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INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS

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e o seu propósito, que é o de estabelecer a<br />

eqüidade na aplicação <strong>dos</strong> recursos públicos<br />

destina<strong>dos</strong> ao financiamento da educação<br />

municipal. Em alguns municípios, a municipalização<br />

ocorreu em ritmo acelerado a<br />

partir de 1997. Esses municípios assim procederam<br />

porque tinham a expectativa de<br />

que passariam a ter mais recursos para desenvolver<br />

suas políticas sociais. Mas isto não<br />

está acontecendo em muitos desses municípios.<br />

O que vem ocorrendo, de fato, é a<br />

transferência de encargos do estado para os<br />

municípios, que passam, conseqüentemente,<br />

a ter maiores dificuldades em relação<br />

ao financiamento e ao gerenciamento da<br />

educação fundamental, comprometendo a<br />

qualidade do ensino.<br />

Outro problema que se tornou<br />

evidente com a municipalização foi a saída<br />

abrupta do governo do estado na oferta da<br />

educação infantil e de classes de suplência<br />

da 1 a à 4 a séries, muitas vezes, com o simples<br />

fechamento de turmas no final do ano<br />

letivo, deixando a população sem a oferta<br />

de educação para esses segmentos. Essa situação,<br />

por sua vez, vem gerando pressões<br />

sobre as prefeituras, para a oferta desse serviço.<br />

Dessa forma, as prefeituras, que foram<br />

obrigadas a assumir o ensino fundamental<br />

para não perder recursos, são agora obrigadas<br />

a assumir, também, a oferta da educação<br />

infantil e das turmas de suplência da 1 a<br />

à 4 a série, acarretando, com isso, a elevação<br />

de suas despesas com educação. Essa elevação<br />

tem levado ao comprometimento de<br />

outros itens orçamentários, gerando novos<br />

problemas de investimento em outras áreas<br />

sociais, levando a um círculo vicioso de causa<br />

e efeito.<br />

Ainda um outro problema decorrente<br />

do processo de municipalização a que<br />

os municípios estão sujeitos é o aumento expressivo<br />

de novos funcionários municipais.<br />

Problema que se torna mais complexo quando<br />

se considera que a maioria <strong>dos</strong> servidores<br />

traz do estado o seu tempo de serviço e que<br />

muitos trabalharão no município não mais<br />

que cinco ou dez anos e, em seguida, serão<br />

aposenta<strong>dos</strong> pelo Tesouro municipal, o que<br />

poderá tornar inviável a administração a<br />

médio ou longo prazo.<br />

Pode-se perceber, claramente, que,<br />

por trás da idéia de se estabelecer uma eqüidade<br />

na distribuição <strong>dos</strong> recursos públicos<br />

– que é muito nobre – assiste-se a uma transferência<br />

de obrigações de outras esferas da<br />

Gestão & Regionalidade - N o 13 - 2 o Semestre 2005<br />

Federação para os municípios, sem a devida<br />

transferência de recursos. Dessa maneira, os<br />

municípios, que são os entes públicos mais<br />

suscetíveis às pressões populares por mais<br />

serviços, além de terem escassas possibilidades<br />

de alterar sua política de arrecadação,<br />

tornam-se ainda mais penaliza<strong>dos</strong>.<br />

A maior virtude da municipalização<br />

está em seu caráter local e comunitário. No<br />

entanto, para que ela se torne eficaz, é necessário<br />

que a sociedade local seja capaz de<br />

exercer seu direito à informação e à participação.<br />

Que ela possa participar do processo<br />

de formulação e avaliação das políticas educacionais<br />

e da fiscalização de sua execução.<br />

Esta presença da sociedade exige, portanto,<br />

a incorporação de categorias e grupos sociais<br />

envolvi<strong>dos</strong> direta ou indiretamente no<br />

processo educativo, e que, freqüentemente,<br />

têm sido excluí<strong>dos</strong> das decisões, tais como<br />

os funcionários e professores, os pais e os<br />

próprios alunos. Isto implica, de certa forma,<br />

tirar <strong>dos</strong> governantes e <strong>dos</strong> técnicos da<br />

área o monopólio de determinar os rumos<br />

da educação no município. Quanto mais<br />

representatividade houver, maior será a capacidade<br />

de intervenção e fiscalização da<br />

sociedade civil.<br />

Esta participação da sociedade local<br />

nem sempre ocorre, o que torna difícil o<br />

êxito da municipalização. Somando-se a isso<br />

o fato de o processo vir penalizando muitos<br />

municípios, é natural que alguns deles estejam<br />

inclina<strong>dos</strong> a rejeitar a municipalização.<br />

A opção de integração ao sistema estadual,<br />

no entanto, não significa para o município<br />

abrir mão de seus deveres em relação à educação<br />

e às escolas, mas sim à perda parcial<br />

de sua autonomia nesse setor. O município<br />

não pode, sob qualquer pretexto, eximir-se<br />

das responsabilidades relativas ao ensino<br />

fundamental, até mesmo porque, de qualquer<br />

maneira, a manutenção das instituições<br />

de educação infantil continuará a cargo<br />

da esfera municipal. Com efeito, deixar<br />

simplesmente que o governo estadual ou<br />

federal assuma ou realize atividades de âmbito<br />

local ou regional, significa, na realidade,<br />

uma renúncia à autonomia municipal.<br />

Ou, em outras palavras: retirar <strong>dos</strong> cidadãos<br />

a possibilidade de intervir diretamente nas<br />

ações públicas que lhes dizem respeito.<br />

Para Ângela Maria Martins (2002),<br />

pesquisadora da Fundação Carlos Chagas,<br />

a municipalização do ensino, permitiu a<br />

relocação do centro de poder e tornou as<br />

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