04.06.2013 Views

INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS

INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS

INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“Por reafirmar estereótipos de gênero<br />

– vocação assistencialista das mulheres;<br />

associação entre ‘sexo frágil’<br />

e atendimento aos fragiliza<strong>dos</strong>, esse<br />

tipo de trabalho talvez tenha sido<br />

percebido como um outro campo<br />

estratégico de relações públicas, de<br />

‘suavização’ ou humanização da imagem<br />

da polícia, sem que para tanto<br />

fosse necessário alterar a cultura institucional<br />

hegemônica ou as práticas<br />

tradicionais de policiamento” (Soares<br />

e Musumeci, 2005, p.19).<br />

Diante do quadro exposto, cabe<br />

perguntar que papel as mulheres policiais<br />

realmente vêm desempenhando nestes<br />

últimos anos? Sua presença provocou<br />

mudanças significativas na estrutura da<br />

corporação? As resistências internas vêm<br />

sendo superadas? Que balanço, em suma,<br />

pode-se fazer da participação feminina<br />

nessas instituições?<br />

Nesse sentido, propõe-se nesse artigo<br />

apontar o cotidiano de trabalho das<br />

guardas civis femininas na cidade de Santo<br />

André, identificar as relações de gêneros<br />

entre os guardas e anunciar, mais que concluir<br />

ou solucionar, os problemas existentes<br />

no interior da corporação e que se refletem<br />

nas posições de gestores e sociedade<br />

civil sobre a segurança pública na cidade e<br />

sua descentralização do poder do Estado.<br />

2. a GUarDa CIVIL MUnICIPaL (GCM) e a<br />

QUESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA<br />

A primeira polícia municipal no<br />

Brasil surgiu em 1842, no antigo município<br />

neutro da corte – cidade do Rio de Janeiro<br />

– com a denominação de Corpo das<br />

Guardas Municipais Permanentes. Em São<br />

Paulo, com a finalidade de garantir a segurança<br />

pública, Joaquim Floriano de Toledo,<br />

presidente da Província, criou as guardas<br />

municipais em março de 1866. No século<br />

XX, com o aumento da violência na cidade<br />

de São Paulo, o governo de Carlos de Campos<br />

editou a Lei n o 2.142, de 22 de outubro<br />

de 1926, criando a Guarda Civil nos moldes<br />

da polícia de Londres, uniformizada e hierarquizada,<br />

mas tipicamente civil, voltada<br />

para o patrulhamento das ruas e para o<br />

trato com o público.<br />

Aprovada na capital paulista, passou<br />

a ser padrão para outras cidades bra-<br />

26 ARTIGO<br />

sileiras. Garantida por lei, perdurou até<br />

a década de 1960, sendo posteriormente<br />

extinta pelo Decreto Lei n o 1.072, de 30<br />

de dezembro de 1969, durante o governo<br />

militar. No Estado de São Paulo, a Guarda<br />

Civil foi, então, em 1970, unificada à Força<br />

Pública, dando origem à Polícia Militar do<br />

Estado de São Paulo. Com o fim da ditadura<br />

militar, em 1986, a cidade de São Paulo<br />

criou a Guarda Civil Metropolitana nos moldes<br />

da antiga Guarda Civil (Braga,1999).<br />

De toda forma, as municipalidades<br />

buscaram, por muito tempo, absterem-se<br />

da gestão da segurança pública, atribuindo<br />

esta função aos governos <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong>. No<br />

entanto, o recrudescimento da violência e<br />

da criminalidade no espaço urbano, seja<br />

nas metrópoles ou nas cidades de pequeno<br />

e médio porte, provocou a discussão da<br />

segurança pública na agenda <strong>dos</strong> governos<br />

municipais. Os gestores locais, premi<strong>dos</strong><br />

pelas comunidades, passaram a constituir<br />

e fortalecer as guardas municipais, bem<br />

como reivindicar mudanças constitucionais,<br />

com o objetivo de estender prerrogativas<br />

das polícias do Estado para as guardas <strong>dos</strong><br />

municípios, qual seja, o poder de polícia.<br />

Segundo da<strong>dos</strong> da Fundação Seade<br />

e Assembléia Legislativa de São Paulo<br />

(1999), só o Estado de São Paulo, em 1997,<br />

já possuía 176 municípios com guardas municipais.<br />

A Região Metropolitana de São<br />

Paulo, em 2001, de seus 39 municípios,<br />

23 já tinham guarda municipal, segundo<br />

da<strong>dos</strong> do Fórum Metropolitano de Segurança<br />

Pública, estes, avalia<strong>dos</strong> pelo Plano<br />

Nacional de Segurança Pública (2004), sem<br />

metas, identidade institucional, relacionamentos<br />

sistêmicos com as forças estaduais<br />

da segurança pública e sem uma política<br />

que as constitua como protagonistas da segurança<br />

municipal.<br />

Com limitações constitucionais<br />

para atribuições de polícia preventiva e ostensiva,<br />

em função do inciso 8 o do artigo<br />

144 da Constituição Federal, a prática das<br />

corporações vem demonstrando o contrário:<br />

esta corporação encontra-se na condição<br />

de integrar o sistema de segurança pública,<br />

se aprovada pelo Congresso Nacional<br />

a Emenda Constitucional n o 534/2002, já<br />

aprovada em primeiro turno pelo Senado<br />

Federal.<br />

Nos últimos anos, as cidades brasileiras<br />

vêm aumentando seu contingente civil<br />

de segurança pública. O país conta hoje

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!