INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS
INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS
INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
eles querem abocanhar a central de serviços<br />
(educação, saúde) e as riquezas, como<br />
a água. Então, as escolas podem. A legislação<br />
é até flexível quanto a isso, só que tem<br />
tudo um interesse público por trás.<br />
Em relação ao que o professor colocou<br />
ao índice de desempenho escolar, eu<br />
não sou muito de decorar números, mas<br />
se vocês pegarem o índice de desemprego<br />
do Saresp ou do Saeb do ano passado, não<br />
sei se vocês acompanharam, há contradições<br />
exatamente nessa linha que o colega<br />
colocou. Qual é? O governo do estado, via<br />
associação, diz: “nossos alunos chegam na<br />
segunda série, mais de 70% conseguem<br />
ler identificar um texto”, lembram disso?<br />
E os da<strong>dos</strong> do Saeb diziam “não, não<br />
é bem assim”. Tanto que a proposta do<br />
MEC e que alguns esta<strong>dos</strong> e municípios já<br />
adotaram porque a proposta LDB prevê a<br />
inclusão <strong>dos</strong> alunos de seis anos de idade<br />
no ensino fundamental. E o discurso<br />
que o MEC fez ano passado foi exatamente<br />
esse. É preciso incluir os alunos de seis<br />
anos no ensino fundamental para combater<br />
o problema do analfabetismo que<br />
está havendo. Porque mais de 80% <strong>dos</strong><br />
alunos que saem da primeira série e vão<br />
para a segunda série da rede pública do<br />
país chegam analfabetos na segunda. Então,<br />
não estamos falando nem da quarta<br />
série e nem da oitava série, onde os índices<br />
também são eleva<strong>dos</strong> quando se trata<br />
de baixa disciplina. Esse é um problema<br />
gravíssimo que eu, infelizmente, o coro<br />
do poder público é que o professor é responsável<br />
por isso. E eu tenho um frisson<br />
quando eu leio qualquer coisa da Sra.Rose<br />
Duprat da Silva. Na Revista Nova Escola de<br />
dezembro, ela declarou exatamente isso:<br />
o professor é desonesto. Só não disse com<br />
essas palavras: ele trabalhou e ganhou e<br />
não cumpriu sua obrigação, de ensinar os<br />
alunos. Exatamente por conta do baixo<br />
desenvolvimento que está havendo, que<br />
está revelando nos testes do Saeb e do<br />
próprio Sadesp.<br />
PrOFa. MarÍLIa<br />
Vou me solidarizar com o professor<br />
César porque essa é uma questão que<br />
realmente tem me preocupado. Entender<br />
um pouco essas políticas, o que elas trazem<br />
no sentido de uma efetiva melhoria<br />
no desempenho escolar, ou não. Então,<br />
eu penso na questão da proteção escolar,<br />
que vem deixar visível alguma coisa que<br />
no princípio não nos preocupava. Quer<br />
dizer, se nós pensarmos no desempenho<br />
escolar das várias gerações que nos antecederam,<br />
nós podemos observar que os<br />
índices de reprovação sempre foram bastante<br />
eleva<strong>dos</strong>. Temos um nível de 40%,<br />
50% de crianças que ficavam retidas e acabavam<br />
por serem expulsas muito antes de<br />
efetivarem o direito que têm de aprender<br />
a ler e a escrever, de se constituir como cidadão.<br />
Então, eu vejo na progressão consumada,<br />
uma crítica que dá visibilidade a<br />
essa questão. Os alunos estão dentro da<br />
escola, talvez isso incomode menos, então,<br />
é importante pensar sobre isso; que<br />
elas estão dentro da escola, não foram expulsas,<br />
só que com desempenhos absolutamente<br />
diferentes, diferencia<strong>dos</strong>. E essa<br />
visibilidade não é oferecida ao conjunto<br />
da sociedade. Nós não sabemos quantas<br />
crianças estão dentro disso.<br />
Na verdade, eu acho que é uma<br />
das questões mais sérias, eu entendo,<br />
que nós temos que enfrentar porque se a<br />
criança entra na escola, ela tem condições<br />
de aprendizado. Nós temos que oferecer<br />
condições para que ela siga aprendendo,<br />
não de uma maneira artificial. E, certamente,<br />
com classes de 40 alunos, com<br />
professores atuando 40 horas semanais,<br />
quando não 60, porque eu conheço vários<br />
professores que fazem seu exercício<br />
no Magistério manhã, tarde e noite para<br />
poderem sobreviver. E nós sabemos o desgaste<br />
que significa o fato de exercemos a<br />
função docente.<br />
Eu entendo a sua preocupação e<br />
não tenho respostas, efetivamente, não<br />
temos respostas, porque a única que eu<br />
poderia dar é que nós temos que continuar<br />
fazendo denúncias, porque, se nós nos<br />
acomodamos, aí a coisa fica pior. Essa questão<br />
é questão séria que é pouco discutida,<br />
pouco ventilada na imprensa, exatamente<br />
pela falta de visibilidade que dá em relação<br />
ao real aprendizado <strong>dos</strong> alunos. Então, os<br />
alunos chegam, o professor vai passando,<br />
vão saindo da escola, há um descongestionamento<br />
do sistema, vão chegando to<strong>dos</strong><br />
na quinta série, depois vão para o ensino<br />
médio, e assim por diante. Agora, com qual<br />
qualidade? Isso, os da<strong>dos</strong> têm mostrado. Se<br />
a gente pegar os da<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> PIS o que eles<br />
vão mostrar? Que o Brasil está lá embaixo,<br />
64 SEMINÁRIO ABERTO