INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS
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os da<strong>dos</strong> indicam isso, em relação à educação<br />
fundamental, o problema é a permanência<br />
e a qualidade dessa permanência,<br />
que é outro problema. E aí, os da<strong>dos</strong><br />
do Saesp já indicaram que a queda tem<br />
sido vertiginosa, principalmente no final<br />
da quinta série, da oitava série e também<br />
do ensino médio. Esse é um problema que<br />
não vai se resolver só com a vinda de recursos,<br />
mas vai se resolver também olhando<br />
para o chão da escola, para o lado da<br />
infra-estrutura, que é um problema sério.<br />
Vai se resolver olhando para o trabalhador<br />
da educação ou para o profissional da<br />
educação. E sabe-se perfeitamente que a<br />
média salarial no país é baixíssima, varia<br />
de R$ 450,00 a R$ 560,00, é o que ganha<br />
um professor do ensino fundamental no<br />
país. Para você ter uma idéia, é a média,<br />
segundo o censo dourado aplicado pelo<br />
INEP no ano passado.<br />
No caso da quinta e oitava séries e<br />
do ensino médio aumenta um pouco porque<br />
varia de R$ 650,00, não chegando a R$<br />
700,00. Isso é um problema, porque se o<br />
profissional da educação não é remunerado<br />
condignamente, as conseqüências estão<br />
no quadro que leva hoje um professor a<br />
uma exacerbação da jornada de trabalho.<br />
Então, hoje nós temos na rede pública<br />
pelo menos 50% da nossa categoria<br />
trabalhando, em média, 45, 50 horas por<br />
semana. E isso é um problema sério. É muito<br />
comum nós termos professores da rede<br />
municipal duelando com a rede estadual,<br />
ou com a rede municipal. Então, ele trabalha<br />
em média 40 horas. Só para vocês terem<br />
uma idéia, um estudo até suspeito da<br />
Organização Nacional de Saúde recomenda<br />
para todo mundo no máximo 20 horas<br />
em sala de aula. E hoje nós temos, <strong>dos</strong> 2<br />
milhões e 400 mil profissionais da educação<br />
no país, a maioria trabalhando mais<br />
de 40 horas por semana. Se nós queremos<br />
melhorar a qualidade da educação, me<br />
desculpe, não vai se melhorar nunca com<br />
uma jornada dessas. Não haverá projeto<br />
de proteção continuada que dê certo, por<br />
mais propaganda que os administradores<br />
públicos façam, porque exige um salário<br />
digno, exige uma infra-estrutura adequada,<br />
laboratório de informática, biblioteca,<br />
sala que une aluno e professor adequada.<br />
To<strong>dos</strong> os países onde a educação é excelência<br />
têm em média 20 alunos por classe.<br />
Na rede estadual, nós temos em média, na<br />
Gestão & Regionalidade - N o 13 - 2 o Semestre 2005<br />
educação fundamental 35, 40 alunos, no<br />
ensino médio, 45, 50 alunos.<br />
A partir daí, nós temos outro problema,<br />
são as doenças profissionais que<br />
estão se alastrando, coisa que era incomum<br />
há dez, 15 anos atrás, hoje é comum<br />
para os profissionais da educação, cito<br />
alguns exemplos: síndrome do pânico,<br />
depressão, calo na garganta, câncer na<br />
garganta etc. E aí é um problema sério<br />
porque as doenças profissionais, à medida<br />
em que se proliferam, nós temos uma<br />
elevada taxa de licenças, nós temos uma<br />
série de problemas que se multiplicam e,<br />
a partir daí, agravado por um outro problema<br />
que até um tempo atrás era incomum<br />
e hoje é comum: a violência na escola.<br />
Violência na escola é um problema<br />
seríssimo, e vocês vão dizer, mas é só na<br />
rede estadual e municipal. E se a gente<br />
for pegar os da<strong>dos</strong> que ocorrem nas redes<br />
municipais, eu conheço mais ou menos<br />
como Santo André, São Bernardo, nós vamos<br />
observar que a coisa é grave, está se<br />
alastrando e não se soluciona apenas com<br />
aumento da polícia, óbvio que segurança<br />
escolar tem que ter, mas é mínima. Se se<br />
desenvolver uma política econômica que<br />
altere essa realidade do desemprego estrutural,<br />
17% só na Grande São Paulo. Se<br />
não houver uma política econômica que<br />
distribua a renda, que melhore a renda da<br />
população, a escala da violência aumenta,<br />
o consumo de álcool aumenta, o aumento<br />
do uso de drogas aumenta, e vai explodir<br />
onde? Na escola. E aí vêm muitos teóricos<br />
da educação, que fazem uma maquiagem<br />
da realidade e querem que a escola resolva<br />
to<strong>dos</strong> esses problemas, todas essas<br />
mazelas que a sociedade enfrenta hoje e<br />
não vai resolver.<br />
Nessa perspectiva, então, o colega<br />
de São Bernardo diz que o Fundeb<br />
vem para ficar. Ele não vem para ficar,<br />
ele já está com os dias conta<strong>dos</strong>. Não sei<br />
se to<strong>dos</strong> acompanharam a imprensa nos<br />
últimos dias, há uma divergência no governo<br />
Lula em relação ao Fundeb, porque<br />
o Ministério da Fazenda não quer liberar<br />
mais recursos, e parece que há um acordo<br />
agora, e parece que até o fim do segundo<br />
semestre esse projeto será enviado<br />
para o Congresso. E se for enviado para o<br />
Congresso, óbvio, vai ser uma engenharia<br />
negociar esse projeto. Vocês sabem que<br />
o governo federal está com uma dificul-<br />
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