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PARANÁ (1920-1930). 2006 - Universidade Federal do Paraná

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terras su<strong>do</strong>estinas encontrou barreiras sólidas no caos administrativo resultante tanto<br />

<strong>do</strong> conflito de interesses entre a União, o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e as companhias<br />

coloniza<strong>do</strong>ras, como da morosidade e inércia <strong>do</strong> aparelho judiciário” 26 ?. O resulta<strong>do</strong><br />

dessa dicotomia entre duas configurações sociais de uma mesma realidade: milhares<br />

de colonos foram mortos.<br />

Se, por um la<strong>do</strong> a Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> marca em si mesma a luta <strong>do</strong>s<br />

caboclos 27 para que se sustentasse um mun<strong>do</strong> conflitante com uma modernidade<br />

imposta. A repressão é violenta e o massacre instrumentaliza<strong>do</strong> em nome dessa<br />

modernidade, dessa vontade de progresso. A sociedade cabocla agoniza sob a égide<br />

desse destino manifesto. Por outro, o Levante de 1957 possui em torno de si uma<br />

complexidade e uma cartografia própria e específica. Incentivou-se a povoação da<br />

região de muitas formas, divulgan<strong>do</strong>-se a facilidade de se conseguir terras, a<br />

qualidade dessas terras etc. Motivadas muitas levas populacionais migram de Santa<br />

Catarina e <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul se instalan<strong>do</strong> no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Os caboclos<br />

vendiam a terra que:<br />

comparadas com as <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, eram quase de graça, férteis, sem pedras, quase<br />

plainas. O único problema, para os primeiros mora<strong>do</strong>res, era a quantidade de pinheiros<br />

existente, pois queriam trabalhar na agricultura. Por uma bagatela conseguia-se enormes<br />

áreas de terra, fáceis de cultivar, cobertas de pinheiro e de mata de lei, que lá no Rio Grande<br />

tinham um valor comercial. No Paranaã estão dan<strong>do</strong> a terra de graça. Só com a madeira dá<br />

pra pagar e sobra! De boca em boca se alastrava a noticia 28 .<br />

Ten<strong>do</strong> em vista essas práticas, e consideran<strong>do</strong>-as válidas, é compreensível<br />

que a atração e o interesse pelo su<strong>do</strong>este tenham motiva<strong>do</strong> uma migração<br />

extremamente importante para a constituição étnica da população da região. Das<br />

primeiras famílias ali instaladas que se tem conhecimento sabe-se que a família de<br />

Felisbello José Antonio teria chega<strong>do</strong> em 1903 vin<strong>do</strong> de Passo Fun<strong>do</strong>-RS, João<br />

Ribeiro Damasceno, fazendeiro e cria<strong>do</strong>r de ga<strong>do</strong> vin<strong>do</strong> de Clevelândia chega a<br />

26 COLNAGHI, Maria Cristina. Op.cit., p.8.<br />

27 Designação regional para posseiros e trabalha<strong>do</strong>res pobres. Mestiço de branco com índio.<br />

28 BOCCHESE, Néri França Fornari. Pato Branco: sua história, sua gente. Pato Branco: Imprepel,<br />

2004. p.58.<br />

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