PARANÁ (1920-1930). 2006 - Universidade Federal do Paraná
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arma<strong>do</strong>s e bem arma<strong>do</strong>s. Não respeitaram o padroeiro, e enfrentaram o pistoleiro<br />
Guarapuava 40 .<br />
Esse acontecimento demonstra a quebra dessa “lei” não escrita, não dita e não<br />
imposta da forma como nosso senso orienta. Mas, para além da justificação <strong>do</strong><br />
rompimento dessa ordem, outros motivos podiam orientar essa violência de reação.<br />
A quebra <strong>do</strong> consenso podia perfeitamente - embora pareça que a sua violação não<br />
fosse constante – obedecer a motivos particulares e até mesmo sórdi<strong>do</strong>s. O abuso de<br />
poder por parte de pistoleiros como os famosos Augusto Cella e Raul Teixeira<br />
(ladrões de cavalo), destoavam da ordem social, porque eles pertencem a um estrato<br />
social da população ativo na colonização <strong>do</strong> su<strong>do</strong>este e na sua formação<br />
demográfica: os bandi<strong>do</strong>s e foragi<strong>do</strong>s da justiça. Até, pelo menos, 1950,<br />
encontramos casos da ação desses homens que para<strong>do</strong>xalmente contribuíram para o<br />
estabelecimento <strong>do</strong> respeito mútuo entre os “homens de bem” de Villa Nova e<br />
legitimaram a violência enquanto mecanismo de defesa e de controle de uma ordem<br />
manifesta e necessária à sobrevivência <strong>do</strong> grupo. E não apenas isso. Contribuíram<br />
também para o crescimento de uma vontade de justiça que serviu para a legitimação<br />
da aceitação da instalação da aparelharem repressiva na região. Capangas, ladrões,<br />
bandi<strong>do</strong>s, foragi<strong>do</strong>s da lei, caboclos, explora<strong>do</strong>res versus uma aparelhagem jurídico-<br />
policial por se fazer; ainda frágil e com sérios problemas estruturais coexistiram<br />
desde os primeiros tempos fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> su<strong>do</strong>este uma espécie de “far-west” caboclo<br />
no interior de um <strong>Paraná</strong> pujante, alçan<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s anos 50 maior visibilidade<br />
nacional, principalmente através <strong>do</strong> café e que guardava em si mesmo as<br />
contradições de tal projeto moderniza<strong>do</strong>r.<br />
Neste senti<strong>do</strong> valeria ressaltar ainda uma palavra sobre a ocupação <strong>do</strong><br />
su<strong>do</strong>este e sua formação demográfica. Essa ocupação é tida como uma “ocupação<br />
extensiva da terra, que se caracterizava por uma ‘economia cabocla’, voltada<br />
40 BOCCHESE, Néri França Fornari. Op. cit., p.120.<br />
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