Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa ...
Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa ...
Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
23 O Churrasco com a Família <strong>de</strong><br />
Imigrantes<br />
O almoço era na casa <strong>de</strong> uma das famílias pioneiras <strong>de</strong> Lucas. Wal<strong>de</strong>mar<br />
Vua<strong>de</strong>n e Laurena Vua<strong>de</strong>n, que foram para a região com outros colonos ainda<br />
na década <strong>de</strong> 80, ocuparam um lote num dos assentamentos promovidos pelo<br />
regime militar. Hoje ainda são proprietários <strong>de</strong> uma fazenda no município,<br />
mas sua proprieda<strong>de</strong> está ameaçada <strong>de</strong> ser tomada pelo banco, <strong>de</strong>vido a uma<br />
operação <strong>de</strong> crédito tomada pelo filho, que para construir um armazém e comprar<br />
um sistema <strong>de</strong> irrigação para sua terra, <strong>de</strong>u como garantia a proprieda<strong>de</strong><br />
dos pais. Laurena conversou comigo, contou sua história e a luta para conquistarem<br />
o que possuem hoje. <strong>Um</strong>a casa confortável na cida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> saboreávamos<br />
um <strong>de</strong>licioso churrasco <strong>de</strong> costela preparado por Wal<strong>de</strong>mar à maneira<br />
tradicional da família. Laurena falou da dívida contraída pelo filho dois anos<br />
antes, quando a saca <strong>de</strong> soja ainda valia R$ 45. Ela me perguntou sobre quais<br />
seriam os riscos reais <strong>de</strong> o banco vir a tomar o que possuíam. Disse-lhe que<br />
não tinha muita informação sobre o assunto, mas que <strong>de</strong>viam buscar ajuda<br />
<strong>de</strong> um advogado que fosse <strong>de</strong> sua inteira confiança. Tentei tranqüilizá-la em<br />
relação à casa da cida<strong>de</strong>, pois, pelo que havia me passado, ela não fazia parte<br />
da garantia do empréstimo. Saboriei a cuca que nossa anfitriã acaba <strong>de</strong> tirar do<br />
forno e <strong>de</strong>itei na re<strong>de</strong> atravessada na varanda. Adormeci enquanto escutava as<br />
histórias regadas a chimarrão na roda <strong>de</strong> conversa com o pessoal do sindicato<br />
que nos acompanhava. Depois <strong>de</strong> alguns minutos acor<strong>de</strong>i assustado, com Nilffo<br />
me chamando para visitarmos um dos maiores fazen<strong>de</strong>iros da região, que<br />
se dispusera a nos receber.<br />
Chegamos à casa do fazen<strong>de</strong>iro na cida<strong>de</strong> em poucos minutos. <strong>Um</strong>a<br />
bela moradia que se estendia por um terreno imenso. Procuramos por uma<br />
campainha e nada. Batemos palma e aguardamos, só os cachorros raivosos<br />
nos receberam por trás das gra<strong>de</strong>s. Na garagem, vários carros dispostos lado<br />
a lado. Parecia que faziam uma confraternização. Ouvimos barulho <strong>de</strong> pesso-<br />
117