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LITERATURA LATINA I - Universidade Castelo Branco

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ítmicos e sonoros. 2. Tem a presença de uma consciência lírica, necessária para integrar a expressão formal,<br />

aliada ao fio narrativo. Nesse sentido, fazer uma epopéia é um privilégio do poeta, condição para ser autor<br />

épico. 3. Estrutura a realidade através de uma proposição da realidade histórica resultante da fusão do real e do<br />

mito. A narrativa de ficção estrutura uma proposição de realidade ficcional (do verbo fingere), uma elaboração<br />

em nível de imaginário, de relação existencial do homem com o mundo; matéria romanesca, real imaginário<br />

criado literariamente. A matéria épica baseia-se na estruturação de uma proposição da realidade histórico-maravilhosa<br />

como resultado da realização literária da fusão do real histórico com o mítico.<br />

A natureza da matéria épica: Chamamos de matéria épica a fusão do real histórico com o mítico processada<br />

ao nível da realidade objetiva. A matéria épica constitui-se de uma dimensão real, projetada no acontecimento<br />

histórico, e de uma dimensão mítica sustentada na aderência mítica desrealizadora desse mesmo acontecimento<br />

histórico (ver in Anazildo V. da Silva, Formação épica da Lit. Bras.). O fato histórico, quando ocorre, é só realidade<br />

e o seu relato puro e simples é História. Se esse fato é grandioso e fantástico a ponto de romper o limite<br />

do real (ver mais adiante o conceito de mito), capaz de ultrapassar a capacidade de compreensão do homem na<br />

época de sua ocorrência, começa a receber uma aderência mítica desrealizadora que a ele se funde com o passar<br />

do tempo, convertendo-o em matéria épica.<br />

A epopéia é, pois, uma realização literária específica de uma matéria épica. É por isso que a epopéia estrutura-se<br />

em dois planos, o histórico (dimensão do real da matéria épica) e o maravilhoso (dimensão mítica da<br />

matéria épica). Observe que este conceito é fundamental para entendermos e caracterizarmos o herói épico<br />

e o relato, visto que a interação desses dois planos é uma exigência épica. O herói épico, para ser sujeito<br />

da ação épica, precisa agenciar as duas dimensões: a real e a mítica. Sua condição humana agencia o real<br />

histórico, sua condição mítica, o real maravilhoso. Sendo o personagem épico um ser histórico, a condição<br />

humana é um atributo natural para agenciar o real histórico, mas isto, por si só, não é suficiente para o elevar<br />

à categoria de herói (como ser histórico é um homem, um mortal, sujeito à consumação). Para ser herói,<br />

deve adentrar o solo do maravilhoso, ganhando, com a condição mítica, a imortalidade que o resgata da consumação<br />

do tempo histórico e lhe confere a heroicidade. Com a interação entre os dois planos, ou as duas<br />

realidades, ocorre a transfiguração histórica do relato e do herói. Essa interação ocorre sempre, ainda que o<br />

personagem seja um herói por natureza, isto é, quando já traz em si, geneticamente, as condições humana e<br />

mítica (Ex.: Enéias, filho de Anquises (humano) e de Vênus (deusa), tem em si, por uma situação original, a<br />

dupla condição que unge o herói épico).<br />

O que chamamos de modelo épico clássico é uma manifestação do discurso épico (epopéia) na antigüidade.<br />

Este primeiro modelo (clássico) foi devidamente formulado por Aristóteles. Seu discípulo Staiger<br />

sistematizou teoricamente os elementos estruturadores do discurso épico (também o lírico e o dramático,<br />

inter-relacionando-os).<br />

Staiger tem como objetivo determinar a essência épica, que denomina apresentação e justifica em função<br />

do distanciamento entre o EU e o MUNDO, isto é, entre o narrador e a matéria narrada. Esse distanciamento<br />

coloca o narrador diante da matéria narrada em situação de confronto (não de fusão), resultando daí os demais<br />

elementos ou fenômenos estilísticos que compõem essa essência:<br />

O passado.<br />

A memória.<br />

O uso da 3ª pessoa.<br />

A grandiloqüência.<br />

A narrativa e a ação.<br />

A inalterabilidade de ânimo.<br />

A uniformidade métrica.<br />

O desenrolar progressivo.<br />

Eis algumas obras épicas:<br />

Grécia - Ilíada, Odisséia - epopéias homéricas.<br />

Roma - Eneida, de Vergílio e Farsalia, de Lucano.<br />

Itália - A Divina Comédia - de Dante Alighieri; Jerusalém Libertada - de Torquato Tasso.<br />

Portugal - Os Lusíadas - de Luís de Camões.<br />

Brasil - O Uraguai - de Basílio da Gama e Caramuru - de Frei José de Santa Rita Durão.<br />

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