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PARANÁ (1920-1930). 2006 - Universidade Federal do Paraná

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VIOLÊNCIA, JUSTIÇA E VINGANÇA: ENTRE A CÓLERA E O ÓDIO<br />

57<br />

A justiça é, portanto, retribuição e permuta na<br />

hipótese de um poder mais ou menos igual: é assim<br />

que na origem a vingança pertence ao <strong>do</strong>mínio da<br />

justiça, ela é uma permuta.<br />

Nietzsche. Humano, demasia<strong>do</strong> humano.<br />

Dir-se-á que to<strong>do</strong> saber está liga<strong>do</strong> a formas<br />

essenciais de crueldade.<br />

Michel Foucault, Doença Mental e Psicologia.<br />

Vimos até aqui como a violência no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> se constituiu e se<br />

relacionou com a sociedade que se estabelecia e se formava na região antes da<br />

efetiva atenção concedida por parte <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e da gradual aparelhagem<br />

judiciária na região. As conseqüências de tal relação fizeram com que a sociedade se<br />

organizasse de tal mo<strong>do</strong> que a violência passou a ser uma espécie de ferramenta de<br />

organização e controle <strong>do</strong>s excessos e das irregularidades. A questão que se coloca<br />

era a de que se não havia um órgão repressor, de que mo<strong>do</strong> uma irregularidade era<br />

determinada? A questão é apenas aparente porque os indivíduos dessa sociedade<br />

necessitavam de um mínimo de respeito para que esse grupo social se sustentasse,<br />

caso contrário, uma guerra de to<strong>do</strong>s contra to<strong>do</strong>s seria deflagrada. Desse mo<strong>do</strong> se, a<br />

violência era elemento de transgressão e ao mesmo tempo regulação <strong>do</strong> social, quais<br />

seriam os meios analíticos de se empreender um estu<strong>do</strong> sobre a violência na região?<br />

Sabe-se que em se tratan<strong>do</strong> de conhecimento histórico, qualquer definição<br />

não é capaz de esgotar um conceito. “Revolução” e “agitação”, no fun<strong>do</strong>, os<br />

historia<strong>do</strong>res sabem que a dimensão e especificidade de tais conflitos os tornam<br />

diferentes, mas qualquer tentativa de definição “fechada”, específica seria perigosa.<br />

Em outras palavras, o “conceito não tem limites determina<strong>do</strong>s” 108 . Porém, o maior<br />

problema reside no fato de que “um conceito histórico permite, por exemplo,<br />

108 VEYNE, Paul. Como se escreve a História/ Foucault revoluciona a história. 4.ed. Brasília:<br />

Editora <strong>Universidade</strong> de Brasília, 1998. p.106.

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