PARANÁ (1920-1930). 2006 - Universidade Federal do Paraná
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asicamente para a exploração da erva-mate, madeira e criação de suínos 41 ”. Para se<br />
ter noção <strong>do</strong> contexto de constituição da população no su<strong>do</strong>este tem-se que:<br />
De 1900 a <strong>1920</strong>, a população <strong>do</strong> su<strong>do</strong>este passou de 3.000 habitantes para 6.000. A<br />
procedência desse aumento populacional assim pode ser resumida: a – peões e agrega<strong>do</strong>s<br />
das fazendas de Palmas e Clevelândia que à procura de espaço para sobreviver,<br />
embrenharam-se para o oeste; b – peões agrega<strong>do</strong>s á agricultores da região de Guarapuava e<br />
Campos Gerais paranaenses à procura de terras para subsistência; c – foragi<strong>do</strong>s da justiça<br />
<strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, Sta. Catarina, Rio Grande <strong>do</strong> Sul e Corrientes, que transformaram o su<strong>do</strong>este em<br />
verdadeiro couto de foragi<strong>do</strong>s da lei; d – posseiros refugia<strong>do</strong>s da região <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>,<br />
expulsos das terras da Brazil Railway Co.; e – argentinos e paraguaios que penetravam na<br />
região à procura de erva mate; f – crescimento vegetativo da região 42 .<br />
Mas não nos apressemos. A violência no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> é, por vezes,<br />
observada pela importância que assumiu através desses acontecimentos (Revolta de<br />
1957, Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> etc.), pelo prisma da luta pela terra, pela disputa<br />
territorial intrínseca a ocupação da terra e a sua colonização. Mais um detalhe<br />
importante, por vezes somente menciona<strong>do</strong> constitui aos nossos olhos uma outra<br />
camada, uma outra territorialidade de poder e de organização social pouco estimada.<br />
Falo de uma camada muito mais cotidiana, de extrema dificuldade de pesquisa, no<br />
entanto, capaz de desvelar um olhar outro sobre relações entres os homens dessa<br />
região, capaz de desvelar uma outra face aos nossos olhos sombria, da violência no<br />
su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> em seus “primeiros” tempos. Uma violência aparentemente<br />
justificável e praticada em nome da ordem, uma “outra” violência. Uma violência<br />
<strong>do</strong>s homens sobre a vida e a morte.<br />
41 GOMES, Iria Zanoni. 1957: a revolta <strong>do</strong>s posseiros. 2.ed. Curitiba: Criar edições, 1987. p.15.<br />
42 WACHOWICZ, Ruy Christovam. <strong>Paraná</strong>, su<strong>do</strong>este: ocupação e colonização. 2.ed. Curitiba:<br />
Editora Vicentina, 1987. p.58.<br />
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