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PARANÁ (1920-1930). 2006 - Universidade Federal do Paraná

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violência em si, muito menos as intervenções <strong>do</strong> poder judiciário na violência<br />

cotidiana.<br />

Esses estu<strong>do</strong>s não dão conta, portanto, da análise sobre a instalação da justiça<br />

na região; por vezes, apenas tangencia<strong>do</strong>. Justamente porque, a disputa pela terra<br />

acaba por ofuscar outros fatores e outros elementos na prática da violência na região<br />

e tu<strong>do</strong> que isso possa carregar consigo, <strong>do</strong> cotidiano à revolta diante das “injustiças”<br />

na colônia. De um mo<strong>do</strong> mais geral, a violência, a justiça e o direito sempre<br />

despertaram o interesse <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res, ora pelas fontes (sua quantidade e acesso),<br />

ora pela capacidade de compreensão de uma esfera de ação social que se tornou cada<br />

vez mais cotidiana na contemporaneidade e não nos faltam exemplos e experiências.<br />

Mas então, como realizar um estu<strong>do</strong> sobre a violência no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

por outra perspectiva? E com que instrumentos isso se tornou possível? E que pôde<br />

ser revela<strong>do</strong> através desse olhar?<br />

Partimos <strong>do</strong> princípio de que, se, por um la<strong>do</strong>, a implantação da justiça no<br />

su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> configura-se como parte integrante da estatização e aparelhagem<br />

de um sistema de controle e <strong>do</strong>minação política na região, por outro, ela conviveu<br />

com as dificuldades impostas por uma organização social que se desenvolveu sobre<br />

os pressupostos da violência instrumental; como técnica de regulação das<br />

impunidades frente à fragilidade e inoperância dessa aparelhagem ainda insipiente<br />

que custou para se estabelecer. Assim, um esforço maior por parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> só se<br />

concretizou a partir <strong>do</strong> momento em que a disputa pelas terras da região assumiu<br />

proporções de extrema violência.<br />

Essa relação entre uma aparelhagem judiciária que estava se solidifican<strong>do</strong> e<br />

uma violência que se constituía em uma rede de relações sociais, pôde ser analisada<br />

a partir das considerações de Michel Foucault sobre justiça, direito de punir e poder<br />

e as reflexões de Hannah Arendt sobre a violência e os sentimentos públicos, como<br />

ódio, a raiva e o ressentimento.<br />

Partin<strong>do</strong> das considerações de Foucault sobre o poder, visto não como uma<br />

coisa, mas sim como uma relação de forças, pode-se entender que a relação entre os<br />

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