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INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS

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com mais de 300 guardas civis municipais,<br />

alocando cerca de 60 mil guardas.<br />

Ora considerada como servidora<br />

pública na proteção e bens de serviços do<br />

município, ora como a verdadeira polícia<br />

municipal, a instituição têm se defrontando<br />

com uma real crise de identidade e de<br />

natureza gerencial. A presença feminina,<br />

gradualmente inserida na instituição, demonstrou<br />

que também não foram superadas<br />

na corporação as desigualdades nas<br />

relações de gênero.<br />

. a GUarDa CIVIL MUnICIPaL eM sanTO<br />

an<strong>Dr</strong>É e a InCOrPOraÇÃO Das MULheres<br />

Em Santo André, a Guarda Civil<br />

Municipal foi criada pela Lei n o 6.125, em<br />

31 de maio de 1985, com o objetivo de<br />

praticar a vigilância noturna e diurna <strong>dos</strong><br />

logradouros públicos e suas repartições, subordinando-se<br />

ao Departamento de Trânsito<br />

da cidade. Por sua vez, adquiriu organização<br />

administrativa própria somente em<br />

1991. Mesmo assim, desde 1989, a GCM de<br />

Santo André contou com efetivo trabalho<br />

de segurança e colocou a primeira mulher<br />

no comando das guardas da cidade.<br />

A ascensão feminina na Guarda<br />

Civil Municipal firmou-se a partir de 1998,<br />

quando o número de mulheres contratadas<br />

passou para 30 guardas femininas, chegando<br />

a 96, em 2004, em um universo masculino<br />

de 341 guardas.<br />

A região do Grande ABC, englobando<br />

as sete cidades de Santo André, São<br />

Bernardo do Campo, São Caetano do Sul,<br />

Diadema, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão<br />

Pires, contava no início da década<br />

de 2000 com 1.754 guardas municipais,<br />

dentre eles, 300 mulheres.<br />

A entrada das mulheres na GCM de<br />

Santo André acompanhou as propostas das<br />

policias militares de humanizar o tratamento<br />

com seu público, acreditando que, por suas<br />

características dóceis e versáteis, as mulheres<br />

poderiam lidar melhor com os munícipes.<br />

4. A PESQUISA<br />

Foram entrevistadas 12 guardas<br />

femininas da corporação andreense, que<br />

responderam cada uma, a um questionário<br />

de 11 perguntas acerca de temas, como<br />

tempo de serviço, as condições das mulheres<br />

na corporação e o tratamento recebido<br />

Gestão & Regionalidade - N o 13 - 2 o Semestre 2005<br />

em função do gênero e, ainda, sobre direitos<br />

femininos e ampliação <strong>dos</strong> poderes das<br />

guardas civis municipais. As entrevistadas<br />

foram selecionadas por José Renato da<br />

Silva, comandante da Guarda Civil Municipal<br />

e responderam ao questionário em 15<br />

de abril de 2004, comparecendo à Câmara<br />

Municipal de Santo André. Por terem sido<br />

encaminhadas para tal finalidade, apresentaram-se<br />

fardadas e desarmadas.<br />

Da tabulação desse levantamento,<br />

pode-se apreender que as mulheres entrevistadas<br />

estavam com entre 30 e 39 anos de<br />

idade, a maioria casada e com filhos, cujo<br />

tempo de serviço nessa corporação variava<br />

de 3,5 a 13 anos. O principal motivo relatado<br />

que as levara a ingressar na GCM foi<br />

a busca de emprego estável, pois encontravam-se<br />

desempregadas à época em que<br />

prestaram concurso.<br />

Ao serem questionadas sobre a<br />

forma como a população andreense as recebe<br />

nas ruas, foram unânimes em afirmar<br />

que os munícipes consideram as guardas<br />

femininas como um “avanço” ou “evolução”<br />

da corporação. Também recebem<br />

sempre, o que chamam de elogios à mulher,<br />

ao sexo ou ao corpo, não tendo caráter<br />

erótico, sensual ou libidinoso, mas<br />

sempre relaciona<strong>dos</strong> à atuação profissional,<br />

salientando objetivos, como “mais<br />

educadas, dedicadas, delicadas e pacientes<br />

no serviço”, em relação ao tratamento <strong>dos</strong><br />

guardas homens com a população.<br />

Por nossa indagação, foi unanimemente<br />

rechaçado pelas guardas femininas<br />

o fato de as mulheres prestarem serviço<br />

diferenciado <strong>dos</strong> homens na Guarda Civil.<br />

Consideram-se aptas ao mesmo serviço, recebendo<br />

o mesmo treinamento, que lhes<br />

permite a mesma competência e eficiência<br />

na prestação. Consideram-se, também,<br />

“mais preparadas” para o trabalho, pois:<br />

“Na cidade de São Paulo, foi feita uma<br />

pesquisa que comprova que as mulheres<br />

são mais eficazes, mais solidárias<br />

e, no horário de alto risco, são mais<br />

ágeis, embora menos precipitadas e<br />

quase nunca efetuam disparos acidentais,<br />

isso é coisa de homem” (Rosseti,<br />

25 anos, três anos de corporação).<br />

A associação da mulher ao papel<br />

de mãe de família, de dona de casa,<br />

tem sido entrave aos direitos da mulher<br />

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