sua coragem;<br />
eram uma lição de virtude.<br />
As famílias nobres exibiam-se em lugares públicos.<br />
Um homem público não se deslocava na cidade se<br />
não estivesse acompanhado de um grupo de “clientes”.<br />
Quanto mais numeroso era o grupo, mais importante<br />
era o homem.<br />
3º) Os espetáculos da religião:<br />
O ato essencial da religião romana era o sacrifício: a<br />
exposição da morte de um animal doméstico sobre um<br />
altar iluminado e a posterior repartição de suas carnes<br />
entre os principais sacrificadores. Sacrifício doméstico<br />
ou sacrifício público era sempre um ato coletivo que<br />
compreendia atores e espectadores. Ambos faziam<br />
parte do sacrifício. Ou se obtinha uma parte do animal<br />
e se a comia, ou se assistia à cerimônia. Olhar já era<br />
participar, e não apenas uma prova de passividade.<br />
4º) Os espetáculos da palavra<br />
A vida política em Roma era aquela da república: a<br />
força que agita era o exercício da palavra. Os magistrados<br />
eram eleitos, as leis eram votadas. Governar<br />
era convencer. Daí se entende a força da eloqüência.<br />
No senado, diante do povo, os políticos falavam.<br />
Uma parte do auditório votaria, a outra não. A prática<br />
do voto não era igualitária, mas os espectadores eram<br />
sempre ativos.<br />
Outro espetáculo da palavra era proporcionado pelos<br />
advogados no Fórum. Era por lá que todo o político<br />
iniciava, dava-se a conhecer, defendendo seus<br />
amigos e atacando seus inimigos. Apresentavam as<br />
provas diante de um público, que todas as manhãs se<br />
apresentava ante o tribunal. Sua presença era tão importante<br />
que Cícero dizia que não havia causa para<br />
defender se não houvesse público.<br />
Na civilização romana, a vida pública era constituída<br />
em grande parte de espetáculos. Seus atores eram<br />
os da vida política. Os espectadores eram os cidadãos,<br />
cuja presença indicava uma legitimação dos atos da<br />
vida pública. Roma afirmava a legitimidade dos poderes<br />
do espetáculo, a verdade das aparências às quais<br />
não se opõe nenhuma interioridade.<br />
espetáculos cênicos. É ele que tem a tarefa mais importante,<br />
não o poeta ou o compositor da música. Era<br />
ele a quem o público aclamava, a quem os simpatizantes<br />
acompanhavam em grupo até sua casa. Ele<br />
desencadeava paixões, inclusive paixões amorosas,<br />
entre os homens da nobreza. O grande ator Roscius