PARANÁ (1920-1930). 2006 - Universidade Federal do Paraná
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Diretor, o engenheiro, Funcionários da administração, o comerciante, o<br />
farmacêutico, o industrial. Poderemos visualizá-los (talvez não exatamente os<br />
mesmos) na criação <strong>do</strong> Distrito Administrativo em 1947. Estes serão encontra<strong>do</strong>s<br />
certamente na Instalação da Paróquia São Pedro Apóstolo em 1948, e em outros<br />
momentos. Mas, ela é de certo mo<strong>do</strong> artificial e contrasta com a diferença não<br />
negligenciada por Victor S. Biasuz segun<strong>do</strong> a qual, “vivemos o meio ambiente em<br />
fase de transição entre o pioneirismo migratório e a primeira geração castiça”.<br />
Geração castiça, de raça e de boa qualidade. Caberia então, questionar até que ponto<br />
essa afirmação/construção de si não destoa da fragilidade da colonização e das<br />
dificuldades na implementação <strong>do</strong> aparelho judiciário? Justamente porque há uma<br />
ruptura, uma mudança mesma na mentalidade e nas práticas da população em<br />
relação aos criminosos e a criminalidade no su<strong>do</strong>este antes de 1940. Neste senti<strong>do</strong>, é<br />
inegável que “os bandi<strong>do</strong>s conheci<strong>do</strong>s pela população eram respeita<strong>do</strong>s e ajuda<strong>do</strong>s<br />
por ela, com troca de cavalos, pernoite nos paióis, alimentação, montarias aos<br />
comparsas. Havia também um respeito <strong>do</strong>s próprios delinqüentes, com os protegi<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> outro salafrário” 50 . Pode-se entender que tal atitude é compreensível se observada<br />
à luz mesma daquele consenso e respeito mútuo de to<strong>do</strong>s para com to<strong>do</strong>s que<br />
pairava e objetivava a continuidade da ordem contratual frente à fragilidade<br />
eminente <strong>do</strong> embrionário aparelho judiciário-policial. Encontramos na emancipação<br />
da Vila e o nascimento da cidade de Pato Branco um <strong>do</strong>cumento emblemático <strong>do</strong><br />
tamanho <strong>do</strong> esforço político e da necessidade se constituir uma nova ordem de um<br />
poder que encontra dificuldades de impor sua normalização, sua disciplinarização da<br />
população em “novos” termos. Agora o poder busca sua instrumentalização, toma<br />
corpo e visibilidade, interfere na vida cotidiana, regulariza ações e distribui no<br />
espaço-tempo a sua <strong>do</strong>minação. De certo mo<strong>do</strong>, o Código de Posturas <strong>do</strong> Município<br />
de Pato Branco (cria<strong>do</strong> pela Lei nº 05/53, de 1º de fevereiro de 1953), possui esse<br />
caráter de “verdadeiro catecismo cívico para os integrantes de uma sociedade<br />
emergente, destinada pelas circunstâncias a imprimir á vida autônoma de Pato<br />
50 BOCCHESE, Néri França Fornari. Op. cit., p.169.<br />
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