INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos ... - USCS
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saiu a declaração de educação para to<strong>dos</strong>,<br />
onde to<strong>dos</strong> os países presentes e as ONG´s<br />
resolveriam to<strong>dos</strong> os problemas socioeconômicos<br />
das políticas públicas, presentes<br />
também lá, se comprometendo a aplicar os<br />
planos decenais, ou seja, uma política adicional<br />
por dez anos.<br />
O Brasil, ao assinar essa declaração,<br />
se comprometeu a fazer isso. Houve<br />
um atraso por conta da crise institucional<br />
que se estabeleceu com o Fernando Collor<br />
de Melo, continuou com o Itamar, e o Itamar,<br />
na verdade, continuou a administração<br />
federal por conta de um acordo de governabilidade,<br />
que ocorreu na época. E não<br />
tinha muita força para aplicar sua política<br />
educacional, ou a da Conferência Mundial<br />
de Educação para to<strong>dos</strong> que é uma outra<br />
política e isso ficou mais ou menos generalizado<br />
no tal pacto de banalização do Magistério<br />
na época.<br />
A partir daí, então, com a ascensão<br />
do Fernando Henrique, do PSDB no poder,<br />
de fato, vai se adaptar a política educacional<br />
que se consubstancia nas diretrizes<br />
aprovadas na declaração do governo de<br />
educação para to<strong>dos</strong>. E qual a principal de<br />
todas? Era descentralizar a política administrativamente<br />
da educação. E como é que<br />
isso vai se materializar? A municipalização<br />
do ensino fundamental, que não ocorreu<br />
só no Brasil. Ocorreu no Chile, na Argentina<br />
e to<strong>dos</strong> os países da América Latina, na<br />
África, e assim por diante.<br />
E essa política vem acompanhada<br />
de outro diagnóstico lá da Conferência<br />
Mundial, de que as nações, entre elas o<br />
Brasil, alocavam muitos recursos para o<br />
ensino superior, então é preciso mudar<br />
essa política. Privilegiar a educação básica,<br />
em vez do ensino fundamental. E a partir<br />
daí, vem a municipalização para o Brasil,<br />
para os vários países do mundo. Mas ela<br />
está subordinada um outro fator, porque<br />
a educação, sempre historicamente, ela<br />
sempre esteve subordinada relativamente<br />
à economia e às grandes transformações<br />
da economia. Então, nós vivemos na década<br />
de 1990, a chamada era da globalização,<br />
e vivemos sob ela ainda. Com a globalização<br />
econômica, vem uma série de medidas,<br />
produto do consenso de 1979 e que<br />
tem uma política clarinha, que é a adoção<br />
do estado, que é a adoção da concepção<br />
de Frederich Heinkmein e do Friedman, de<br />
que o estado tem que se manter neutro<br />
Gestão & Regionalidade - N o 13 - 2 o Semestre 2005<br />
e que a economia deve fluir numa forma<br />
liberal e obedecendo às leis da oferta e<br />
da procura. E, portanto, o estado só pode<br />
ser o suporte, e a partir daí, passa-se a desenvolver<br />
as concepções de que o estado<br />
deve fazer parcerias com a comunidade e<br />
a sociedade com as empresas, para manutenção<br />
e desenvolvimento da educação,<br />
da saúde e <strong>dos</strong> serviços públicos. Então,<br />
nós temos aí aquilo que o velho Covas dizia:<br />
“é uma reengenharia do estado”. O<br />
que foi aplicado no estado de São Paulo<br />
e no Brasil, vinha o suporte da legislação,<br />
LDP, a Emenda 14 e o Fundef foi operacionalizar<br />
a reforma do estado na educação,<br />
reduzindo o tamanho da educação e desresponsabilizava<br />
a União e o estado em<br />
relação às suas funções.<br />
Então, se vocês perguntarem o que<br />
é a municipalização, não é nada mais do<br />
que isso, a transferência da responsabilidade<br />
da educação que deveria ter a União.<br />
Joga a responsabilidade para o município<br />
e aí que está o grande problema. Ao jogar<br />
a responsabilidade, não de uma forma sutil,<br />
mas compulsória via a Emenda 14 e a<br />
Lei 9424, através do Fundef, simplesmente<br />
engessa a política pública <strong>dos</strong> municípios,<br />
embora a LDP tenha loucura de dizer que<br />
possa haver opção de um sistema único.<br />
Mas aí, qual o grande problema? Se produz<br />
essa política para desresponsabilizar,<br />
para reduzir a despeza do estado, e ao fazer<br />
isso, o que nós temos nessa situação,<br />
um quadro onde seis mil municípios, como<br />
já foi dito aqui, seis mil municípios, cuja<br />
maioria, nós estamos falando de mais de<br />
70%, não tem receita própria, depende de<br />
repasse da União para que possa ter vida,<br />
do ponto de vista econômico.<br />
Com isso, então, o Fundef que<br />
vislumbrava até 2007 adotar toda uma<br />
política para municipalizar todo o ensino<br />
fundamental e com todo o operativo contábil,<br />
centralizar, no fundo, os municípios<br />
para ter o recurso de volta, que está retido<br />
lá, os 60% do total de 25 milhões para gastar,<br />
ele simplesmente tem que comprovar<br />
através da fatura. Qual é o grande problema?<br />
O governo arrecadava. Os tucanos<br />
diziam que o problema da educação não é<br />
a falta de recurso, é de gerenciamento de<br />
recursos. E pasmem, que no atual governo<br />
também estão dizendo isso, que o recurso<br />
é volumoso e que se trata de ser bem<br />
administrado. É verdade, quando se trata<br />
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