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ponto de ter estudado Marx para melhor pensar a crise económica,<br />

provavelmente… Tais condutas revestem natureza exemplar, seja na<br />

contestação pública, enquanto oposição - onde força, por exemplo, a<br />

intervenção da Guarda para impor a sua expulsão da assembleia parlamentar -<br />

seja no esforço de superação de preconceitos asfixiantes (traduzido<br />

designadamente no banimento do clericalismo acompanhado do menosprezo<br />

sem distinções, claro, e criticável por isso), seja pela inteira disponibilidade<br />

intelectual para tudo estudar e tudo examinar, bem além do que permitia o<br />

tempo aos homens vulgares. Tal conduta não poderia deixar de marcar a<br />

geração própria e as subsequentes, compreendendo a que viria a alimentar o<br />

Estado Novo.<br />

O Partido Republicano começou por parecer a Antero coisa mortiça. Não há<br />

vestígio disso na vivacidade de Afonso Costa. Depois, Antero disse muito mais<br />

coisas do republicanismo e nem de todas o próprio Afonso Costa poderia ilibálo.<br />

As referências geracionais de pensamento e acção não poderiam deixar de<br />

constituir a primeira trave da reacção à ditadura que, nos homens de educação<br />

mais sólida, a um lado e a outro, se traduziu sempre no enjoo comum diante de<br />

um provincianismo intolerável. A ditadura, se bem os entendo, incomodava-os<br />

a todos e não tanto por ser ditadura (isso já seria bastante) mas por ser,<br />

substancialmente, uma saloiice. Isto assente, cada um virá a acrescentar à<br />

caracterização consensual os matizes da análise e enjoo pessoais.<br />

As objecções – a um lado e a outro, as dos monárquicos e as dos republicanos –<br />

começavam por traduzir a repulsa no plano da estética da conduta: “ (…) o<br />

soldado tem obrigação de ser intrépido no perigo, constante na adversidade,<br />

generoso na vitória. O senhor e os da sua laia são antíteses perfeitas desta<br />

definição, porque são cobardes no perigo, lamurientos e rastejantes na<br />

adversidade, perseguidores e vis na vitória” (carta de Francisco Cunha Leal ao<br />

capitão Caldas de Barros in Memórias, III, pág. 419). Carta escrita no degredo.<br />

Era outra gente… Rolão Preto contará – na época onde Francisco Cunha Leal<br />

entregou ao prelo as suas Memórias - um pequeno episódio clarificador de<br />

todas as diferenças. Na explosiva reacção dos estudantes de Coimbra contra<br />

João Franco, o filho de João Franco estava lá. E completamente de acordo com a<br />

greve académica. Todavia paralisado pelo sentimento de lealdade filial. Os<br />

Colegas entenderam-no. Mas João Franco também e mandou-lhe um telegrama:<br />

“vai com os teus camaradas” (Inquietação, pág. 236). Não ficámos por aqui, de<br />

resto. João Franco chegou a recomendar o voto em Francisco Cunha Leal e<br />

disse-o de viva voz a vagos vultos mendicantes do seu apoio político.<br />

A coisa deve ter sido chocante para os monárquicos (os que contavam, bem<br />

entendido), habituados a combater um Afonso Costa cosmopolita, inteligente,<br />

(embora impiedoso até à imprudência). De repente, olham e está o Botas.<br />

(Credo!). Produto acabado da sacristia do Arcebispo de Mitilene, o Cerejeira, ao<br />

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