PARANÁ (1920-1930). 2006 - Universidade Federal do Paraná

do Estado com a sociedade. Outras tecnologias políticas que não os esquemas
estanques da realidade que observam o Estado como opressor da sociedade, dotados
de um poder uniforme e unidirecionado, monolítico mesmo, não é capaz de
satisfazer os contornos mais sutis do forjamento de uma identidade. Justamente
porque, “no interior do Estado (e aí se incluem o poder Legislativo e o Judiciário)
diversas forças e interesses estão representados” e por outro lado,
as instituições que configuram os aparelhos de Estado são interpeladas continuamente pela
sociedade civil, por meio de instituições como a Imprensa, as organizações sociais
(sindicatos, partidos, associações de interesse as mais diversificadas, Igreja e outros), sem
contar os movimentos sociais espontâneos são institucionalizados, que também realizam
pressão contra esta ou aquela deliberação de ordem política 44 .
Para além, de um Estado enquanto centro de emissão de poder, o que se
evidenciam são as relações sociais pelas quais as ações dos homens se efetivam. A
membrana é extremamente delicada, ela perpassa o corpo social e a transpõe,
constituem linhas de força, dobras, linhas de fuga que se encontram sob variados
formatos, na sutileza jornalística diária e aparentemente inocente, na implantação de
um pensamento, e no posicionamento local frente à ressonância da violência, da
criminalidade e do banditismo. Mas, esse senso de justiça também vai ao cinema e é
o mesmo distinto senhor que planeja a arquitetura das ruas e das praças. É um fazer-
se e afirmar-se contínuo sob diversos aspectos formulada e muitas vezes
inconsciente, um decalque, praticado, tecnicamente processado, e que contribui para
a afirmação de si.
Ao mesmo tempo em que essas ações são efetivadas em sociedade muitas
delas não são planejadas miraculosamente e maquiavelicamente em nome de um
destino, embora algumas delas assim o queiram. No entanto, a formação de uma
identidade perpassa essas instâncias de ação: ações motivadas pela sua finalidade,
44 BREPOHL DE MAGALHÃES, Marion. Paraná: política e Governo. Curitiba: SEED, 2001.
p.12-13.
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