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LITERATURA LATINA I - Universidade Castelo Branco

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aco, também o páthos que tinha caracterizado as vozes<br />

da grande poesia de amor latina com Ovídio se dilui e<br />

banaliza. O drama de Catulo, de Propércio, a sua intensa<br />

aventura existencial, torna-se em Ovídio pouco mais que<br />

um lusus (= passatempo), e a experiência do éros é analisada<br />

pelo poeta com um filtro de ironia e de destaque<br />

intelectual. Não menos significativa é a escassa presença<br />

nos Amores de um motivo centralíssimo na poesia elegíaca<br />

precedente, ou seja, o servitium amoris, a profissão<br />

de total dedicação do amante à amada, aos seus desejos<br />

e aos seus caprichos. Em Ovídio, dizia-se, este motivo<br />

tem uma função bastante limitada, ao passo que é notável<br />

que, numa autêntica elegia, sua posição de realce seja dedicada<br />

à profissão de servitium nos confrontos amorosos.<br />

Não só: ganha peso, com respeito à poesia precedente,<br />

a) a consciência literária do poeta, que se manifesta na<br />

insistência sobre a poesia como instrumento de imortalidade,<br />

como nos conclusivos versos (1, 15):<br />

por isso também quando o rogo fúnebre tiver consumido<br />

meu corpo,<br />

continuarei a existir e grande parte de mim sobreviverá.<br />

b) como autônoma criação do poeta, desvinculada<br />

da obrigação de retratar o real, como nos versos<br />

(3, 12, 41...):<br />

A fértil fantasia dos poetas se desprende sem limites,<br />

e não vincula as próprias palavras à fidelidade à história.<br />

A elegia ovidiana não mais se apresenta como subordinada<br />

à vida, seu fiel reflexo, mas reivindica o seu<br />

primado, a sua centralidade na existência do poeta.<br />

Exercícios de Auto-avaliação<br />

1- Qual foi a primeira obra de Ovídio?<br />

As Metamorfoses<br />

2- Aponte diferenças entre Vergílio e Ovidio existentes nas Metamorfoses.<br />

3- De que trata Os Amores, de Ovídio?<br />

4- Aponte algumas características da lírica.<br />

5- O que é o epicurismo?<br />

Se Vergílio, na Eneida, seguiu a tradição épica,<br />

Ovídio abordou o épos de outra maneira: não optou<br />

pelo poema de grandes dimensões, mas seguiu<br />

o modelo épico inspirado em Hesíodo (Teogonia),<br />

aquele de um “poema coletivo”, que reagrupa uma<br />

série de histórias independentes que têm em comum<br />

um mesmo tema. Segue, pois, um modelo<br />

inspirado entre os alexandrinos, principalmente<br />

em Calímaco.<br />

O poema narra, em forma épica, em 15 livros,<br />

a criação do universo a partir do caos e sobre a<br />

criação do homem. Depois vem o dilúvio universal<br />

e a regeneração do gênero humano graças a<br />

Deucalião e Pirra. A seguir vem o tempo do mito,<br />

dos deuses e semideuses, das suas paixões e caprichos:<br />

de Apolo e Dafne (a transformação desta em<br />

loureiro), de Júpiter e Io, de Faetonte, de Narciso<br />

e Eco etc. Passa também pela história de Príamo,<br />

pela de Perseu que salva Andrômaca do monstro<br />

marinho, pela do rapto de Prosérpina, pela de Minerva<br />

e Aracne, de Medéia, de Ícaro e Dédalo, de<br />

Peleu e Tétis etc.<br />

O amor nas Metamorfoses constitui o tema unificante<br />

da obra. Não se trata mais de um amor ambientado<br />

na vida quotidiana de Roma, da sociedade<br />

mundana, mas no universo do mito, no mundo<br />

dos deuses e dos semideuses, como já ocorrera<br />

antes nas Heroides.<br />

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